Durante a passagem da Tempestade Leslie por Portugal, no passado dia 13 de outubro, com particular incidência no período entre as 22.00h e as 23.00h, o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) registou na Figueira da Foz rajadas de 176km/h, valores nunca antes registados em estações da rede meteorológica nacional.
Este fenómeno, inédito no nosso país, deixou atrás de si um rasto de destruição de que só com o amanhecer de domingo foi possível conhecer a dimensão. O património arbóreo da cidade, a par com danos em praticamente todos os edifícios, maioritariamente em termos de coberturas e caixilharias, foram os setores mais afetados, mas muitas foram as viaturas que também sofreram danos substanciais pela queda de ramos/árvores e todo um conjunto de detritos que de forma abrupta e errática se deslocaram durante o auge da tempestade.
Desde as primeiras horas que as diversas equipas no terreno tiveram como prioridade a remoção de árvores que estivessem a obstruir vias, caídas sobre estruturas diversas ou em risco, total ou parcial, de queda.
A intervenção municipal em termos de espaços verdes passa, agora, pela constituição de várias equipas, apoiadas por viaturas e equipamentos, municipais e/ou recrutados no exterior. A intervenção constará das seguintes fases:
Fase 1 – remoção de todas as árvores/arbustos caídos e que estejam com ramadas tombadas ou em vias de colapsarem a curto prazo. Esta operação requer bastante trabalho de motosserra, remoção para viaturas pesadas e transporte para área destinada a juntar os resíduos – Largo da Feira de Vila Verde – de onde serão posteriormente encaminhadas para unidades de transformação de resíduos verdes em biomassa para produção de energia.
Fase 2 – Após este período de limpeza dos troços, e limpo o terreno de folhas e troços de madeira resultante dos cortes, será feita nova avaliação técnica e individualizada, pois existirão situações em que as copas, danificadas, impedem o normal desenvolvimento, de acordo com as especificações de cada espécie.
A título de exemplo refere-se uma Araucaria heterofila, na Av. Foz do Mondego, que embora com ramadas inferiores intactas tem o seu ápice partido, o que impede que a árvore se continue a desenvolver dentro das características da espécie. Nestes casos serão também eliminadas, com eventual substituição por novas plantas.
Identificam-se também exemplares que, apesar de ainda se encontrarem na vertical, estão de tal forma agredidos na sua estrutura que haverá necessidade de proceder ao seu abate, sob pena de colocar em risco pessoas e bens.
Por último serão intervencionadas as árvores atingidas que apenas requererão uma poda específica, de forma a reequilibrá-las e recolocá-las na sua forma original,
Os cortes, abates e podas irão ainda ocorrer por algum tempo mais, mas sempre de forma tecnicamente criteriosa e sem abates desnecessários. É do conhecimento geral a já forte debilidade em termos fitossanitários do património arbóreo da cidade, e as atuais circunstâncias, com destruição de 60% do património natural figueirense, exigem redobrados cuidados neste sector.
O caso do património arbóreo da Frente Marítima de Buarcos
A Frente Marítima de Buarcos está a ser alvo de uma profunda intervenção de requalificação, custeada com fundos comunitários e a comparticipação da Autarquia figueirense.
No âmbito das obras em curso tornou-se necessária a remoção de árvores na zona do largo de Mercado Municipal de Buarcos, num processo que despertou a atenção dos munícipes. Os protestos foram ouvidos pelo Presidente da Câmara, que solicitou ao projetista a reformulação do projeto, de forma a reduzir ao mínimo o número de árvores a remover, sem comprometer a realização da obra.
A passagem da Tempestade Leslie pela Figueira da Foz veio, no entanto, fazer aumentar o número de árvores removidas, por força dos ventos, ou a remover, por danos insanáveis e perigo para a segurança pública, naquele espaço.
Para cabal esclarecimento dos munícipes, partilhamos as razões, técnicas, que presidem aos procedimentos de limpeza e intervenções de segurança em curso, bem como a planta do Largo de Mercado Municipal de Buarcos, para melhor compreensão da ação que aí está a decorrer.
Na imagem abaixo, relativa à zona do Largo do Mercado Municipal de Buarcos, é possível identificar as árvores removidas ou a remover, tanto por incompatibilidade com o projecto como por danos sofridos durante a Tempestade Leslie.
Nenhum comentário:
Postar um comentário