terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O BANCO BOM FECHOU 2015 COM PREJUÍZOS SUPERIORES A 900 MILHÕES


 
Novo Banco
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O Novo Banco vai apresentar esta quarta-feira as contas do ano passado, que deverão revelar um resultado negativo superior a 900 milhões de euros.
De acordo com o Público, que avança os números, uma parte do prejuízo da instituição surge com o reconhecimento de novas imparidades associadas a grandes clientes do antigo BES, que deixaram de cumprir com as suas obrigações durante o exercício passado ou estão em dificuldades para saldar as dívidas.
As contas negativas do Novo Banco vêm do primeiro semestre de 2014, quando o antigo BES registou um prejuízo histórico, os piores resultados semestrais de sempre de um banco nacional: 3,6 mil milhões de euros.
Somando-se a este valor os 468 milhões de euros de prejuízo apurados já pelo Novo Banco na segunda metade de 2014, em dois anos o Novo Banco contabilizou uma perda de quase cinco mil milhões.
Este valor evidencia as fragilidades dos cálculos do Banco de Portugal realizados no quadro da Resolução, em agosto de 2014, quando o Novo Banco recebeu uma injeção de fundos de 4,9 mil milhões – considerada então suficiente e com margem de folga.
O número traduz ainda o facto de as autoridades terem classificado como “saudáveis” créditos concedidos a grandes clientes – que os usaram, nomeadamente, para financiar as empresas do GES – que afinal em 2015 entraram em incumprimento.
Cerca de ano e meio depois da medida de resolução aplicada ao BES, estes prejuízos contrastam com os lucros apurados no mesmo período pelo BCP (235 milhões), pelo Santander Totta (291 milhões) e pelo BPI (236 milhões) e que somados, refere o jornal, chegam aos 763 milhões de euros. Apenas a Caixa fechou o ano com as contas no vermelho: 171 milhões negativos.

Nacionalizar?

A divulgação das contas de 2015 do Novo Banco decorre numa altura em que o Banco de Portugal se prepara para iniciar uma segunda tentativa para vender a instituição num clima de indefinição à volta do seu futuro, refere o Público, com vozes com peso político a aparecerem a defender soluções distintas para a instituição.
Este fim-de-semana, o ex-presidente do Novo Banco, Vítor Bento, defendeu, em entrevista ao Diário Económico, que a nacionalização é “uma saída possível” para o Novo Banco e que “a venda não será já muito favorável”, já que “estamos num momento de vulnerabilidade da banca, em que os bancos estão todos com o valor de mercado abaixo do valor contabilístico”.
O futuro do chamado Banco Bom, nascido da queda do BES, depende de “uma opção política”, afirma o ex-presidente do BES e do Novo Banco, cabendo ao governo “estudar as várias alternativas” existentes para “ver qual a configuração que seria desejável ou conveniente ou menos disruptiva para a economia e para a sociedade portuguesa daqui por uns anos”.
O deputado do PCP Miguel Tiago anunciou esta manhã, durante o segundo dia do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2016, que o partido vai dar entrada no Parlamento com uma proposta para a nacionalização do Novo Banco.
“É fundamental que, já que pagámos o banco, ao menos que fiquemos com ele”, atirou o deputado comunista, lançando o repto ao ministro das Finanças, Mário Centeno, para que falasse sobre as medidas do Estado para o sistema financeiro.
Miguel Tiago exigiu saber que políticas tem o Governo pensadas para a banca, nomeadamente para a CGD. “Qual é a avaliação que o Estado faz das necessidades de capital da CGD? Qual o cabimento orçamental que está neste momento preparado para poder ser colocado a disposição de uma capitalização da CGD?”, questionou.
Miguel Tiago frisou que “não pode acontecer um novo caso Banif, caso BES/Novo banco, nos próximos anos. Porque isso revelou o Estado a ser utilizado como instrumento de extorsão dos portugueses para pagar os erros dos banqueiros”.
ZAP

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