terça-feira, 24 de julho de 2018

Duas décadas depois Estado recria director-geral para as Linhas Aéreas de Moçambique


Quase duas décadas após haver extinto o cargo de director-geral das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) o Estado, principal accionista, decidiu recria-lo e nomear o experiente engenheiro João Carlos Pó Jorge para “assegurar o normal funcionamento da empresa” falida e cujo Conselho de Administração foi demitido, mas há 19 dias que mantinha a companhia a voar.

Um lacónico comunicado de imprensa, que estranhamente foi emitido pelo Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) mas no papel timbrado da companhia aérea, informa que “A Assembleia Geral da empresa Linhas Aéreas de Moçambique, SA, reuniu em sessão extraordinária, no dia 23 de Julho de 2018, tendo deliberado: 1. Pela nomeação de uma Direcção Geral para assegurar o normal funcionamento da empresa. A mesma será composta por um Director Geral e pelos seguintes directores de função: Operações, Técnica, Finanças, Comercial, Recursos Humanos, Sistemas de Informação e Aprovisionamento; 2. Pela nomeação do Senhor João Carlos Pó Jorge para a função de Director Geral da empresa”.

Não está claro o mandato que foi dado ao engenheiro Pó, como é conhecido o experiente quadro da aviação civil moçambicana, tendo em conta que aquando da demissão do Conselho de Administração composto por António Pinto, Hélder Fumo, Carlos Sitoe e Faizal Gafar o IGEPE tornou público, também em comunicado, que os accionistas das LAM - o Estado com 96 por cento do capital social e a Vintelam com os restantes 4 por cento -, deliberaram que seria criada “uma Comissão de Gestão, para transitoriamente assegurar o normal funcionamento da empresa”.

João Carlos Pó Jorge começou a sua actividade profissional nas Linhas Aéreas de Moçambique em 1985 onde trabalhou e dirigiu o sector de engenharia. Fez um interregno de cerca de 18 anos, onde trabalhou fora do país e adquiriu experiência noutras companhias aéreas, regressou às LAM como Administrador Técnico Operacional, entre Janeiro de 2014 e Fevereiro de 2016. Antes da nomeação liderava uma comissão interinstitucional que trabalha na revitalização da Escola Nacional da Aeronáutica.

Importa notar que desde que o Conselho de Administração foi demitido, por deixarem o primeiro-ministro em terra, e o IGEPE resolveu o problema de tesouraria para o pagamento dos combustíveis das aeronaves que a empresa tem estado a funcionar dentro da normalidade de uma companhia que está em falência técnica, como o @Verdade revelou: durante o exercício económico de 2016 o capital próprio negativo degradou-se para mais de 1,5 bilião de meticais, as perdas acumuladas quase dobraram para 7,1 biliões de meticais e as suas responsabilidade correntes excedem os activos corrente em 3,2 biliões de meticais. As dívidas à banca comercial dispararam e o passivo ascende aos 14,3 biliões de meticais.

O último director-geral das LAM foi o engenheiro José Viegas, que em 1999 tornou-se no primeiro Presidente do Conselho de Administração das LAM, SA.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

Nenhum comentário:

Postar um comentário