Prevenção de acidentes e deteção de viciados em jogo na Internet são alguns dos objetivos dos projetos que o governo hoje apresenta para tratar os dados recolhidos pela administração pública com mecanismos de inteligência artificial.
A ministra da Presidência e Modernização Administrativa disse à agência Lusa que a ideia é "melhorar os serviços públicos", conseguindo usar a informação para "prevenir em vez de remediar".
Com quatro milhões de euros serão apoiados 19 projetos que juntam organismos públicos, autoridades, universidades e instituições científicas, que trabalharão dados disponibilizados à comunidade científica, mas só depois de serem "protegidos previamente" num projeto com o Instituto Nacional de Estatística.
Maria Manuel Leitão Marques indicou que entre outros projetos está uma colaboração entre o ministério da Saúde e a Universidade Nova para detetar "padrões anormais de prescrição de antibióticos" no Sistema Nacional de Saúde.
Outra, que envolve a GNR e a Universidade de Évora, dedicar-se-á a estudar os padrões de acidentes para identificar "pontos críticos" e prevenir a sinistralidade.
O INE, a Universidade Nova e o Turismo de Portugal vão também colaborar para identificar "padrões de adição em jogo 'online'", enquanto o Ministério da Saúde e a Fundação Gulbenkian vão trabalhar juntos para tentar identificar e prever a procura de urgências hospitalares.
A ministra afirmou que até ao fim do ano será lançada a segunda fase do programa, cujos financiamentos são coordenados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e a expectativa é que haja o dobro do dinheiro para apoiar projetos.
Candidatos não faltarão, afirmou Maria Manuel Leitão Marques, apontando "os muitos e bons projetos que ficaram de fora" da primeira fase, cujo concurso foi decidido por um júri internacional.
Todos os projetos que serão apoiados estão "na fase inicial", embora alguns já tenham passado a fase de protótipos.
O ministro da Ciência, Manuel Heitor, disse à Lusa que, como outros setores da economia e da sociedade, a administração pública vai passar por uma "transformação digital".
Essa é uma "área crítica" e é preciso investir na "capacidade científica em áreas como o processamento massivo de informação", seguindo princípios de "ética institucional" no tratamento dos dados que dizem respeito a várias áreas da vida dos cidadãos.
A ministra da Presidência salientou que "não é a técnica que vai dominar" os mecanismos de decisão, que serão sempre humanos, embora se possam basear nas conclusões tiradas do tratamento dos dados através de inteligência artificial.
A apresentação dos 19 projetos apoiados vai ser feita hoje de manhã no Instituto Nacional de Estatística.
Lusa
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