Após alguns dias de diligências, a Polícia Judiciária localizou Raul Schmidt no Sabugal. Extradição deverá agora ter início, uma vez que a decisão já não é passível de recurso. Defesa tem dito que é ilegal extraditar um cidadão português
O arguido da Lava Jato que foi detido em Lisboa em 2016 já foi localizado após a Justiça ter perdido o seu paradeiro durante vários dias. Tal como o semanário SOL noticiou em exclusivo no final do mês passado, Raul Schmidt, que entretanto estava obrigado a apresentações periódicas, ausentou-se da sua residência quando foi confirmada pelos tribunais portugueses a sua extradição para o Brasil para ser julgado pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e organização criminosa.
O SOL sabe que o suspeito das autoridades brasileiras já não estaria em Lisboa, encontrando-se junto ao Sabugal, a mais de 250 quilómetros de distância da sua residência habitual.
Schmidt – que durante o processo de extradição conseguiu nacionalidade portuguesa de origem, ao abrigo da nova lei – não respeitou nesta fase final as medidas de coação que lhe foram impostas e ausentou-se sem autorização.
Nacionalidade era último trunfo da defesa
Em janeiro, o SOL revelou que Raul Schmidt entregou documentação comprovativa da sua nacionalidade de origem no Tribunal da Relação de Lisboa e no Ministério da Justiça. No primeiro caso para tentar travar na Justiça a extradição, no segundo com o intuito de que a ministra Francisca Van Dunem voltasse atrás com a primeira etapa da extradição (em qualquer processo de extradição, existe uma fase administrativa que precede a fase judicial).
Após todas as recusas e já com a decisão de extradição transitada em julgado, algumas fontes ligadas a este processo explicaram ao SOL que a Polícia Judiciária não encontrou Raul Schmidt em casa e foi obrigada a fazer diversas diligências com vista a localizar o suspeito.
O SOL sabe que nunca foi descartada a hipótese de emissão de um mandado de detenção europeu por parte de Lisboa.
Ministra manteve entendimento de que extradição é admissível
Contactado na última semana, o Ministério da Justiça disse ter conhecimento do trânsito em julgado, revelando que ainda antes disso a ministra Francisca Van Dunem já tinha decidido não reabrir a fase administrativa uma vez que o caso já estava na Justiça e era nos tribunais que se deveria analisar se a cidadania de origem era um fator que impossibilitava a extradição: “A ministra da Justiça já tinha decidido antes de o caso transitar em julgado não reapreciar, uma vez que a fase administrativa estava já encerrada”.
Pedro Delille, advogado de Raul Schmidt, negou desde o primeiro dia à imprensa ter conhecimento de que o caso tenha transitado em julgado, garantindo que nem isso poderia ter acontecido dado ser impossível a extradição de um português de origem. Garantiu também que o seu cliente se encontrava no país, nunca se tendo ausentado da sua residência, e que cumpriu as medidas de coação a que estava sujeito.
Fonte: SOL
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