O Ministério Público (MP) pediu hoje uma pena de 25 anos de prisão para um jovem acusado de matar com 14 tiros um homem à porta de uma discoteca de Coimbra, em 2017.
Na sessão de alegações finais do julgamento, no Tribunal de Coimbra, a magistrada do MP defendeu como adequada a pena máxima para o arguido, atualmente com 22 anos, mas o advogado deste considerou que tal punição “é exagerada”.
“O senhor quis matar” Ismael Soares, disse, frisando que o atirador quis também “ofender corporalmente” a namorada da vítima mortal do incidente, Élida, antiga dirigente da Associação de Estudantes Cabo-Verdianos da Universidade de Coimbra.
A procuradora salientou que o principal arguido do processo revelou “uma personalidade agressiva” e intenção de “causar sofrimento” ao falecido e sua companheira.
“A magnitude das consequências dos seus atos é muito grave”, sublinhou.
A representante do Ministério Público sugeriu uma pena de cinco anos de prisão para a namorada do homicida, alegadamente cúmplice dos crimes e que tinha na sua posse uma soqueira, arma proibida com que agrediu a gerente do estabelecimento de diversão noturna.
Para os outros dois arguidos, acusados de terem contribuído para a prática dos crimes, o MP defendeu a condenação a diversas penas de cadeia.
Nas alegações, o defensor do homicida, João Palmeirão, que também representou o padrasto deste, por impossibilidade do seu advogado estar presente, disse que a pena máxima preconizada pelo MP para o arguido principal “é exagerada”.
“Tenho a certeza que ele está arrependido”, reafirmou João Palmeirão aos jornalistas no final da audiência.
Na sua opinião, “toda a acusação” foi concebida pela Polícia Judiciária “com base em três depoimentos diferentes” e contraditórios prestados pela testemunha que conduziu a viatura de onde o acusado terá disparado, que no dia 24 de abril falou ao tribunal através de videoconferência a partir do Brasil, tendo no essencial confirmado os factos da acusação.
“Só alguém com estatuto especial para poder passar de arguido a testemunha”, criticou o causídico João Palmeirão, defendendo que o amigo do homicida também deveria “estar sentado no banco dos réus”.
Acusado de ter assassinado e ter abatido a vítima com 14 tiros, à porta da discoteca Avenue Club, em Coimbra, na manhã de 08 de janeiro de 2017, o principal arguido mostrou-se arrependido dos crimes.
“Sei que vou pagar pelos meus erros e tenho de pagar”, disse.
Para mostrar arrependimento, “não preciso de estar aqui chorando, fazendo palhaçada”, afirmou no final, instado pela presidente do coletivo de juízes.
O presumível homicida foi detido, na Galiza, pela Polícia Nacional de Espanha, para onde tinha fugido, 17 dias depois dos crimes.
A polícia de Espanha agiu com apoio da congénere portuguesa e em “cumprimento de um mandado de detenção europeu”, emitido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra, informou na altura a Polícia Judiciária em comunicado.
Elementos da Diretoria do Centro da PJ deslocaram-se ao país vizinho no âmbito dessa colaboração.
Cidadão de nacionalidade brasileira, então com 21 anos, o fugitivo foi detido na cidade de Vigo, no dia 25 de janeiro de 2017.
Fonte: MadreMedia/Lusa
Nenhum comentário:
Postar um comentário