O
ano letivo 2019/2020 estás prestes a terminar ficando este marcado
pelos efeitos causados pela pandemia, seja a nível económico,
social ou político, não apenas no nosso país mas no mundo.
As
Instituições de Ensino Superior viveram também momentos difíceis
com a necessidade de transitar de forma massiva o modelo de ensino e
aprendizagem presencial para o ensino à distância.
Após
um período difícil e determinado pelo esforço de adaptação e de
mudança que professores, estudantes, funcionários e dirigentes
levaram a cabo, torna-se relevante avaliar os impactos do novo modelo
de ensino no desempenho académico dos estudantes.
Foi
neste sentido que o IPCA, em parceria com a Associação Académica
do IPCA, decidiu aplicar um questionário a todos os estudantes de
forma a compreender as suas perceções sobre o impacto da transição
para o ensino à distância no desempenho académico e aquisição de
competências.
As
principais conclusões indicam que o ensino não presencial perde em
muitas áreas para o ensino presencial.
Os
resultados mostram que cerca de 80 % dos estudantes aprovam a
generalização do ensino não presencial adotada pelo IPCA no âmbito
das medidas adotadas pela instituição e pelo país para ajudar na
sustentação da pandemia associada ao SARS-COV-2. Por outro lado,
cerca de 70% dos estudantes dão nota positiva ao uso do moodle como
plataforma centralizadora nos processos de ensino e aprendizagem.
Todavia, as avaliações positivas não escondem as dificuldades
associadas ao ensino não presencial.
E,
neste domínio, destacam-se claramente as dificuldades na aquisição
de conhecimentos e competências uma vez que cerca de 67% consideram
que foi bastante mais difícil adquirir conhecimentos na modalidade
de ensino não presencial do que na presencial. Indicam mesmo que a
aquisição das competências desejadas em determinadas áreas que
exigem trabalho prático e laboratorial é posta em causa. Se é
árduo aprender, de uma forma geral, mais espinhoso é alcançar e
desenvolver competências nas unidades curriculares com elevada carga
prática e laboratorial. Foi precisamente isso que sentiram 76% dos
estudantes que responderam ao questionário.
Se
os números são expressivos mais eloquentes se tornam quando os
associamos às vozes dos discentes: “(…)Aulas práticas
lecionadas via online em nada se equiparam às aulas presenciais!”,
“o material e equipamento que temos disponível na sala de aula
para a realização de trabalhos práticos não nos é
disponibilizado em casa. Uma desvantagem muito grande em algumas
disciplinas”; “(…) aulas à distância não proporcionarem um
ensino equivalente às aulas presencias.”
Para
as dificuldades atrás enumeradas muito parecem ter concorrido as
vivências acerca da sobrecarga de trabalho e da diminuição das
interações com docentes e colegas. Cerca de 75% dos estudantes
sentiram um aumento muito expressivo a este nível. Por outro lado,
63% dos estudantes sentiram que o ensino não presencial complicou e
atrapalhou os contactos com os docentes e, por conseguinte, o
acompanhamento que estes realizavam enquanto aprendiam em sala de
aula ou fora dela.
Mais
uma vez, as vozes dos alunos traduzem essas dificuldades: “A
sobrecarga de trabalhos diariamente. Trabalhos que requerem muito
rigor, e que devido o ensino ser à distância se manifestarem mais
complexos no ponto de vista de quem nunca teve conhecimentos sobre
aquela matéria específica”.
Também
as vivências académicas, avaliadas na dimensão do convívio com
colegas, na partilha de experiências, foram brutalmente afetadas.
Mais de 70% dos alunos assim o referem.
Face
aos resultados que agora constatamos através deste questionário a
Presidente do IPCA refere que “a transição massiva para o ensino
à distância foi uma medida necessária para o combate à situação
que vivemos desde o início de março. Mas percebemos que a
generalização do ensino não presencial ocorreu num contexto muito
particular. Sabemos que foi difícil, que as mudanças foram rápidas,
tendo sido exigido aos alunos, aos professores e a toda a comunidade
IPCA muito esforço e dedicação. Conhecer as perceções e
vivências dos estudantes durante este período é importante e tudo
faremos, aliás, como temos feito ao longo dos anos, para continuar a
cumprir a nossa missão: Contribuir para o desenvolvimento da
sociedade, estimular a criação cultural, a investigação e
pesquisa aplicadas e fomentar o pensamento reflexivo e humanista”.
Estes
resultados são fundamentais para a o planeamento em curso do próximo
ano letivo que, apesar do contexto ainda de combate à pandemia,
deverá privilegiar o ensino presencial e a vivência académica no
Campus e Polos.
Os
resultados deste inquérito serão apresentados amanhã dia 31 de
julho no campus do IPCA com vista à sua partilha e discussão junto
da comunidade académica.
Ana
Teixeira
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