segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

4 mil famílias precisam de casa (& o balanço de 2016, ano da nossa auto-estima)

Enquanto dormia
 
David Dinis, Director do Público

Bom dia!
Famosa por ser famosa, morreu Zsa Zsa Gabor. E o Jorge Mourinha escreveu o obituário, que começa assim: "Tecnicamente, Zsa Zsa Gabor era actriz."
Mais ligações russas do escolhido de Trump. Rex Tillerson é director de uma subsidiária da ExxonMobil na Rússia, com sede num paraíso fiscal. Os novos dados vêm do Bahamas Leaks e chegaram ao The Guardian.
Um acordo para mandar observadores a AlepoA resolução que hoje vai a votos no Conselho de Segurança prevê a monitorização da saída de civis da cidade. Rússia e França resolveram divergências iniciais sobre o texto e abriram caminho a um acordo que já vem tarde.
O fantasma do Natal passado voltou a Alvalade. O Sporting perdeu em casa com o Braga, desceu ao quarto lugar e Jesus viu lenços brancos. A conjugação de factores lembra-nos qualquer coisa. E teve um efeito colateral: Bruno de Carvalho já tem um adversário.

As notícias do dia 

Há quatro mil famílias à espera de casa do Estado, mais de 30% do total de 13 mil fogos disponíveis pelo IHRU. Para além dos números, com o alerta da ONU sobre o estado da habitação em Portugal na cabeça, a deputada Helena Roseta deixa uma pergunta ao Governo socialista: "Direito à habitação ou urbicídio?" Ontem à noite, desenhávamos a primeira página fazendo do tema manchete quando ouvimos António Costa prometer que esta será uma prioridade do Governo em 2017. Registámos também, para memória futura.
A solução para lesados pode 'tramar' o défice. A apresentação do plano para compensar lesados do BES está prevista para esta segunda-feira, com pagamentos situados entre 50% e 75% do valor investido. Mas pode haver um pequeno senão no plano que se conhece - se ele se confirmar.
Estado ainda deve 250 milhões ao Santander por causa do Banif. No dia em que passa um ano sobre o anúncio da resolução do Banif, a Cristina Ferreira e o Luís Villalobos descobriram que ainda há contas por fazer, perceberam que só um dos activos do banco foi vendido (a preço desconhecido) e explicam que os "lesados" deste banco continuam como estavam: sem solução à vistaBy the way, lembrando-se da data o Ricardo Cabral aconselha isto, na sua resolução para o ano novo (e eu apoio).

Outras notícias a reter

À medida que crescem, os jovens vão perdendo a auto-estima. Um inquérito feito a 2700 alunos portugueses dá-nos dados preciosos para conhecermos melhor os nossos mais novos - e a maneira como olham para si e para o mundo. O link para a notícia do PÚBLICO está aqui.
A propósito de educação: o ranking das escolas saiu no sábado e, desde então, não mais largou o topo das nossas notícias mais vistas. As tabelas e as notícias estão aqui, graças a um trabalho incansável de uma equipa a quem devo um agradecimento (e aqui fica ele).
Uma passagem pela segurança interna: a criminalidade violenta baixou, mas a extorsão na net disparou em 2016. Os dados vêm hoje no DN.
Na economia, registe uma promessa com data: o novo aeroporto de Lisboa arranca em 2019. Os estudos de impacto ambiental serão feitos pela ANA já em 2017, garante o ministro Pedro Marques, numa entrevista ao Negócios e Antena 1 com direito a um piscar de olho aos investidores.
E também esta notícia: Os prédios devolutos vão pagar IMI a triplicar em 20 municípios. Segundo o Dinheiro Vivoa lista inclui Lisboa, Porto, Cascais, Sintra ou Almada.
No que respeita à banca, há uma boa nova do Novo Bancovai pagar ao Estado mais uma parte do empréstimo de 3.500 milhões contraído após a crise financeira de 2008. E também uma notícia para enquadramento: o Banco de Portugal é um dos mais conservadores nos dividendos pagos ao Estado (com esta notícia do Negócios percebe-se melhor como chegámos ao aumento que se viu no Orçamento de 2017).
Boas leituras
O ano dos nossos êxitos improváveis. No nosso balanço do ano que passa, o Paulo Pena pôs-se a fazer contas às vitórias: "Um golo no prolongamento, uma "geringonça" estável, um Presidente popular, Guterres na ONU, os resultados do PISA. Este é o ano em que a auto-estima voltou?" As respostas partem da frase do ano. E complementam-se com este rol de caras e momentos para afagar o ego. E já agora deixou-lhe a pergunta fatal: a nossa vida ficou mais fácil?
Sobre o outro lado de 2016, veja o que diz o antropólogo indiano Arjun Appadurai nesta entrevista à Alexandra Prado Coelho. "A mensagem de Trump foi simples: os brancos vão tornar-se grandes, outra vez". Porque Obama era, para muitos brancos americanos, o símbolo de tudo o que achavam que tinham perdido, explica ele. (Nota adicional: a entrevista deve ser lida com a equipa de Trump ao lado e também com a crónica do Rui Tavares ("confusos?").
E a Europa? Está a esquecer-se que nasceu para ser outra coisaJoseph Weiler, ex-presidente do Instituto Universitário Europeu, em Florença, diz que os problemas que abalam a Europa têm as suas raízes nas escolhas feitas no pós-guerra. E sublinha: a globalização não basta para explicar a ascensão de Le Pen ou Wilders. A entrevista é da Ana Fonseca Pereira.
Hoje acontece
  • Nos EUA, o colégio eleitoral vota o novo presidente dos Estados Unidos. A decisão é sempre uma formalidade, mas como estamos a falar de Trump o melhor é ir acompanhando até ao fim.
  • Por cá, os membros da Concertação Social voltam a reunir-se, para discutir o salário mínimo e a possibilidade de um acordo mais alargado de médio prazo.
  • O Governo deve anunciar o tal acordo para resolver o caso dos lesados do BES.
  • E o BCP deve estender o tapete vermelho à Fosun, em mais uma assembleia geral.

Só mais um minuto, porque...

... a febre dos remakes chegou a "Uma Família às Direitas". Se for adiante o plano do seu criador, Norman Lear, e da Sony, vamos ter um novo Archie Bunker, com as estrelas e as polémicas de hoje. A ideia é esta (onde é que se vota?).
Agora as perguntas difíceis: o que é feito do nosso rico polvo? E do nosso rico bacalhau? E do nosso Natal? O Miguel Esteves Cardoso está preocupado e deixou na Fugas algumas sugestões para não tomarmos gato por lebre.
E a propósito de perguntas difíceis: o que é que fazemos ao Pai Natal? A Natália Faria escreveu, sobre isso, esta "Crónica para ler na casa de banho (com a porta fechada à chave)"E eu aproveito o silêncio que vai fazer para me retirar de fininho. Já sabe: por aqui terá todas as notícias do dia - e mais algumas para fazer sorrir (o que seria de nós sem isso?)
Boas festas, dia feliz!
Até já!
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