Carlos da Silva, deputado socialista na Assembleia francesa, e Olivier Miconnet, autarca do partido "Les Républicains" na região de Paris, têm visões diferentes sobre o peso do voto franco-português nas eleições regionais em França dos próximos dias 6 e 13 de Dezembro.
Para Carlos da Silva, que foi durante anos o braço direito do atual primeiro-ministro francês, Manuel Valls, "o voto português não é suficientemente importante" porque os portugueses não se envolvem o suficiente na vida política francesa.
"Em França há 600 mil pessoas com nacionalidade portuguesa, um milhão de pessoas com ascendência portuguesa. Tenha pena porque os portugueses não se implicam suficientemente na vida política. A França é um país profundamente republicano e oferece muitas oportunidades se nos implicarmos", disse o deputado à agência Lusa.
Já para Olivier Miconnet, membro da Associação de Autarcas de Origem Portuguesa Cívica, a ida às urnas dos portugueses tem um peso eleitoral.
"A comunidade portuguesa terá um peso no voto porque há décadas que a comunidade portuguesa partilha os valores da República francesa e tem todo o seu espaço nesta escolha regional", declarou o também presidente-adjunto da Câmara de Livry-Gargan à Lusa.
Carlos da Silva chegou ao Parlamento francês por ser suplente de Manuel Valls quando, em 2012, este acedeu ao posto de ministro do Interior e depois ao cargo de primeiro-ministro.
Para as eleições regionais, Carlos da Silva é o cabeça-de-lista do PS pela região de Essonne, nos arredores de Paris, onde o avô português chegou em 1958.
O candidato - um "apaixonado por Lisboa" que vai "pelo menos uma vez por ano" à aldeia de Rendufinho, perto da Póvoa do Lanhoso - afirmou que "ter um nome tão português como Carlos José da Silva" não é uma vantagem na vida política francesa, tendo sido alvo de vários ataques pessoais "racistas", nomeadamente do partido ultranacionalista Frente Nacional (FN) de Marine Le Pen.
Questionado sobre a subida nas sondagens do Presidente francês, François Hollande, na véspera das eleições regionais, Carlos da Silva destacou que isso não o deixa "ultraconfiante" até porque, "como bom português, há que trabalhar", descartando qualquer aproveitamento político da unidade nacional após os atentados de 13 de novembro.
Olivier Miconnet, candidato às eleições regionais pela lista do partido Les Républicains na região de Seine-Saint-Denis, não tem um apelido português, mas também reivindica a dupla nacionalidade e as raízes maternas portuguesas.
"É um país que adoro, que é acolhedor, os portugueses são mesmo calorosos e é uma riqueza partilhar estas duas culturas", descreveu o político de 35 anos que todos os anos vai a Ourém, no distrito de Santarém, onde ainda tem a avó de 95 anos.
Olivier Miconnet não está preocupado com a subida da Frente Nacional nas sondagens após os ataques de Paris, que provocaram 130 mortos, porque considera que o partido FN está a instrumentalizar a questão da segurança e do terrorismo "para fins políticos".
"Os atentados aconteceram muito recentemente e a segurança é uma coisa primordial, uma necessidade. Porém, o emprego e os transportes também são importantes. Em termos de segurança, é preciso reforçar os efetivos policiais na região parisiense, enquanto nos transportes devia haver mais controlos", defendeu o candidato.
Fonte: Lusa
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