Exmo.
Senhor ...
Minhas
Senhoras e meus Senhores,
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades.
Muda-se
o ser, muda-se a confiança:
Todo
o Mundo é composto de mudança,
Tomando
sempre novas qualidades.
Luís
Vaz de Camões
As
festividades em honra de S. João Batista, padroeiro de Figueiró dos
Vinhos são por excelência motivo de orgulho de todos os
Figueiroenses.
Dia
em que revisitamos as nossas raízes, a nossa identidade, os nossos
antepassados – homens e mulheres – que ano após ano, século
após século, consolidaram as nossas fronteiras e lhe deram
consistência, transformando a floresta em rendimento, o campo em
sustento, o municipalismo em autonomia concelhia, a fixação da
população em riqueza. Quanto mais nos reencontramos com o nosso
passado, mais afirmamos o nosso presente e mais projetamos o nosso
futuro. E esse futuro somos nós!
A
nossa história fez-se de encruzilhadas da grandeza da alma e
generosidade dos nossos heróis e dos muitos anónimos que
percorreram lado a lado nas guerras e nas conquistas, nas festas e
nas folias, nas alegrias e nas adversidades, na altivez e na
humildade.
Somos
Figueiroenses! Somos a semente do nosso próprio futuro!
Continuamente
vemos novidades,
Diferentes
em tudo da esperança,
Do
mal ficam as mágoas na lembrança,
E
do bem (se algum houve) as saudades.
Luís
Vaz de Camões
O
Cardeal D. José Tolentino de Mendonça no discurso que proferiu na
cerimónia do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, convidou-nos a
refletir sobre a “afirmação da vida e da
saúde”
lembrando que “todas as vidas contam”.
No momento em que nos últimos meses se abateu “sobre
nós uma imprevista tempestade global que condicionou radicalmente as
nossas vidas e cujas consequências estamos ainda longe de mensurar.
A pandemia que principiou como uma crise sanitária tornou-se uma
crise poliédrica, de amplo espetro, atingindo todos os domínios da
nossa vida comum. Sabendo que não regressaremos ao ponto em que
estávamos quando esta tempestade rebentou, é importante, porém,
que, como sociedade, saibamos para onde queremos ir”.
Desconfinar
é sentir-se protagonista e participante de um
projeto
mais amplo e em construção, que a todos diz respeito.
Cardeal
José Tolentino de Mendonça
Num
momento em que o país e os portugueses estão mobilizados para este
combate e se tenta retomar alguma dinâmica económica e social
cabe-nos, uma vez mais, ter uma palavra de reconhecimento e
agradecimento aos profissionais de saúde que na linha da
frente do combate à pandemia todos os dias arriscam a sua vida para
salvar a do próximo.
Reconhecemo-lo
nos profissionais de saúde, mas também em todos os outros que desde
a primeira hora têm vindo a garantir o socorro de emergência, a
segurança pública, o acesso a bens e serviços essenciais a toda a
comunidade, a higiene e limpeza de locais públicos, a cuidar dos
mais velhos e necessitados, bem como a toda a população que
colaborou e respeitou o apelo ao isolamento social e acatou as ordens
impostas pelo Estado de Emergência e as recomendações das
Autoridades. Agradecemos e elogiamos o esforço de todos os que
desempenhando as suas funções nas mais diferentes áreas, enfrentam
riscos acrescidos, sem nunca perderem o seu espírito de missão e o
verdadeiro sentido de serviço público.
O
tempo cobre o chão de verde manto,
Que
já coberto foi de neve fria;
E
em mi converte em choro o doce canto.
Luís
Vaz de Camões
Três
anos passaram sobre a tragédia dos incêndios. A
intensidade com que todos vivemos aqueles dias não permite que nos
esqueçamos do que aconteceu: as pessoas, o sofrimento, a perda de
familiares e amigos, a destruição de bens e património das muitas
vítimas que ficaram mais pobres. Uma palavra de esperança e
de coragem a quem viveu e ainda vive este
drama. Jamais esqueceremos.
