O presidente executivo do Grupo Lena confirmou que foram
pagas comissões ao ex-primeiro-ministro José Sócrates num depoimento prestado
no âmbito da Operação Marquês publicado hoje no Correio da Manhã.
O jornal noticia hoje que o presidente executivo do
Grupo Lena, Joaquim Paulo da Conceição, disse num depoimento no Departamento Central
de Investigação Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que "havia
mesmo subornos para José Sócrates".
"O objetivo do Grupo Lena, ao pagar comissões ao
então primeiro-ministro, era abrir portas e novos mercados tendo como
prioridade Angola, Venezuela e Argélia", cita o CM.
O jornal escreve também que "José Sócrates
aceitou receber, já depois de sair do Governo, um falso vencimento de uma
empresa de Lalanda de Castro que, afinal, era pago pelo grupo Joaquim
Barroca".
Joaquim Paulo da Conceição, segundo o Correio da
Manhã, disse que "tudo começou em 2006, um ano depois de Sócrates assumir
o cargo de primeiro-ministro".
"O Grupo Lena desenvolveu contactos através de
Carlos Santos Silva, de forma a procurar obter o apoio do poder político",
afirmou o empresário no depoimento, salientando que "o apoio fazia-se
através de José Sócrates e eram realizados pagamentos para este último".
O jornal salientou ainda que Joaquim Paulo da
Conceição disse que "quando abriu uma conta na Suíça" esta acabou por
"ser usada por Santos Silva" para "fazer chegar o dinheiro a
José Sócrates".
O presidente do Grupo Lena foi, segundo o jornal,
interrogado na qualidade de arguido nos últimos dias de junho.
A Operação Marquês conta com 18 arguidos, incluindo
José Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, e que está
indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção
passiva para ato ilícito.
José Sócrates, 59 anos, foi o primeiro ex-chefe do
Governo a ser detido preventivamente em Portugal, indiciado por corrupção,
fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Entre os arguidos no processo estão o ex-administrador
da CGD e antigo ministro socialista Armando Vara e a sua filha Bárbara Vara,
Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim
Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do
PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de
Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários
Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Helder
Bataglia.
Na quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República
(PGR) informou que concedeu mais 180 dias para a "realização de todas as
diligências de investigação consideradas imprescindíveis" na Operação
Marquês.
Lusa
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