A denúncia é feita pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar. Quando o INEM chegou ao local, o homem de 64 anos já estava em paragem cardíaca. Ainda foram feitas manobras de reanimação mas o óbito acabou por ser declarado no local.
Segundo o sindicato, se o tempo de socorro tivesse sido mais curto, as probabilidades de sobrevivência seriam muito maiores.
Os técnicos garantem que vão exigir ao ministro da Saúde que tome medidas e defendem que o conselho de administração do INEM não tem condições para continuar a dirigir o instituto.
Em declarações ao 360 da RTP3, Rui Lázaro, do Sindicato dos Técnicos de Emergência Hospitalar, adianta que têm ocorrido vários atrasos por demora no atendimento das chamadas.
Atrasos "têm batido todos os recordes"
Na segunda-feira chegou a haver 149 chamadas já passadas pela Linha 112 em espera para serem atendidas na central de emergência do INEM.
Neste caso de Setúbal, a primeira equipa de emergência só foi enviada 1h16 depois do pedido de socorro, tendo chegado ao local pelas 12h05, duas horas após o pedido de ajuda.
Rui Lázaro sublinha que o sindicato tem recebido várias denúncias sobre os atrasos na prestação de socorro de emergência médica e que as mais recentes denúncias "têm batido todos os recordes".
O sindicato exige a demissão do Conselho de Administração do INEM e a intervenção da tutela.
INEM diz que devolveu chamadas a homem que morreu à espera de assistência em Setúbal
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) esclareceu entretanto que foram realizadas quatro tentativas de devolução de chamadas relativas ao caso de um homem que esperou duas horas na segunda-feira, em Setúbal, e acabou por morrer no local.
De acordo com o INEM, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) conseguiu "estabelecer contacto numa quarta tentativa", pelas 11:15, "contacto previsto no protocolo após as tentativas iniciais por forma a maximizar as hipóteses de atendimento".
"Além da chamada registada às 10:06, o CODU não recebeu qualquer outra chamada relativa a esta situação", adianta num comunicado enviado à agência Lusa.
O INEM indica que o sistema de `callback` (retribuir chamada, em tradução livre) registou apenas uma chamada não atendida às 10:06, tendo sido iniciado o processo de devolução da chamada três minutos depois, segundo o protocolo.
De acordo com o protocolo, foram feitas "mais duas tentativas, de 10 em 10 minutos, não tendo qualquer uma destas chamadas sido atendida".
"Foi efetuada a triagem clínica da situação e acionada, pelas 11:22, uma Ambulância de Socorro dos BV Águas de Moura. Pelas 12:05, os Bombeiros efetuam a passagem de dados ao CODU, dando conta que o utente se encontrava em paragem cardiorrespiratória (PCR). O CODU acionou imediatamente a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de Setúbal", prossegue.
"A vítima recebeu a assistência médica pré-hospitalar necessária, mas, infelizmente, não foi possível reverter a PCR sofrida, tendo sido verificado o óbito pela equipa médica da VMER", indica.
O INEM lembra ainda que "o sistema de `callback` foi criado com o objetivo de impedir que qualquer chamada realizada para o CODU fique sem atendimento".
"Este sistema permite recuperar chamadas desligadas ou que "caíram" por motivos técnicos antes de serem atendidas. Neste caso, foi seguido o protocolo definido", acrescenta, lamentando "profundamente o desfecho que a situação veio a conhecer e apresenta[ndo] aos familiares da vítima sentidas condolências".
RTP/Lusa
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