Evento decorreu no fim de semana e atraiu milhares de pessoas, ansiosas por atividades culturais, apreciadas em total segurança
“Águeda continua viva e a surpreender. Demonstrámos que é possível proporcionar coisas diferentes a um público que está ansioso por ter atividades na rua e estar em contacto com as diferentes formas de arte”, começou por dizer Edson Santos, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Águeda, referindo ainda que ficou claro que o Águeda Drive-In, que decorreu este fim de semana, “foi o sucesso que toda a gente viu”.
Este fim de semana, à imagem do que foram os últimos 14 anos, teria sido o arranque do AgitÁgueda. “Tivemos de reinventar tudo isto”, declarou Edson Santos, para quem este modelo garantiu o cumprimento das medidas de segurança e de saúde pública recomendadas pela Direção-Geral de Saúde de combate ao alastramento da COVID-19.
Nos três dias do evento, estiveram mais de 1.000 carros no recinto, o que permite à organização afirmar que a iniciativa foi um sucesso. Para o Vice-Presidente da Autarquia é importante realçar “a forma exemplar como as pessoas se portaram no cumprimento das regras do evento, salvaguardando-se a eles próprios e aos outros”.
O primeiro espetáculo, que foi traduzido integralmente, no local e em direto, em Língua Gestual Portuguesa, trouxe muita comédia ao palco montado nas imediações do parque de estacionamento junto ao Mercado Municipal de Águeda; no sábado, a noite foi dedicada à música; e, no domingo, houve sessão dupla de cinema. Nos três dias, as regras foram as mesmas: as pessoas chegaram de carro, sintonizavam o auto-rádio num canal específico para o evento e assistiam comodamente nas suas viaturas, junto apenas da família e amigos. Cada carro formava, assim, uma “bolha” de segurança e permitiu manter o distanciamento social necessário para que o espetáculo pudesse ser apreciado.
E todos, desde os artistas ao público, teceram rasgados elogios tanto à organização como à iniciativa de trazer cultura para a rua num formato diferente do habitual, mas que garante a segurança de todos.
Os artistas assumiram que estar em cima do palco, tendo carros por plateia, foi inusitado e uma forma muito diferente de atuar. “É um pouco estranho, temos que imaginar as reações”, disse Hugo Sousa, um dos humoristas que lotaram o primeiro dia do espetáculo, na sexta-feira à noite. “Como tem tudo na vida, temos que experimentar coisas novas e esta foi uma que valeu muito a pena”, garantiu.
Pedro Neves, outro comediante, salientou a forma como o espetáculo decorreu, sempre animado, porque, como referiu, “a manifestação de interesse não deixa de acontecer, só que os aplausos são trocados por buzinadelas e sinais de luzes”. Já João Paulo Rodrigues e Pedro Alves (Roscas e Estacionâncio) afirmaram estar satisfeitos com o evento e o sucesso alcançado. “Foi provavelmente o espetáculo mais silencioso do mundo, achamos que estamos sozinhos”, disse João Paulo, para logo garantir que o público, entre acenos de dentro do carro, buzinadelas e sinais de luzes, “foi fantástico”.
Os The Black Mamba, que já tinham estado em Águeda duas outras vezes, subiram ao palco, no sábado, e Pedro Tatanka não escondeu o divertimento sentido nesta que foi a sua primeira experiência num drive-in. “Depois disto tudo passar, nunca mais teremos a oportunidade de tocar para carros a acenar com o limpa-vidros, com os máximos e os quatro piscas ligados. Foi uma experiência muito fixe”, disse o líder da banda, acrescentando que “o pessoal de Águeda tem uma onda muito fixe”. Os outros elementos, Ciro Cruz e Miguel Casais, consideram esta forma de atuar “diferente”, mas “altamente surpreendente”.
Os eventos atraíram pessoas de toda a região e país, prova de que Águeda continua a ser uma cidade criativa e dinâmica. Ana Ferreira, de Aveiro, disse que esta foi uma “forma interessante” de trazer cultura para a rua e que criou uma “interatividade gira” entre as pessoas e os artistas. Sérgio Rafael, de Braga (que veio de propósito para o evento), defendeu que este tipo de iniciativas, que “são muito interessantes”, deveriam ser repetidas.
“Espetacular, impecável, desde os espetáculos às regras de segurança, tudo muito bom”, afirmou Anabela Reis, de Águeda, e João Martins, de Oliveira do Bairro, complementou declarando que “foi uma boa iniciativa por parte da Câmara Municipal”.
Edson Santos, Vice-Presidente da Câmara de Águeda, conclui que reinventar, tal como foi feito para este evento, é um verbo que tem de estar em constante uso nos próximos tempos, uma vez que a pandemia ainda não terminou. “Se quisermos fazer alguma coisa, temos de arriscar, claro que tendo sempre em conta a segurança e saúde pública, que estão em primeiro lugar”.
O Vice-Presidente da Câmara de Águeda avançou, ainda, dentro das ações pensadas para dinamizar o Concelho nesta época (dependendo algumas do caminho que o desconfinamento seguir), é o aumento do roteiro de arte urbana, para além de algumas instalações provisórias e temporárias, que poderão ser visitadas de uma forma tranquila e evitando a presença de grandes aglomerados de pessoas nas ruas.
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