Fenprof pede medidas excecionais, para um ano que foi tudo menos “normal”
Os professores defendem que os alunos do secundário devem realizar apenas os exames de acesso ao ensino superior e as provas devem voltar a ter perguntas de opção, segundo um inquérito realizado pela Fenprof.
Este ano letivo está a ser tudo menos normal e para um ano excecional tem de haver, mais uma vez, medidas excecionais”, disse à Lusa o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), referindo-se ao impacto da pandemia de covid-19 nas escolas que levou ao isolamento de milhares de alunos, turmas e professores.
Mário Nogueira afirmou que este seria o ano de implementação de planos de recuperação dos alunos, no âmbito do Plano Escola+ 21|23, “mas os professores estiveram focados e a trabalhar para conseguir que não se continuassem a perder matérias”.
A posição da Fenprof baseia-se nas respostas de 114 diretores de agrupamentos que foram questionados sobre as condições que encontraram para implementar os planos de recuperação dos alunos.
Os docentes alertaram que 2020/2021 foi “mais um ano excecional” e que “dificilmente os planos de recuperação se poderiam desenvolver neste ambiente”, contou Mário Nogueira, apontando que “faltaram os recursos humanos solicitados” e mais uma vez os estudantes estiveram em casa.
Por isso, os diretores defendem que os exames nacionais devem voltar a ter perguntas de opção e os alunos devem realizar apenas os exames exigidos para o acesso ao ensino superior, revelou Mário Nogueira.
A Lusa questionou a Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) se já havia uma decisão relativa a voltar a realizar-se apenas os exames pedidos pelas instituições, e o presidente da CNAES explicou que estava agendada uma reunião “para 3 de março precisamente para debater o assunto”.
Fontainhas Fernandes reconheceu que este ano letivo “as escolas voltaram a viver um cenário excecional”, com a 5.º vaga de covid-19 e milhares de alunos isolados, mas o parecer do CNAES só será conhecido depois do encontro que junta representantes das universidades, institutos politécnicos, sistema privado e cooperativo.
Mário Nogueira lembrou que “foi um ano letivo cujo segundo período se iniciou com o número de novas infeções diárias a atingir as dezenas de milhar, uma quinta vaga cujo pico só foi atingido já em fevereiro e a situação só melhorou, recentemente, quando foram alteradas as regras em que apenas os infetados ficavam em isolamento. Ora tudo isto teve um forte impacto nas comunidades escolares”.
A Fenprof questionou os diretores sobre quais as medidas de exceção que deverão ser tomadas, mas as respostas só serão conhecidas na quinta-feira, numa conferência de imprensa, depois de concluído o trabalho de análise das respostas ao inquérito.
Para já, as respostas dos diretores mostram que muitas escolas tiveram dificuldades em reunir condições para concretizar os seus planos de recuperação: “Faltaram professores, mas também assistentes técnicos”, acusou Mário Nogueira.
Nos dois últimos anos letivos, as provas de avaliação externa sofreram alterações devido à pandemia de covid-19, que levou à suspensão das provas de aferição e das provas finais de 9.º ano. O Governo escolheu manter apenas os exames nacionais do 11.º e 12.º anos que, no entanto, deixaram de ser obrigatórios e serviam apenas para o ingresso no ensino superior e, no ano letivo passado, para efeitos de melhoria da classificação interna.
Neste momento, ainda existe um calendário escolar que prevê a realização de todas as provas e os exames são obrigatórios para a conclusão do ciclo de ensino, contabilizados para a avaliação interna, e sem o formato excecional dos últimos dois anos que incluía nas provas um conjunto de perguntas opcionais em que contava a melhor resposta.
SIC Notícias/ Lusa
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