A Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Cidália Ferreira, fez parte ontem, 6 de outubro de 2020, da sessão da Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar dedicada ao problema da poluição da bacia hidrográfica do Lis.
Nas declarações prestadas a Presidente afirmou que “quem tem pago a fatura das descargas ilegais no Rio Lis tem sido a População que não só tem de aguentar com os maus cheiros que infestam as ruas e as habitações, como se vê também prejudicada, no caso da Praia da Vieira, na sua subsistência, muito assente na atividade turística.”
A Presidente informou a Comissão que nestes últimos 3 anos (2018, 2019, 2020) a Câmara Municipal tem feito a monitorização com análises semanais das águas do Rio Lis dentro dos limites do território do concelho da Marinha Grande, em particular durante a época balnear, através de recolha de amostras em pontos estratégicos. Esses resultados evidenciam um padrão de focos de contaminação com elevada concentração de bactérias e. coli e enterococos intestinais.
Perante os resultados evidenciados, a Presidente da Câmara afirmou que “não podemos deixar de questionar até que ponto a atividade da ETAR do Norte não estará também neste momento a agravar o problema da poluição do Rio Lis. E ainda até que ponto os valores que se encontram a jusante dessa estação de tratamento poderão ser parcialmente explicados por anomalias na sua atividade regular, quanto neste momento está em causa ainda a intenção desta estação vir a tratar de maior quantidade de efluentes suinícolas. Cidália Ferreira disse igualmente que no ano passado após queixa de uma descarga irregular da ETAR do Norte para o Rio Lis, a 09 de agosto remeteu ao Gabinete do Senhor Ministro do Ambiente um ofício dando conta destas preocupações e das questões colocadas à Águas do Centro Litoral (AdCL) e sobre as quais lamentavelmente não se teve uma resposta clarificadora.
A Presidente deixou também um apelo a que o Ministério do Ambiente desenvolva um estudo mais aprofundado sobre a qualidade e a garantia de segurança da ETAR do Norte para despistar qualquer possibilidade de esta estar a contribuir para a contaminação da parte final do trajecto do Rio Lis. Como tal, a Presidente opõe-se ao uso intensivo daquela ETAR para o tratamento destes resíduos e reclama a construção efetiva de uma Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas para a Região de Leiria, conforme compromisso dos Governos anteriores e da Associação de Produtores. E ainda que seja definida uma estratégia que seja traduzida em objetivos operacionais e que estes sejam concretizados num espaço de tempo razoável e aceitável para todos os interessados e não apenas para uma das partes. As Câmaras Municipais chamadas a este processo estarão decerto disponíveis e empenhadas em colaborar seja com as Entidades Públicas, seja com as Associações Privadas para desenhar e construir uma solução. Referiu que “É preciso valorizar os nossos Rios, todos eles, e eu peço que se olhe com um novo olhar para o Rio Lis, fazendo a sua devida valorização e reconversão ambiental, para preservação da sua fauna e flora, para salvaguarda das paisagens que ele ajudou, lentamente, a moldar, para o seu aproveitamento agrícola, mas também considerando todo o seu potencial turístico.”
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