O realizador Terry Gilliam, do grupo de comédia Monty Python, aproveitou as redes sociais para lançar umas alfinetadas ao produtor português Paulo Branco, dando a entender que houve um conflito qualquer entre ambos que está a complicar, mais uma vez, a realização do filme “O Homem que Matou Dom Quixote”.
A rodagem do filme que Terry Gilliam está a tentar realizar desde 2000 deveria ter começado este mês de Outubro, depois do produtor português ter adquirido os direitos da obra a um produtor britânico.
Mas as filmagens não arrancaram e ninguém sabe ainda porquê. O realizador, do grupo de comédia Monty Python, dá a entender que a responsabilidade poderá ser de Paulo Branco e, designadamente, da falta de dinheiro para um projecto que foi orçado em 16 milhões de euros.
Terry Gilliam publicou esta quinta-feira, no seu perfil do Facebook, aquilo que parece um cartaz de cinema com uma fotografia de Paulo Branco, no lugar do famoso leão da MGM, e com a nota “como os filmes são adiados – Lição 1: tem cuidado com a pessoa em que decides confiar“.
Pelo meio, há tiradas como “oportunidades de emprego 100% livres de impostos”, “muitos dos nossos empregados não pagam sequer impostos”, “zero de pagamento é igual a zero de impostos” e “todos os nossos contratos são feitos para serem quebrados”.
João Leitão diz que Paulo Branco deve a “centenas de pessoas”
O cartaz satírico de Gilliam despoletou inúmeras reacções, quer em Portugal como no estrangeiro, e levou outras pessoas a queixarem-se também do produtor português, como é o caso do realizador e argumentista João Leitão.
“Há centenas de casos de pessoas na indústria do cinema a quem deve dinheiro”, salienta na mesma rede social, referindo que a revolta de Gilliam “não é uma surpresa para a maioria dos portugueses” que trabalham a fazer filmes.
Também o dono de uma produtora de pós-produção áudio em França, Steven Ghouti, se queixa que Paulo Branco lhe deve 20 mil euros e o realizador assistente Bill Kirk acusa o produtor português de ter “sabotado” o filme “The Ground Beneath Her Feet” que Raoul Ruiz pretendia realizar, com base numa obra do escritor Salman Rushdie.
Ruiz morreu sem ter realizado o filme e, numa entrevista ao Independent, culpou a companhia de produção Canal Plus pelo facto, não fazendo qualquer menção a Paulo Branco.
Ainda no Facebook, há um grupo intitulado “Paulo Branco paga o que deves“, que foi criado pelo ex-elemento do Chapitô, Rosa Albardeira, e que inclui portugueses e estrangeiros.
“O sujeito português” que, afinal, “não tinha dinheiro”
Terry Gilliam já tinha dito, numa entrevista na BBC2, que o produtor do filme, “um sujeito português”como disse, lhe tinha prometido reunir “todo o dinheiro a tempo”, mas que, afinal, “provou-se que não tinha dinheiro”, cita o Diário de Notícias.
O ex-Monty Python está a tentar realizar “O Homem que Matou Dom Quixote” desde 2000 e chegou a começar as filmagens, com Johnny Depp no elenco. Mas a falta de dinheiro e até inundações numa zona de filmagens acabaram por parar o projecto.
As peripécias foram tantas que originaram o documentário “Lost in la Mancha” e que conta os azares em torno do projecto de Gilliam.
SV, ZAP
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