Inteligência artificial aliada à robótica médica melhoram a precisão das intervenções do cancro da mama
O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum a nível mundial e uma das principais doenças que afetam as mulheres. É uma doença com bastante impacto na sociedade, não só pela sua gravidade, mas também porque agride um órgão vital e símbolo da feminilidade.
Todos os anos, 2.1 milhões de mulheres têm cancro da mama e em 2018, 15% de todas as mortes por cancro na mulher foram causadas por cancro da mama, o que corresponde a 627.000 mortes por ano. Em Portugal, anualmente são detetados cerca de 7.000 novos casos de cancro da mama, e 1.800 mulheres morrem com esta doença no nosso país.
O diagnóstico precoce das lesões da mama e o tratamento do cancro da mama são primordiais para reduzir a mortalidade. O diagnóstico atual é realizado através de mamografia e ecografia, sendo posteriormente realizada uma biópsia para compreender a malignidade da lesão. Este procedimento complexo exige bastante treino médico para visualizar corretamente as anatomias e localizar a lesão.
De forma a melhorar alguns dos procedimentos, o projeto OncoNavigator, desenvolvido no Laboratório de Inteligência Artificial Aplicada (2AI) do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), pretende estudar e desenvolver uma nova solução tecnológica de navegação que combina em tempo real as imagens da ecografia mamária, com inteligência artificial e robótica médica para melhorar a precisão das atuais intervenções do cancro da mama.
João Vilaça, é Pró-Presidente para a Investigação e Inovação do IPCA e Coordenador do 2AI, e vê neste projeto inovador uma solução inteligente que permitirá diagnósticos mais rápidos e facilitará a identificação de possíveis lesões, reduzindo o risco de erro no diagnóstico: “Este é um projeto multidisciplinar que visa dar resposta ao diagnóstico e à intervenção através da biópsia do cancro da mama. Conseguimos criar uma espécie de reconstrução tridimensional onde caracterizamos a lesão, até agora muitas vezes avaliada de forma bidimensional, e criamos sistemas e dispositivos aumentados apoiados por robôs (ou não). Estes sistemas, de alguma forma, criam ao médico uma espécie de superpoder que vai permitir chegar à lesão de uma forma mais precisa e objetiva naquilo que é a sua caracterização e diagnóstico”.
Recentemente, tem-se registado um aumento da procura de soluções de robótica colaborativa para integração em procedimentos médicos, estando confirmado a eficiência do mesmo. No caso do OncoNavigator e aliado ao método inovador e certeiro do tratamento, destaca-se o imediatismo: os métodos de inteligência artificial analisam as imagens em menos de 1 segundo.
Este projeto encontra-se em desenvolvimento no 2Ai da Escola Superior de Tecnologia do IPCA, em parceria com o ID+ - Research Institute for Design, Media and Culture da Escola Superior de Design do IPCA e o CICF – Centro de Investigação em Contabilidade e Fiscalidade da Escola Superior de Gestão do IPCA. O projeto é liderado por João Vilaça e possui uma equipa multidisciplinar de 12 investigadores e 10 bolseiros de investigação, incluindo clínicos. A equipa alia a base tecnológica, o design, e também o estudo das dimensões económicas do projeto no que toca ao potencial de valorização das tecnologias a desenvolver durante projeto.
O primeiro protótipo da solução robótica será apresentado na feira MEDICA (Dusseldorf, na Alemanha) durante o mês de novembro. Seguidamente, serão realizados um conjunto de testes em laboratório para validação técnica de toda a solução desenvolvida. A inclusão deste género de tecnologias em ambiente hospitalar requere a realização de testes de validação exaustiva e a certificação do produto de acordo com as normas internacionais.
Este projeto é suportado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte (NORTE2020) do Portugal2020.
Ana Teixeira
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