Paulo
Rocha e Bárbara Gomes, cientistas da Universidade de Coimbra (UC),
acabam de ser contemplados com bolsas “Starting Grant” do
European
Research Council
(ERC), no valor de quatro
milhões de euros.
Paulo
Rocha, do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), recebe 2,2 milhões de
euros para concretizar o projeto “Green – Generating Energy from
Electroactive Algae”, que visa a geração de energia limpa e
sustentável através da comunicação entre algas.
Para
o investigador, este projeto, com a duração de cinco anos,
«alinha-se
no desenvolvimento de uma nova fonte de energia limpa, de baixo
custo, com vista a minimizar significativamente os custos de
eletricidade, o uso de combustíveis fósseis e emissões de dióxido
de carbono».
Paulo
Rocha, que expressa um «orgulho
imenso de ter sido selecionado num dos programas mais competitivos do
mundo da ciência. E, também, um orgulho por poder desenvolver este
projeto em Portugal, na Universidade de Coimbra»,
revela que a atribuição desta bolsa europeia vai permitir a criação
de um laboratório de renome mundial em Bioenergia e Bioeletrónica.
Por
seu turno, Bárbara Gomes, docente da Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra (FMUC), obtém 1,8 milhões de euros para
realizar um estudo inovador sobre as experiências dos cidadãos em
relação ao local onde preferem morrer e onde realmente morrem,
intitulado “EOLinPLACE – Choice of where we die”. A
investigação será desenvolvida em quatro países com realidades
contrastantes - Portugal, Holanda, Uganda e Estados Unidos.
Este
projeto, que irá contribuir para aumentar a humanização e
qualidade na prestação dos cuidados de saúde em fim de vida,
«ambiciona
transformar a forma como classificamos e entendemos os locais onde as
pessoas são cuidadas no final da sua vida e onde acabam por morrer.
Vamos refinar as classificações atuais, que são incompletas e
inconsistentes entre países, como, por exemplo, a classificação de
local de morte que é utilizada nos certificados de óbito. Vamos
também deslocar o foco da nossa atenção do derradeiro local de
morte para a trajetória individual de fim de vida que o antecede, o
que acreditamos ajudará a perceber melhor o que leva as pessoas a
morrer onde morrem»,
afirma Bárbara Gomes, investigadora do Centro de Inovação em
Biomedicina e Biotecnologia (CIBB) da Universidade de Coimbra.
Com
o financiamento do Conselho Europeu de Investigação agora obtido, a
equipa liderada por Bárbara Gomes, que reúne investigadores de
várias áreas – medicina, enfermagem, estatística e psicometria,
psicologia, sociologia, antropologia, economia e investigação em
serviços de saúde –, vai desenvolver estudos qualitativos e
quantitativos nos próximos cinco anos, trabalhando lado a lado com
«representantes
de doentes e das suas famílias, e seguindo pessoas com doenças
potencialmente fatais ao longo do tempo, com o objetivo de criar uma
base científica sólida para uma classificação internacional
contemporânea e pioneira que permitirá mapear os locais onde as
pessoas preferem ser cuidadas e onde são realmente cuidadas. Assim,
conseguiremos capturar a diversidade de trajetórias individuais de
fim de vida e possibilitar escolhas».
Sobre
o impacto que esta investigação poderá ter nos cuidados de saúde
em fim de vida, a também investigadora do King's College London
acredita que, «num
mundo em transformação, com cada vez mais necessidade de bons
cuidados de fim de vida e paliativos, ampliadas no presente contexto
pandémico, e com recursos limitados, este projeto abrirá novos
rumos para cuidarmos melhor dos que estão prestes a deixar-nos, por
motivo de doença progressiva e incurável, sejam eles adultos,
adolescentes ou crianças. Com novo conhecimento sobre trajetórias
individuais de fim de vida e com uma classificação internacional
que poderá ser utilizada para planear os cuidados e monitorizar
resultados em saúde, ajudaremos as pessoas a ser cuidadas, a viver e
a morrer onde preferem estar».
Para
a Vice-Reitora da UC responsável pelo pelouro da investigação,
Cláudia Cavadas, estas duas prestigiadas bolsas europeias «vão
reforçar e potenciar a investigação de excelência na UC. Ao longo
dos anos, o financiamento do ERC tornou-se numa referência
internacional no apoio aos cientistas que desenvolvam investigação
de excelência e que cruza fronteiras e diferentes áreas do
conhecimento. A investigação ERC é também essencial para superar
os desafios societais presentes e futuros. Assim, dada a relevância
deste tipo de projetos de investigação, a Reitoria da UC elegeu
como uma prioridade e reforçamos o apoio às candidaturas ao ERC com
a iniciativa ERC@UC, em que damos treino e acompanhamento aos
investigadores para terem uma candidatura de sucesso e criamos
condições de acolhimento muito interessantes».
O Conselho
Europeu de Investigação foi criado em 2007 pela União Europeia
(UE) para financiar cientistas de excelência. As bolsas “ERC
Starting Grants” são destinadas a cientistas em início de
carreira, possibilitando-lhes formar grupos de trabalho e desenvolver
projetos em diferentes áreas científicas.
Cristina
Pinto
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