sexta-feira, 11 de maio de 2018

Para Angola acabou o "irritante". E para Portugal?

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 

Viva! É sexta-feira e estas
são as notícias desta madrugada:

O último teste nuclear de Pyongyang fez mover uma montanha. Imagens de radar mostram que uma montanha na Coreia do Norte foi elevada dois metros devido ao teste nuclear que o regime realizou, a 3 de Setembro de 2017. Os resultados do estudo vão ser publicados na revista Science.
Merkel avisou que a Europa já não pode confiar nos EUA. "Há conflitos à porta da Europa. E o tempo em que podíamos confiar na América acabou-se", disse a chanceler alemã, aumentando o tom das críticas a Trump após a saída do acordo nuclear iraniano, anota o El Pais.
Liga e Cinco Estrelas adiam acordo de governo. Mas desta vez Matteo Salvini e Luigi Di Maio estão obrigados a entenderem-se, sob pena de pagarem um alto preço em eleições antecipadas. A análise é do Jorge Almeida Fernandes.
Puigdemont designou Quim Torra para liderar a Catalunha. O objectivo é o de ultrapassar o impasse que dura há meio ano, mas a solução é transitória, avisou o líder reeleito da Generalitat
A Eurovisão deu uma lição à China, rescindindo com um canal que censurou duas músicas, uma das quais por versar a homossexualidade. Ah! E ainda faltava dizer-lhe isto: o cowboy holandês, o viking dinamarquês e o jogo de portas da Moldávia estão na final.

O que marca o dia

O caso Manuel Vicente vai para Angola. Fê-lo sem garantia de que exista julgamento, sem garantia de que não venha depois uma amnistia. O acórdão tem críticas implícitas aos os juízes e procuradores que queriam manter todo o caso sob a alçada das autoridades portuguesas. E tem como base a aceitação de que Angola é um "Estado baseado na dignidade da pessoa humana" - o que, no mínimo, tem sido contestado por vários países e organizações internacionais. A Ana Henriques leu tudo e reviu os argumentos. E ainda nos deixou um P&R com este mote: é fim de linha para o processo Manuel Vicente?
Entretanto, em Luanda celebra-se uma "vitória" política. Diz o Jornal de Angola“Finalmente, agora, a Justiça portuguesa deu-lhe razão [a João Lourenço].” E um ministro angolano acrescenta que "acabou a politização da Justiça portuguesa" (via TSF). Por cá, Marcelo e Costa ficaram também felizes, com o "fim do irritante" e Santos Silva disse ao Expresso que é tempo de Costa ir a Luanda.
Quanto a mim, assumo isto no Editorial: "Acabou-se 'o irritante' para Angola, sem dúvida. Para nós não". Aceitando a Justiça, podemos rir-nos dela? 
Mas há outras notícias a marcar o dia:
A acusação das PPP pode ficar-se pela gestão danosa, conta a Mariana Oliveira. Mas apanhando dois membros do Governo de Sócrates. O PSD, por seu lado, quer investigar mais.
Silva Pereira disse que "não faz sentido discutir se o PS foi instrumento de corruptos e criminosos". E que o tema não devia ir ao congresso do partido (mas não vai ser fácil).
O ex-director do Expresso revelou que o gabinete de Sócrates lhe passou emails do PÚBLICO sobre o caso das escutas a Belém (lembra-se?).
Num protesto raro, os diplomatas criticaram Marcelo (por causa de um elogio a Salvador Sobral).
Mas há mais: o movimento Queer vai fazer uma manif contra o veto do Presidente à lei da mudança de sexo. E a esquerda parece disposta a "contornar" o veto com testemunhas em vez de atestado médico.
Por proposta do Bloco, o Fisco vai receber dados sobre contas bancárias já em 2019(e referentes a 2018). Mas só os saldos.
Centeno votou vencido, mas os beneficiários aprovaram novas entradas na ADSE.

Ler mais devagar, sff

1. Israel e Irão dão uma amostra do que seria a guerra que todos temem. Os ataques iranianos e contra-ataques israelitas nos Montes Golã seguem-se à ruptura do acordo nuclear pelos EUA e mostram, como explica a Clara Barata, que a guerra na Síria é o próximo palco de confronto regional. É por isto, também, que Álvaro Vasconcelos escreve hoje no PÚBLICO um artigo que é um desafio: "Nunca, desde a guerra do Iraque, foi tão importante a união da Europa, incluindo o Reino Unido"Pelo terror da guerra.
2. Rushdie sobre a América, na capa do ípsilon. No seu primeiro romance  enquanto cidadão americano, A Casa Golden, Salman Rushdie escreveu sobre o aqui e o agora do país onde escolheu viver em 1999. Hoje, poucos meses depois do lançamento do livro, a Isabel Lucas esteve com ele em Nova Iorque, onde diz estar para se reinventar - mas de onde observa o "estertor" de um país. A conversa começa por aqui: “Escrever sobre o presente é como caminhar à beira do precipício: podemos cair”.
3. O regresso de Scorsese ao local do crime e aos seus malfeitores. A Quinzena dos Realizadores homenageou o autor de um dos filmes que marcaram para sempre a secção quando programou Mean Streets em 1974 – e o cinema contemporâneo como o conhecemos deve algo a essa sessão. Fê-lo regressar ao local do crime, rodeado no palco por outros cineastas. O Vasco Câmara está lá, em Cannes, e ouviu deliciado uma conversa que partiu com uma pergunta"O mundo é um lugar perigoso, cheio de gente má e de algumas boas pessoas – ou as duas coisas num mesmo indivíduo. Como é que se tem uma vida moral num mundo que não o é?” 
4. A Eurovisão como jogo político, em directo e na TV. Numa Europa de várias sensibilidades, a única forma de chegar a todos sem gerar problemas é garantindo (ou pelo menos tentando) que o concurso fica à parte das mensagens políticas e comerciais, seja nas canções ou fora delas. Mas fugir ao regulamento pode dar a um artista ou a um país a capacidade de passar uma mensagem para um universo de mais de 200 milhões de espectadores. A história do concurso mostra que houve vários participantes a afrontar as regras - com mais ou menos sucesso. Será a música mais forte do que a política? - pergunta o Ruben Martins.

Hoje na agenda 

Por cá, o Parlamento vota o inquérito às "rendas excessivas" pagas aos produtores de eletricidade, um ponto de partida para o caso Manuel Pinho. 
Lá por fora, há eleições no Iraque; uma ronda negocial para eleger o novo presidente da Catalunha. E um discurso de Trump que promete uma solução milagrosa para baixar o preço dos medicamentos na América.   
Um dia bom para si, produtivo e feliz!
Até amanhã!

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