Para comemorar o Dia Mundial do Livro, que se assinala a 23 de abril, a Biblioteca Municipal de Proença-a-Nova divulga um dos autores proencenses: Acúrcio Castanheira, ainda que a recolha dos “Escritos” que compõem a obra tenha sido realizada pela filha, Maria Albertina Castanheira Batista, ela própria autora publicada. “Acúrcio Castanheira vivia a sua interioridade intelectual de forma muito intensa e solitária. Em Proença-a-Nova não havia, nesse tempo, muitas pessoas com quem pudesse repartir preocupações e saberes. Assim, a sua escrita é o resultado de vivências muito íntimas, leituras diversificadas, conhecimento que passava pelo mundo e profundas reflexões”, lê-se na introdução. Para além dos “Escritos”, há um segundo livro: “Acúrcio Castanheira – o médico e o homem”, que está disponível para requisição. E estes textos são, na perspetiva da filha, a herança que ele deixou não apenas à família, mas também a Proença-a-Nova e, em especial, à geração dos jovens até porque os direitos de autor das publicações foram oferecidos, na altura da edição, ao Núcleo de Juventude.
Estes e outros factos foram recordados na sessão de fevereiro do Clube de Leitura Aristóteles Lusitano, realizada no dia 28, que serviu de mote para se assinalarem os cem anos do início da atividade do médico Acúrcio Castanheira, ele que foi presidente da Câmara Municipal em 1974 e 1975 e da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários durante 17 anos. Para além do trabalho que desenvolveu profissionalmente, foi destacada a generosidade com que tratava dos seus doentes, oferecendo muitas vezes os medicamentos que eram fundamentais para a cura nos casos em que sabia não haver disponibilidade financeira para os comprar. “«O pai dos pobres» - «um médico como há poucos» - «um santo Homem» - «um amigo, como se fosse da família» - «um pai», foram expressões que ouvi a uns, aqui e ali, vezes sem conta. A outros, uma opinião atesta a memória que guardam dele: «uma referência para Proença-a-Nova» - «um homem vertical» - «a História lhe fará justiça» - «a pessoa que no despertar para a vida me serviu de referência»”, refere Maria Albertina Castanheira Batista. Várias pessoas presentes na sessão partilharam as suas memórias do convívio e do impacto de Acúrcio Castanheira nas suas vidas, da “sua verticalidade e amor cristão deste homem para com o próximo”, nas palavras de Alfredo Bernardo Serra, que dinamiza as sessões do Clube de Leitura.
A sua atividade cultural foi igualmente recordada, tendo Acúrcio Castanheira musicado um possível Hino de Proença-a-Nova. João Manso, vice-presidente da Câmara Municipal, recordou o desafio que lançou à Universidade Sénior para que, nas aulas de música, possam recuperar este Hino que foi apresentado pela primeira vez na festa de inauguração do edifício da Escola Primária, na década de 30: Proença-a-Nova | Terra de Encanto | És o meu berço | Que eu amo tanto | Querida Proença | Encantadora | És consagrada | A Nossa Senhora. Na perspetiva de João Manso, a sessão do Clube de Leitura, a mais concorrida de todas, “foi uma justa homenagem a Acúrcio Castanheira, um homem que se dedicou muito à terra e que fez muito pelas pessoas do nosso concelho”.
Maria Albertina Castanheira Batista revelou que oferecerá o espólio que tem do seu pai à futura Casa da Memória de Proença-a-Nova e foi igualmente sugerido na sessão que deverá ser erigida uma estátua a Acúrcio Castanheira.
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