quarta-feira, 30 de junho de 2021

Procissão do Preciosíssimo Sangue de Jesus

 

No dia 1º de julho celebra-se a festividade instituída pelo Papa Beato Pio IX em 1849, em ação de graças pela libertação de Roma, com a vitória dos exércitos franceses e pontifícios sobre a Revolução nacionalista anti-clerical que o obrigara a exilar-se em Gaeta. São Pio X fixou-a para este dia. Mas na Alemanha essa importante festividade remonta ao século XI.

Luis Dufaur

Em anos normais se realiza a Blutritt [Procissão do Preciosíssimo Sangue]. A procissão é realizada a cavalo, em honra de uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Acontece na cidade de Weingarten, Baden-Württenberg (Alemanha), na 6ª feira após a Ascensão, ou Blutfreitag [Sexta-feira do Sangue]. A tradição ordena que só os homens participem.

A Abadia de Weingarten conserva, há mais de 950 anos, uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela é exposta uma vez ao ano na igreja do Mosteiro.

No dia da festa, um sacerdote ou ‘Cavaleiro do Sangue’ a leva pelas ruas da cidade. É acompanhado por três mil cavalarianos, pertencentes a mais de 100 grupos, em fraque e cartola. Uma banda de 80 componentes desloca-se em torno ao Cavaleiro do Sangue.

São Longino, o centurião miraculado foi um dos primeiros propagadores da Fé de Jesus Cristo. Procissão nas Filipinas

A procissão é religiosa e civil. Romeiros de toda a Suábia Superior e da Baviera vêm à festa. Esse Sangue foi colhido por São Longino após a cura de seu olho. Ele foi o centurião romano que atravessou o lado de Nosso Senhor morto na Cruz. Na momento em que perfurou com sua lança no Sagrado Coração de Jesus, brotaram algumas gotas de sangue que atingiram seus olhos e o curaram da semi-cegueira que padecia.

Ele conservou esse Sangue, junto a uma porção de terra do Calvário, numa caixa de chumbo. Batizado, partiu São Longino para Mântua (Itália). Antes sofrer o martírio, ele escondeu a caixa, e o local ficou esquecido. No ano de 804, quando Carlos Magno imperava sobre o Ocidente, o local foi milagrosamente revelado ao cego Aldibero.

A Sagrada Lança está conservada na Sainte Chapelle de Paris

Esse cego se dirigiu ao duque de Mântua, ao Imperador e ao Papa. Levado ao local da visão, a caixa foi encontrada e Aldibero recuperou a vista imediatamente.

Grande devoção passou a cercar a relíquia. O Papa São Leão III a venerou publicamente. Porém, voltou a desaparecer durante as invasões húngaras e normandas.

Em 1048, ela foi redescoberta, tendo sido solenemente reconhecida pelo Papa São Leão IX na presença do imperador Henrique III e muitos dignitários.

Judite, duquesa da Baviera, irmã do conde Balduíno V de Flandres e de Santa Adela da França, doou o relicário à abadia de Weingarten. Ali, a relíquia é venerada há quase um milênio. Ela está exposta numa capela ao lado da basílica de São Martinho.

A procissão a cavalo remonta à Idade Média. Porém, o primeiro registro escrito que faz menção a ela data de 1529.

As festas começam na missa da Ascensão, com uma procissão das velas até a vizinha cidade de Kreuzberg. A procissão equestre inicia-se no dia seguinte, após a missa dos cavalarianos às 6 da manhã. Fanfarras e coros também fazem a romaria.

A procissão percorre as ruas da cidade acompanhada por mais de 30 mil romeiros. Ela se detém em quatro estações do caminho e termina a meio-dia diante da basílica. Ali, a relíquia é venerada pelos fiéis durante a tarde toda.

História da abadia

A abadia beneditina de Weingarten foi fundada em 1056, por Guelfo I, duque da Baviera. Os monges elaboraram famosas iluminuras de manuscritos, a mais famosa das quais é o Sacramentário de Berthold, de 1217.

Em 1274, o mosteiro ganhou estatuto de feudo independente de qualquer poder temporal, exceto do imperador. Seu território era de 306 km2, incluindo muitas florestas e vinhedos.

A primeira igreja românica foi construída entre 1124 e 1182. Entre 1715–24 foi substituída por uma maior, em estilo barroco, ricamente decorada. Em 1803, a revolução anticristã se voltou contra o Sacro Império e aboliu os estados menores independentes, como Weingarten.

A abadia foi dissolvida e suas propriedades confiscadas pelo principado de Nassau-Orange-Fulda, e depois pelo reino de Würtemberg.

Naquela ocasião os riquíssimos relicários de ouro e pedras preciosas foram roubados de modo vergonhoso pelo laicismo rompante. Em 1812, sob os efeitos revolucionários das invasões de Napoleão, a procissão foi proibida. Mas retomou em 1849 e persiste até os presentes dias.

Em 1922, a abadia de Weingarten foi refundada por monges beneditinos da arquiabadia de Beuron e da abadia de Erdington (Inglaterra).

Em 1940, o nazismo expulsou os monges, mas eles voltaram após o fim da guerra. Os monges pertencem em parte ao rito romano e em parte ao rito bizantino. [Mais dados em Wikipédia].

ABIM 

Vídeo: Procissão do Preciosíssimo Sangue de Jesus

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