sexta-feira, 4 de maio de 2018

Sócrates sai. PS entre a discussão do futuro e fantasma do passado

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Viva, bom dia!
Eis as notícias desta madrugada:

A Academia Sueca não vai dar o Nobel da Literatura este anoA decisão surge depois de acusações de assédio sexual e fugas de informação contra o marido de uma escritora que até há pouco integrava a Academia Sueca.
O ex-líder da Volkswagen foi acusado de conspiração e fraude. As autoridades americanas deram Martin Winterkorn por culpado, por violação da "Clean Air Act" – uma lei feita para controlar os níveis de poluição atmosférica. Arrisca agora cinco anos de prisão.
Nicolas Maduro mandou prender 11 banqueiros, responsabilizando-os pela desvalorização da moeda venezuelana. E nacionalizou por 90 dias o principal banco privado a operar no país, noticia a Reuters.
O Twitter aconselhou-nos a mudar a palavra-passe, depois de ter descoberto um erro interno na encriptação das passwords dos utilizadores. O conselho é uma "precaução", diz a rede social.
Atlético e Marselha seguiram para a final da Liga Europa. No relato do Marco Vaza, houve um herói português em Salzburgo e uma resistência tranquila em Madrid.

A marcar o dia

José Sócrates abandonou o PS. Na carta enviada para o Largo do Rato, hoje divulgada no JN, o ex-primeiro-ministro diz que o faz para acabar com “embaraço mútuo” - e responsabiliza directamente a direcção de António Costa por uma "condenação sem julgamento" que "ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político".
Ontem, Costa falou e foi para deixar cair Sócrates. A frase do actual líder era a que faltava numa semana cheia de críticas internas a Pinho e o ex-PM. O Luciano Alvarez tenta aqui explicar como o PS mudou de estratégia (quando o PSD promete não largar o caso Pinho, que o MP quer ter mais um ano para investigar, segundo o Jornal Económico). Agora, é esperar para ver as consequências: hoje, no PÚBLICO, Manuel Alegre já avisa que o PS abriu "caixa de Pandora" e vai ter de discutir Sócrates no congresso.
Pelo meio, Pedro Nuno Santos assume uma divisão no PS, mas ideológica: depois de Augusto Santos Silva ter escrito um artigo no PÚBLICO dizendo que o partido devia manter-se "radicalmente ao centro", o actual secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares escreve um ensaio explicando por que é que o PS tem que manter-se à esquerda - e declarando a morte da "terceira via". Atenção ao debate, porque é o regresso em força do debate ideológico ao PS. E porque também é sobre as alianças pós-legislativas (tema que Costa ignora na sua moção de estratégia) e sobre quem será o próximo líder, na era pós-António Costa.
Como diz a Helena Pereira no Editorial de hoje (bem-vinda, Helena, de volta ao PÚBLICO), o congresso do fim do mês vai ser isto: um debate sobre o PS do futuro e o fantasma do PS passado.
Outras notícias para registar:
As regras nos subsídios de viagens dos deputados podem mudar, se for seguida a sugestão do presidente da comissão de ética. Ainda não há conversas sobre outro problema difícil, que é o das moradas duplas, um caso ontem aprofundado pela RTP.
Portugal tem a estratégia mais restritiva de toda a zona euro. No entanto, mais uma vez, os números do Governo não batem certo com os da Comissão.
O Ministério Público divulgou a auditoria a incêndios de Pedrógão. E ela, claro, confirma palavra por palavra o que o PÚBLICO aqui divulgou na quarta-feira.
O Governo vai descongelar mais carreiras: há 7000 professores a quem vai ser contado todo o tempo que estava em dúvida; e 15 mil polícias que vão receber o que pediam.
Entretanto, o Governo fez uma última proposta para tentar travar a greve dos médicos. Chegará?
O que vai mudar são as regras das heranças, com consenso entre esquerda e direita, assegura o Negócios.
E ainda falta dar-lhe as novidades sobre a reforma da habitação: vai ter ritmos diferentes de autarquia para autarquia; traz arrendamento “vitalício” para idosos e desconto de IRS nos contratos longos (mas com limite); um apoio para arrendamento acessível e um chamado "1º Direito" que aqui explicamos; e mais 12 propostas que ainda não sabemos se serão aprovadas.

Ler mais devagar

1. As incertezas e os méritos deixados por Afonso Dhlakama. A morte do Presidente da Renamo, conhecida ontem, abre um processo de luta pela sucessão - ao fim de 40 anos de liderança. Dhlakama preparou alguém? Quem vai avançar? O partido quer um civil ou um militar? A Bárbara Reis mostra-nos as incógnitas do futuro e anota os dois méritos de um político que marcou o destino do país.
2. Cuéntalo - o #metoo espanhol - está em marcha. Uma decisão judicial sobre o abuso sexual de cinco homens a uma jovem provocou uma onda imparável de protestos por toda a Espanha. Mas o caso já ultrapassou fronteiras, exigindo uma tipificação comum do crime de violação. O António Saraiva Lima contextualiza-nos, num caso de que ainda vamos ouvir falar.
3. É possível criar um ovócito humano com uma amostra de urina? Há uma misteriosa viagem que acontece no corpo de uma mulher que está a ser exaustivamente investigada pelos cientistas. É aquela que leva uma célula a transformar-se num ovócito que, depois, amadurece no ovário. Uma portuguesa que ganhou uma bolsa europeia é uma das cientistas que está a tentar criar um ovócito humano no laboratório. O sucesso da experiência pode significar uma solução para casos de infertilidade que hoje têm apenas respostas pouco eficazes e muito invasivas. A história, acompanhada de uma belíssima BD, é contada pela Andrea Cunha Freitas.

Hoje na agenda 

É dia de greve na Educação - e os directores acreditam que a ausência dos funcionários vai fechar muitas escolas. E também dia para os deputados discutirem habitação, com vários projectos da esquerda e cima da mesa - e um do Governo pronto a negociar. Mais tarde, na concertação social, a conversa é outra, sobre os próximos fundos comunitários.
Lá por fora, o mundo financeiro aguarda o discurso anual de Warren Buffett, sempre antecipando a evolução dos mercados. Mas são as eleições no Líbano, as primeiras em nove anos, que mais marcam o dia.
Ao virar da esquina, já sabe, vem o dérbi Sporting-Benfica, que é amanhã e pode no limite entregar já o título ao FC Porto. Rui Moreira, esse, só quer receber a festa na última jornada.
Tenha um bom fim-de-semana!
Até segunda-feira.

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