Governante esteve anteontem de visita ao concelho de Águeda, onde conheceu algumas empresas e boas práticas de ambiente e sustentabilidade desenvolvidas pelo Município.
Estreitar os laços de amizade que unem Águeda e Bissau, duas cidades geminadas há cerca de 20 anos, foi um dos objetivos de uma visita que o Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau fez anteontem ao concelho de Águeda. Laços que se poderão traduzir em cooperação a várias níveis, desde culturais, sociais, formativos ou empresariais.
Nesta que foi a primeira vez que um Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau visitou o Município de Águeda, Nuno Gomes Nabiam salientou precisamente essa ligação ao concelho. “Queremos reafirmar as relações que existem entre as cidades de Bissau e Águeda”, apontou o governante guineense, acrescentando que veio ao concelho e a Portugal demonstrar as potencialidades do seu país. Disse acreditar que estão abertas “novas oportunidades para unir” as duas cidades-irmãs.
Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, garantiu querer manter e reforçar esta ligação de mais de duas décadas entre as duas cidades. “As geminações são, acredito, muito mais do que meros documentos que se assinam. São, antes de tudo, sinais de intenção para se trabalharem áreas em conjunto, de uma forma bilateral”, defendeu frisando que se pretende colaborar “para desbravar caminhos e para levar o progresso – social, económico e educativo – onde há carência”.
Um progresso que pode ser conquistado com investimento internacional, nomeadamente português e aguedense, com o tecido empresarial local (caracterizado por mais de 750 indústrias transformadoras num universo de 5.500 empresas de diversos setores de atividade, geradoras de mais de 2.000 milhões de euros anuais de faturação) a apostar na Guiné-Bissau como “porta de entrada” para o mercado africano.
Não obstante este desejo, Jorge Almeida, consciente da situação socio-política daquele país africano, apontou algumas condições para que este investimento possa ser concretizado. “Não somos alheios aos riscos existentes; será necessário que o Governo da Guiné-Bissau dê condições e garantias quanto à segurança e continuidade dos investimentos que se possam iniciar”, declarou na sessão de boas-vindas, ontem, no Centro de Artes de Águeda, sublinhando que os investimentos devem poder ser “caminhos traçados a longo prazo, no qual se assumam compromissos, não podendo ficar sujeitos a condicionantes políticas que os possam fragilizar”.
“Cabe ao poder político demonstrar que tem a capacidade de dar as garantias necessárias para que a senda do crescimento e do desenvolvimento pouse em definitivo na Guiné-Bissau”, apontou Jorge Almeida, defendendo que o Governo da Guiné-Bissau terá de garantir “estabilidade, previsibilidade e segurança para quem investe”. Desse modo, certamente vai “encontrar e motivar parceiros interessados em investir e desenvolver o País e não apenas no lucro imediato que as suas riquezas endógenas fazem perspetivar”.
O Presidente da Câmara de Águeda disse acreditar que “a cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal, pelas razões históricas, pela língua oficial comum, pelas relações familiares e de grande amizade entre os dois povos, será sempre a que melhor pode resultar”. E Águeda está “disposta a colaborar, de uma forma estreita e dentro das suas possibilidades, para ajudar a que a Guiné-Bissau entre no caminho do desenvolvimento, da modernidade e da desburocratização”.
Jorge Almeida frisou para que a Guiné-Bissau ganhe “um novo impulso” e seja “menos dependente do exterior”, é fundamental “capacitar as pessoas, agilizar processos e diminuir a burocracia, no fundo, modernizar o País”. A formação é uma área base para que esse caminho seja trilhado, sendo que Águeda se disponibiliza para contribuir para isso, através de centros de formação ou outras entidades que possam receber guineenses que, “depois de formados e capacitados com conhecimento académico e técnico, regressem à Guiné-Bissau e contribuam com o seu saber para o crescimento deste país” e que aqui “sejam empreendedores”.
Guiné-Bissau é “um país em mudança”
Nuno Gomes Nabiam, Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, reconheceu que o país tem passado por crises políticas cíclicas que o tornam pouco atrativo para o mercado internacional. “A Guiné-Bissau é conhecida por algumas perturbações políticas”, assumiu, garantindo que tudo fará “para criar as condições necessárias para que o investimento estrangeiro possa ser feito no país”.
“A Guiné-Bissau é um país que precisa de tudo, mas é também um país de oportunidades”, afirmou, lançando o repto para que seja organizada uma visita de empresários à Guiné-Bissau para que essas potencialidades seja observadas no terreno.
Presente na cerimónia, a Associação Empresarial de Águeda e a AIDA – Associação Industrial do Distrito de de Aveiro apresentaram a matriz industrial e empreendedora desta região, que tem apostado cada vez mais na internacionalização, podendo a Guiné-Bissau ser um país aliciante a novos negócios.
“A Guiné-Bissau é um país que está num novo ponto de partida”, disse Hélder Vaz Lopes, Embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, acrescendo que o país tem recursos naturais (dos setores florestal, hídrico, pescas, agricultura, minérios) e potencial humano (cerca de 64 por cento da população tem entre zero e 24 anos) que podem ser atraentes ao investimento. “Este governo está apostado no desenvolvimento e em fazer deste um país exportador”, declarou, acreditando ser possível credibilizar a sua imagem externa a cativar investidores para várias áreas, entre as quais a agricultura, a pesca, a indústria e o turismo.
Depois da cerimónia, a comitiva da Guiné-Bissau fez uma visita a algumas empresas do concelho de Águeda, terminando o dia no Parque da Boiça, em Valongo do Vouga, onde ficaram a conhecer não só aquele espaço natural recentemente reabilitado, mas as técnicas e boas práticas desenvolvidas no Município quanto à requalificação dos rios, ribeiras e recursos hídricos.
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