Já está a decorrer no Centro Ciência Viva da Floresta o primeiro de dois dias do BiodicSummit, uma conferência que pretende assinalar o Dia Internacional da Biodiversidade, comemorado precisamente a 22 de maio, promovendo o debate sobre uma preocupação que é cada vez maior e que se prende com a continuidade da espécie humana no planeta terra e em que condições.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, apresentou alguns números alarmantes que dão conta do impacto sem precedentes das alterações climáticas. “Não podemos nem devemos ficar indiferentes”, afirmou João Lobo. Na sua perspetiva, os “municípios são hoje aqueles que olham sobre o território e que têm a condição de melhor zelar pela biodiversidade”, numa ideia suportada pelo Secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, que destacou a publicação, em 21 de janeiro deste ano, do Decreto-Lei 11/2019 que transferiu a competência de autorização e comunicação prévia de ações de arborização e rearborização, que antes era da responsabilidade do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza, para as autarquias. “O que é que isto tem de novo e de importante para os territórios, para as câmaras municipais, para a vida das pessoas e para a economia local? Os municípios, que sempre tiveram a capacidade, mediante as regras que estão na lei e em discussão com as pessoas, de definir no seu território onde é que se pode construir habitação e zonas industriais, quando se tratava da floresta não tinham nem uma palavra a dizer sobre isso”.
O Secretário de Estado considera que esta medida terá importantes impactos futuros pois desta forma são as autarquias a definir as zonas de floresta e que tipo de árvores é possível plantar, com um instrumento de ordenamento semelhante ao Plano Diretor Municipal, mas aplicado à área florestal. Carlos Miguel incentivou a que se procurem soluções de planeamento “que sejam boas para a biodiversidade, que sejam boas para minimizarmos os impactos que as alterações climáticas estão a criar na nossa vida, mas que sejam boas para o território e que possam ajudar as pessoas”. O Secretário de Estado das Autarquias Locais deu ainda os parabéns ao CCV da Floresta pelo trabalho de todos os dias na criação de consciência cívica e de sensibilização ambiental junto dos seus visitantes.
Considerando o Centro Ciência Viva da Floresta o sítio certo para acolher o BiodivSummit, João Lobo destacou o papel fundamental da educação para provocar mudanças de atitude. “É verdade que ações como o BiodivSummit são potenciadoras de nos irem transformando, à nossa forma de pensar e de agir, mas é nos escalões mais jovens, é na educação, de facto, que nós nos transformamos”. Dando o exemplo da Escola Ciência Viva, a funcionar no CCV da Floresta, apelou ainda à ação individual. “Às vezes pensamos que individualmente não temos força, mas temos que ser nós a cuidar desta nossa grande casa e de todos os seres que nela habitam”. O presidente da autarquia elencou, para além do trabalho desenvolvido por este equipamento, outros projetos em que o Município está envolvido para promover a biodiversidade, nomeadamente a reconversão das áreas florestais junto aos aglomerados urbanos em áreas que potenciem a diversidade biológica ou o Concelho Carbono Mais – um mercado de créditos de carbono que, a ser apoiado pela Administração Central ou pela União Europeia, pode ter importantes consequências na valorização do ativo florestal e, consequentemente, da biodiversidade. O BiodivSummit continuará durante a tarde desta quarta-feira e manhã de quinta-feira, 23 de março, decorrendo ainda diversas atividades paralelas.
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