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Há
estudantes chineses, indianos e norte-americanos a desistir de tirar o curso
superior completo no Porto, porque a cidade carece de residências
universitárias, alertou hoje o presidente do Instituto Superior de Engenharia
do Porto (ISEP).
O ISEP
está a desenvolver uma política de "captação de estudantes
internacionais" e abriu nas últimas semanas as pré-candidaturas para
alunos estrangeiros virem fazer o seu curso superior, tendo recebido em apenas
15 dias pré-inscrições de 300 candidatos.
O receio
de que muitos estudantes desistam por falta de residências estudantis na cidade
do Porto é grande, conta à Lusa o presidente do ISEP, João Rocha, recordando
que este ano letivo já perdeu 100 alunos estrangeiros, designadamente chineses,
que abandonaram a ideia de vir para o Porto por não existir alojamento
vocacionado para estudantes.
"Quando
nos perguntam por essa oferta ela não existe, no Porto não existe. Existem
obviamente residências universitárias, mas que estão mais vocacionadas para a
ação social, para um mercado dos estudantes nacionais que têm carências
económicas (...), e portanto nós não conseguimos garantir-lhes alojamento à
partida".
A
carência de alojamento vocacionado para estudantes estrangeiros tem demonstrado
ser "um obstáculo", porque os alunos querem vir com a garantia de
saber onde vão ficar alojados.
"Este
mercado não vai para hotéis e hostels de maneira nenhuma. (...) É um mercado
completamente diferente".
São
necessárias valências no alojamento que normalmente não existem, como
lavandaria, espaço comum para estudar além do quarto, cozinha, porque são
estudantes com tradições culinárias diferentes das portuguesas.
"Estamos
aqui um bocadinho de pescadinha de rabo na boca (...) não há residências, não
se conseguem trazer quantidades significativas de estudantes. E não se trazendo
quantidades significativas de estudantes, não há residências", concluiu.
João
Rocha comentou que tem tido vários contactos de empresários portugueses que
pensam em investir no mercado de alojamento para estudantes internacionais, mas
lamenta que até ao momento nenhum se tenha concretizado.
"Têm-me
apresentado diferentes conceitos de residências estudantis. Desde um conceito
mais 'low cost' até um "conceito de grande valor acrescentado, incluindo
visita anual dos pais com estadia em hotel", revela o presidente do ISEP,
do Instituto Politécnico do Porto.
O mercado
de estudantes estrangeiros a querer tirar o curso superior em Portugal
"está a crescer" e que pode render "centenas de milhões de euros
em exportações", argumenta, referindo que se trata de "exportação com
100% de incorporação nacional, porque o que estamos a fazer é exportamos um
serviço -- que é o Ensino Superior -- e para exportar esse serviço importámos
zero".
O
objetivo do ISEP é, a longo prazo, é ter "um milhar de estudantes
estrangeiros a fazer o curso completo".
Este ano
letivo, o ISEP recebeu 80 estudantes estrangeiros a querer fazer o curso
superior completo naquele estabelecimento, sem incluir os estudantes Erasmus,
que vêm por períodos mais curtos.
"É
um mercado que está a começar a ser trabalhado e a começar a criar algum
interesse, porque há ensino de qualidade e porque os custos são reduzidos. A
relação qualidade/preço em Portugal do Ensino Superior é "muito
positivo" e das melhores que há no mercado internacional".
Fonte:
Lusa
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