sexta-feira, 11 de maio de 2018

Amarante: Mulher com Alzheimer sobrevive oito dias no mato sem comida

Maria Adelaide Pinheiro, 78 anos, sofre de Alzheimer e esteve desaparecida oito dias. Foi encontrada com vida, na quarta-feira, num monte, em Brocas, Baião, a acerca de dez quilómetros de Carvalho de Rei, Amarante, onde vive com um filho.
Levada para o Hospital de Amarante com sinais de desidratação, a mulher teve alta esta quinta-feira, ao final da manhã. Ao início da tarde, o JN foi encontrá-la sentada à porta de casa, sorridente, na companhia de duas netas.
Durante uma semana, a D. Adelaide, como é tratada em Carvalho de Rei, terá caminhado por entre mato e floresta. Se comeu alguma coisa foi o que a natureza lhe deu, sendo certo que, nesta altura do ano, "não há fruta, nem castanhas", faz notar a neta, Carina Pinheiro. O filho, Nuno Pinheiro, admite que o instinto de sobrevivência tenha levado a mãe a alimentar-se de folhas das silvas e água dos regatos. "Na zona não há outra coisa comestível. Só há giestas, mato, pinheiro e silvas. Por exclusão de partes, não vejo outra possibilidade de alimento que não tenha sido as silvas", admitiu ao JN.
Segundo o percurso reconstituído pela família, Adelaide saiu de Carvalho de Rei em direção ao Marco de Canaveses pela Serra da Aboboreira, aproveitando uma curta ausência do filho. Chegada junto às eólicas de S. João da Folhada, terá convergido para Baião, onde foi encontrada no meio do mato, no lugar de Brocas, sentada no chão, descalça, sem o chapéu que usava à data do desaparecimento e sem a prótese dentária, que ainda não foi encontrada.
O filho explicou ao JN que, apesar da doença, a mãe tem momentos de lucidez. Porém, sobre o sucedido "não fala, nem é clinicamente recomendável". "Ainda assim, houve quem atrevidamente lhe tivesse feito perguntas, ela limitou-se a chorar", conta.
Fisicamente, a mulher parece estar de boa saúde: tem um hematoma na cara e alguns arranhões nas pernas e braços já cicatrizados. Na zona das nádegas, a pele está queimada, o que faz crer que tenha passado várias horas sentada no chão.
JN
Foto: DR

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