sexta-feira, 2 de novembro de 2018

CianMira: Salvar o planeta sugando o dióxido de carbono do ar: será possível?

Nós somos muito, mas muito bons a produzir dióxido de carbono. O ano passado, as nossas chaminés lançaram mais de 30 mil milhões de quilos de gases de efeito de estufa, interferindo com o clima do planeta e acidificando o oceano.
O problema é que não somos tão bons a limpar quanto a sujar. Até agora, a maioria dos esforços feitos na diminuição da pegada de carbono está focada na redução das emissões de dióxido de carbono, como por exemplo, mudar para energias renováveis, utilizar transportes públicos ou consumir alimentos da época e da região.
Apesar de estas medidas para a redução da pegada carbónica serem todas muito importantes, têm-se verificado que não têm sido suficientes para estabilizar o clima e, por isso, os engenheiros estão a trabalhar no problema, visto por outro prisma. E se tentássemos remover algum dióxido de carbono do ar? Esta foi a questão que fez mover os engenheiros.
E em todo o mundo já existem empresas a desenvolver sistemas de remoção de CO2 do ar. Esta tecnologia de “captura directa do ar” está a ser desenvolvida e testada por empresas como a Global Thermostat (de Nova Iorque), Carbon Engineering (do Canadá) e a start-up Climeworks (da Suíça).
Esta última foi a primeira a abrir uma fábrica de extracção de dióxido de carbono do ar, nos arredores de Zurique, Suíça, com a finalidade de vender o gás para uso industrial. Mas a empresa não ficou por aqui. Mais tarde, abriu a fábrica CarbFix2, na Islândia, que em vez de vender o gás para uso comercial, injecta o gás em rocha basáltica no subsolo. Esta unidade fabril, situada nos arredores da central geotérmica de Hellisheithi, vai ajudá-la a tornar-se menos

poluente. O processo passa pela filtragem de CO2 existente em redor da central geotérmica. O calor em excesso da central é depois utilizado para incorporar o gás na água. Transportada abaixo dos 700 metros, a água carbonatada, reage com a rocha basáltica e forma minerais carbonatados, que armazenam o dióxido de carbono potencialmente durante milhões de anos. Martin Jendrischik, um porta-voz da Climeworks refere que “Existem muitos outros sistemas
basálticos bons em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, que podem armazenar dezenas de milhares de milhão de toneladas de dióxido de carbono.”

Na mesma linha de investigação, surge um grupo de cientistas do Canadá que pretende acelerar o poder de captação de carbono pelas rochas. A equipa canadiana inventou uma receita para acelerar a formação de magnesite, ou carbonato de magnésio, de centenas ou milhares de anos na natureza para somente 72 dias no laboratório. O ingrediente-chave: microesferas de poliestireno – basicamente missangas de latex – revestidas de moléculas carregadas que ajudam os iões de magnésio a ligar-se aos iões de carbonato para criar a magnesite. Os cientistas  esperam usar o poder destas pequenas esferas combinado com as tecnologias de injecção de dióxido de carbono da fábrica CarbFix2 da Islândia.
Recentemente, um relatório lançado pela National Academy of Sciences alerta para a urgência em unir esforços para sugar os gases de efeito de estufa do ar para combater as alterações climáticas. Este relatório surge no seguimento de um relatório científico das Nações Unidas que pintou o cenário sombrio na capacidade que o mundo possui para evitar o

aquecimento global. Mas, o relatório da National Academy of Sciences é mais optimista, dando recomendações operacionais de como combater as alterações climáticas e incentivando as nações a investirem em tecnologias e métodos tradicionais que removam os gases de efeito de estufa:

- Plantar mais árvores e gerir melhor as florestas, limitando a quantidade de terrenos usados pelas pessoas. As plantas retiram o dióxido de carbono do ar e usam-no para crescer;

- Conservar melhor os solos para que possam armazenar mais dióxido de carbono e produzir mais alimento;
- Conservar e restaurar as plantas costeiras, como pântanos e algas marinhas;
- Usar a nova tecnologia de “captura directa do ar” e a injecção no subsolo;
- Queimar mais biocombustível – como madeira – e capturar o dióxido de carbono depois da combustão e enterrá-lo no subsolo ou transformá-lo em sólidos que possam ser espalhados na terra.
No Reino Unido, com o objectivo de limpar o ar de partículas poluentes, uma empresa de autocarros lançou, este ano, o seu primeiro autocarro com um sistema de filtragem do ar, na cidade de Southampton.

Todas estas soluções de captura do dióxido de carbono e limpeza de partículas poluentes que lançámos todos os dias para a atmosfera são animadoras e dão-nos esperança, mas não podem ser usadas como desculpa para evitar o trabalho árduo que é reduzir as emissões deste gás e de outros poluentes. Assim, todos nós, devemos, na mesma, preocupar-nos com a diminuição da nossa pegada carbónica e ecológica, fazendo a nossa parte na salvação

do planeta Terra.


Joana Lima, CianMira
Fonte: Mira Online

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