É
tempo de termos consciência de que o futuro de Figueiró dos Vinhos
é aquilo que os figueiroenses quiserem que seja. É, porventura aí
que se encontra a esperança e a sobrevivência das gerações
futuras. Para isso é essencial refletir sobre as políticas e sobre
a dimensão ética da decisão pública local e nacional.
Recordamos
as palavras do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa
proferidas após a cerimónia de homenagem às vítimas dos
incêndios: “Houve mudança de legislação, houve medidas
tomadas, o problema é o terreno. E o terreno é feito com pessoas de
carne e osso, com realidades económicas e sociais. Pessoas e
famílias que não têm meios para poderem agir em muitos casos, os
condicionamentos económicos e sociais que acabaram por tornar
difícil a aplicação dessas medidas. Tudo tem a ver com um
problema que eu disse, que é o
desenvolvimento económico e social”.
Na
verdade, esta constatação de que o maior problema é o
desenvolvimento económico e social, faz-se sentir de forma
muito significativa na vida dos figueiroenses.
O que
faz um concelho forte é a sua capacidade de gerar riqueza, promover
o investimento e o emprego e fixar e aumentar a sua população. Em
2013, o então candidato do PS, Jorge Abreu estabeleceu como
“prioridade a fixação de pessoas em Figueiró”. Os
últimos números do Instituto Nacional de Estatística revelam o que
tem sido a estratégia fracassada da gestão socialista no nosso
concelho: a perda acentuada de população.
De
idêntico modo, os últimos dados disponibilizados pelo Instituto
Emprego e Formação Profissional revelam que o desemprego
está a aumentar e o emprego a diminuir no
concelho de Figueiró dos Vinhos. A realidade é ainda mais dramática
pois Figueiró dos Vinhos é um dos três municípios que está em
contraciclo com todos os outros concelhos do distrito de Leiria: há
agora mais pessoas sem emprego do que há um ano.
Também
o Conselho de Finanças Públicas se tem pronunciado, mais uma
vez, sobre o Município de Figueiró dos Vinhos. O problema não é
novo e bem o dispensávamos. Não sendo novo, nem para o Conselho de
Finanças Públicas, nem para a Direção-Geral das Autarquias
Locais, podemos até dizer que é recorrente na gestão socialista da
câmara municipal. Refere o Relatório nº 5/2020, recentemente
tornado público, que no final de 2019 quase dois terços dos
municípios portugueses apresentavam um Prazo Médio de Pagamentos
inferior a 30 dias. Em contraciclo com estes concelhos está a câmara
de Figueiró dos Vinhos com um prazo médio de pagamento
superior a sete meses (211 dias). Também a Direção-Geral
das Autarquias Locais confirma este número na publicação que fez
em 28 de abril de 2020. Dos 308 municípios do país há 296
concelhos que pagam melhor que Figueiró dos Vinhos e apenas 11 que
pagam a prazo superior.
Na
Saúde não se prevê melhoras. Os Figueiroenses bem podem esperar
por soluções para os seus problemas, na mesma medida em que o
executivo PS, sem capacidade reivindicativa e de reconhecimento pelos
seus pares, pode esperar pelo agendamento de uma reunião que não
consegue com a Ministra da Saúde, também ela PS. Relembramos que
a verba prevista pela câmara municipal de Figueiró
dos Vinhos nas Grandes Opções do Plano para 2020 e no que respeita
a Melhoria das Condições de Acesso aos Cuidados Primários
de Saúde é de 500€.
No Turismo é
mais do que evidente a ausência de uma estratégia coerente
que alavanque o concelho num setor em que temos inúmeras
potencialidades. Mais uma vez as nossas praias fluviais ficaram sem
Bandeira Azul. Também aqui a verba prevista nas Grandes Opções do
Plano para 2020 para a reformulação/dinamização de Espaços
Públicos na vila e nas Freguesias mereceu uns
previstos 500€, e o Parque de Campismo ficou
orçamentado com 1€, apenas para manter a rúbrica
aberta.
