A Vale do Rio Doce anunciou nesta quarta-feira (27) que vai reavaliar em baixa o negócio de carvão em Moçambique correspondendo a imparidades de 1,6 bilião de dólares e em 2020 vai encerrar as operações da sua mina em Moatize, na Província de Tete, durante 3 meses para “manutenção mais profunda”. A mineradora regista queda de produção e exportação do carvão mineral metalúrgico, de maior valor comercial, desde 2018 e deverá cortar postos de trabalho.
O anúncio consta de um comunicado para os seus investidores onde a empresa brasileira informa que registará “imparidades”, sem efeito em caixa, de aproximadamente 1,6 bilhão dólares norte-americanos no quarto trimestre de 2019 na sua operação em Moçambique.
“A Vale identificou que sua expectativa de yield (lucro) do carvão metalúrgico e térmico mudou desde a concepção do projecto, principalmente devido a problemas técnicos apresentados no projecto e nas operações”, acrescenta o documento onde a minerado esclarece que as imparidades resultam também da revisão do plano de actividades, “que reduziu o nível de reservas provadas” e reviu “os cenários de preço do carvão metalúrgico e térmico”.
O novo plano vai dar prioridade “a reservas minerais de melhor qualidade, maximizando a participação do carvão metalúrgico no mix de produtos”, em alusão ao mineral de maior valor comercial e que tem mercado de exportação particularmente para a Índia onde é usado como fonte de energia na produção de ferro e aço.
A Vale do Rio Doce anunciou ainda que, em 2020, “as operações de carvão em Moatize”, na Província de Tete, “entrarão em manutenção por um período de três meses”.
Contactada pelo @Verdade a subsidiaria da Vale do Rio Doce em Moçambique explicou que a manutenção das suas duas usinas, que pressupõe interrupções temporárias na operação, “é um processo técnico rotineiro que fazemos mensalmente pequenas interrupções para reparos nas usinas e agora vamos fazer uma manutenção mais profunda. Não obstante, vamos produzir neste período, mas em ritmo menor que uma operação normal”.
Relativamente as imparidades anunciadas a Vale Moçambique argumentou ao @Verdade que estão relacionadas com princípios contabilísticos internacionais. “Este princípio preconiza que devemos comparar o valor contábil do investimento numa subsidiária com o valor presente líquido daquela operação, e ajustar nos livros contábeis quando este é inferior. Este é o caso e o efeito é somente no valor do investimento que a Vale S.A. no Brasil. Não há impacto na Vale Moçambique”.
O facto é desde 2018 a produção, exportação e receitas da mineradora em Moçambique estão em queda gerando cada vez menos receitas para o Estado.
Aliás o @Verdade revelou que a Vale do Rio Doce até está a desinvestir no nosso país tendo no 3º trimestre do ano passado retirado de Moçambique cerca de 1,1 bilião de dólares.
A Vale Moçambique não indicou em que altura irá suspender as suas actividades temporariamente nem se a queda de produção e de receitas vai implicar o despedimento de trabalhadores, contudo o @Verdade entende que a paralisação vai acontecer no início do próximo ano.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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