A celebração de abertura do Ano Jubilar de Santo António e dos Mártires de Marrocos, que teve lugar no passado domingo, 12 de Janeiro, marcou o início de um ano com um programa intenso e diversificado. O programa do Ano Santo oferece novos motivos de interesse já nos próximos dias, com destaque para o Colóquio “Mártires de Marrocos. Evocação dos 800 Anos do Martírio”.
No dia 16 de Janeiro de 2020 assinalam-se os 800 anos do martírio dos cinco frades franciscanos no norte de África. As suas relíquias foram recebidas no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, ainda em 1220, e dão sentido às manifestações devocionais em torno dos Santos Mártires de Marrocos, até ao dia de hoje. Para assinalar a efeméride, a organização do Ano Jubilar realiza o colóquio “Mártires de Marrocos. Evocação dos 800 Anos do Martírio”, assente na convergência de diferentes abordagens ao tema, no âmbito da História, da História da Arte, da Filologia e da Antropologia.
O evento tem início às 10h00, com a Sessão de Abertura. Na primeira sessão – “História e Memória” – serão analisados o contexto histórico do Reino de Portugal e o enquadramento urbano e eclesiástico da cidade de Coimbra, no século XIII. À tarde, a segunda sessão – “Espiritualidade e Materialidade” – trará estudos sobre a espiritualidade Franciscana e Mendicante, em franca expansão nesse período, sobre os textos hagiográficos responsáveis pela fixação dos modelos da iconografia dos Santos Mártires, que permitem explicar a evolução do culto das suas relíquias, e sobre os restos ósseos preservados na arca relicário desses santos e analisados pela osteologia. O Colóquio decorrerá no Colégio de Santo António da Pedreira, em Coimbra. Apesar de a entrada ser livre e gratuita, agradece-se a inscrição prévia através do e-mail coloquiomartires800@gmail.com .
A Comissão Organizadora do Colóquio é composta por Maria Helena da Cruz Coelho (Univ. Coimbra, CHSC), Carlota Miranda Urbano (Univ. Coimbra, CECH), Maria Amélia Campos (Univ. Coimbra, CHSC) e Milton Pacheco (Casa-Museu Elysio de Moura; Univ. Nova de Lisboa, CHAM).
Missa com a Família Franciscana no dia 16
Também nesta quinta-feira, dia 16, a Igreja de Santa Cruz acolhe, pelas 11h00, a Missa com a Família Franciscana. No dia em que se assinalam os 800 anos do Martírio, as três ordens franciscanas (Frades Menores, Conventuais e Capuchinhos) reúnem-se para celebrar o testemunho de fé dos seus primeiros confrades martirizados.
Ciclo “Diálogos com António” em destaque no 1.º Domingo Jubilar
O 1.º Domingo Jubilar terá lugar no dia 19, igualmente na Igreja de Santa Cruz. O vasto programa cultural e celebrativo previsto para esse dia começa às 15h00, com a inauguração da exposição de painéis “Itinerário da vida de Santo António (1195-1236)” e “Feitos e Milagres de Santo António”, na galeria superior do claustro. Às 18h00, o organista João Henriques dá um concerto de órgão de tubos na Igreja, após o qual se celebrará a Eucaristia, presidida por D. Manuel Pelino, Bispo emérito de Santarém.
Antes, pelas 16h00, na Sala do Capítulo, terá lugar a primeira sessão do ciclo “Diálogos com António”, no qual um painel de convidados procurará atualizar o carisma antoniano. Santo António estudou em Coimbra, no Mosteiro de Santa Cruz, uma das melhores escolas da Europa do século XIII. Aqui estudou filosofia, ciências, teologia, os Padres da Igreja e, sobretudo, as Sagradas Escrituras, que aprendeu de cor (com o coração). Foi um dos homens mais cultos do seu tempo, como o atestam a coletânea dos Sermões escritos que deixou e como foi reconhecido pela Igreja, quando, em 1946, Pio XII o proclamou Doutor Evangélico. A sua palavra, sempre alicerçada nas Sagradas Escrituras e alimentada pela oração, penetrava fundo no coração dos pobres e inquietava os poderosos.
Neste Diálogo com António, sobre “A força da Palavra”, vai falar-se do poder criador da Palavra, a Palavra de Deus, a palavra dos escritores e poetas, mas também a palavra que nos constitui como humanos e que está na base de toda a relação. E quando a palavra se cala, se empobrece, ou se transforma em veículo da mentira, é sempre a animalidade que, de novo, espreita e nos ameaça.
O painel de convidados é composto por Frei José António Correia Pereira, sacerdote franciscano da Ordem dos Frades Menores e autor, coordenador e editor de várias obras sobre Santo António e Santa Clara; António Carlos Cortez, poeta, crítico literário, ensaísta e professor de literatura portuguesa e de português, galardoado com vários prémios, entre eles o prémio da Sociedade Portuguesa de Autores para melhor livro de poesia, em 2011, e o prémio da APE / Teixeira de Pascoaes para melhor livro de língua portuguesa, em 2016; José Carlos Silva Carvalho, pesquisador sobre temas bíblicos, que pretende colocar o texto bíblico em diálogo com a cultura contemporânea, e membro da Comissão que está a fazer a nova tradução da Bíblia para português a partir dos textos originais em hebraico, aramaico e grego; e Juan Ambrosio, coordenador do ciclo “Diálogos com António” e docente na Faculdade de Teologia da Universidade Católica, em Lisboa. A sessão será moderada por Secundino Correia, diretor adjunto da revista Mensageiro de Santo António.
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