Hoje,
lamentamos também que as comemorações do Dia do Concelho não
possam englobar as cerimónias religiosas e a evocação ao nosso
santo padroeiro S. João Batista, sendo no entanto compreensível
esta medida. Porém, o que não é compreensível é que a
nossa igreja matriz continue fechada e vedada aos figueiroenses com
grave prejuízo para os paroquianos e para a dinamização do
comércio local.
Não
há dúvida que o Turismo é um fenómeno de extrema complexidade.
Torna-se necessário planear um conjunto de atrativos que provoque
o desejo de permanecer, para não criarmos, por
nossas próprias mãos, o turista de passagem. Vejam-se, por exemplo,
as repercussões da constituição da Cooperativa do Ramo Cultural.
REDE CULTURA 2027 LEIRIA – Cooperativa de Responsabilidade
Limitada. O que ganha Figueiró dos Vinhos com esta Cooperativa do
Ramo Cultural se a oferta de produtos culturais, subjacente à
viabilidade da mesma, está dependente da população que serve? O
Estudo de viabilidade económica subjacente à sua constituição
alerta para a evolução negativa da população em
11 municípios onde se inclui Figueiró dos Vinhos, sendo que estes
representam apenas 30% da população global enquanto os outros 15,
os chamados grandes municípios a maioria do litoral, registaram uma
evolução positiva em termos demográficos e representam 70% da
população global.
A
falta de empenho na captação de investimento privado, o
desequilíbrio financeiro e aumento da dívida da câmara municipal,
as graves problemáticas da gestão da água e saneamento, entre
tantos outros fatores exige uma dimensão superior da instância
política.
E
afóra este mudar-se cada dia,
Outra
mudança faz de mór espanto,
Que
não se muda já como sohia
Luís
Vaz de Camões
Temos
defendido que as políticas municipais devem potenciar o
desenvolvimento económico e a captação de investimento gerador de
riqueza e emprego para o nosso concelho. Hoje, como no futuro, essas
políticas são e serão cada vez mais decisivas na concorrência
entre os municípios para atração de atividades económicas dos
diversos setores e para a fixação de populações.
Conscientes
das nossas responsabilidade e dos desafios que nos esperam, desejamos
neste dia assegurar aos Figueiroenses que somos essa
alternativa, que não nos conformamos, nem resignamos perante o
estado a que o concelho chegou, transmitindo-lhes um sinal de
esperança, na convicção de que podem contar connosco e com a nossa
determinação para lutar por um concelho próspero, desenvolvido,
moderno, com emprego, que apoie os mais desprotegidos e que crie
condições para os mais jovens aqui se fixarem e viverem.
Um
presente e um futuro construído com políticas
credíveis direcionadas para a criação de emprego, capazes
de estancar a desertificação humana e que visem o desenvolvimento
económico e o turismo, o apoio às famílias, às empresas e ao
comércio local. Mas também outras que perspetivem uma intervenção
mais marcante do município na educação, na cultura, na ação
social, na habitação e urbanismo, no saneamento e qualidade de
Vida. Em suma é preciso inverter esta política que tem levado ao
empobrecimento do concelho e dos Figueiroenses.
A
terminar agradecemos a todos e a cada um dizendo que
é para nós uma honra servir o Concelho de Figueiró dos Vinhos. O
PSD e os seus eleitos, na Câmara, na Assembleia Municipal e nas
Juntas e Assembleias de Freguesia, continuarão determinados em levar
por diante o mandato que lhes foi confiado pelos cidadãos do
concelho, honrando os seus compromissos na oposição e assumindo com
frontalidade e determinação a diferença de um projeto alternativo
para o concelho, sendo certo de que se fossemos poder
faríamos muitas coisas melhor, de forma diferente e certamente com
melhores resultados para as pessoas e para o desenvolvimento e
progresso do nosso território.
Viva
o concelho de Figueiró dos Vinhos!
Viva
Figueiró!
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