domingo, 4 de novembro de 2018

Ainda não de Alberto Souto



lberto Souto De Miranda
Agradeço muito à Junta de Freguesia o terem-me imortalizado num obelisco no cemitério. Que era fantasma já se sabia. Agora com lugar cativo no cemitério é que ainda não. A coisa é um bocadinho estranha, para não dizer totalmente deselegante. Os meus familiares já começaram a receber coroas de flores e mensagens de solidariedade. A minha mulher e os meus filhos abraçaram-me e obrigaram-me a beber um bom tinto, para ter a certeza que eu não era um holograma ou um "fake human". Os amigos em romagem curvam-se perante a minha memória. As funerárias capricham na cerimónia. E o epitáfio, o morto vai escrevê-lo. Mas é sobretudo uma maldade ao Presidente em exercício, lembrarem-lhe que está morto politicamente. Porque não está. Está é a matar coisas importantes e essenciais. E desculpem ser um tipo com princípios "démodés", de respeito pela memória dos entes queridos: não se fazem comícios no dia e à hora da visita aos cemitérios. Até o Bispo...Mau demais.

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