O escritor José Luís Peixoto, vencedor do Oceanos - Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, anunciado em São Paulo, Brasil, disse estar especialmente feliz por ter recebido o prémio pelo romance "Galveias".
"Foi
uma enorme realização ter um reconhecimento no Brasil por um livro
com o qual tenho uma relação sentimental grande, um romance no qual
falo do lugar onde nasci e tento explicar este mundo", disse
hoje o escritor à agência Lusa, depois do anúncio do prémio
Oceanos.
Lançado
no Brasil em 2015, "Galveias" decorre num Portugal rural,
no qual as personagens representam tipos do Alto Alentejo e se veem
envolvidos em conflitos típicos de uma sociedade do interior do
país.
Apesar
de também narrar factos extraordinários, como a queda de um
meteorito, o autor disse que a história não procura fazer uma
desconstrução fantástica da realidade, mas sim problematizar
experiências que existem neste momento, que quase sempre escapam à
perceção das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos de
Portugal e até mesmo do Brasil.
"Portugal
e o Brasil são muito diferentes do ponto de vista das dimensões,
mas têm o `centrismo` como um aspecto comum. Em Portugal tudo se
passa em Lisboa, no Porto ou no Sul. No Brasil, nas grandes capitais.
Este romance [cuja história acontece num pequeno povoado] revela
que, além do mundo conhecido, existe Galveias, um lugar que é
Portugal e também faz parte da sua identidade", explicou.
Sobre
a natureza do prémio Oceanos, que reconhece anualmente escritores de
língua portuguesa, provenientes de Portugal, Brasil e África, o
escritor comenta que tem um profundo respeito pelos autores deste
lugares, já que, para si, não é possível escrever sem "levar
em consideração o grande património da literatura de língua
portuguesa".
Sobre
o Brasil, país que costuma visitar para promover o seu trabalho e
encontrar amigos, Peixoto revelou grande admiração pela obra de
autores clássicos como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, e
contemporâneos como Luiz Ruffato, Milton Hatoum e Bernardo de
Carvalho.
O
prémio Oceanos, que sucedeu ao antigo Portugal Telecom de
literatura, é o mais recente que José Luís Peixoto junta ao seu
rol. O escritor venceu o prémio José Saramago, em 2001, com o
romance "Nenhum Olhar", o segundo da sua carreira, que
também foi incluído na lista do Financial Times dos melhores livros
publicados no Reino Unido, em 2007, e recebeu o galardão Salerno
Libro d`Europa, em 2013, por "Livro", entre outras
distinções.
O
escritor estreou-se na ficção com "Morreste-me", em 2000,
a que se seguiram, entre outros, títulos como "Uma Casa na
Escuridão", "Cemitério de Pianos", que foi eleito o
melhor romance estrangeiro publicado em Espanha, em 2007, e "Em
Teu Ventre".
As
obras de José Luís Peixoto foram ainda finalistas de prémios
internacionais como o Femina, em França, Impac Dublin, Irlanda, e o
antigo Portugal Telecom, Portugal/Brasil.
Na
poesia destacam-se os livros "A Casa, a Escuridão",
"Gaveta de Papéis", que recebeu o Prémio Daniel Faria, e
"A Criança em Ruínas", Prémio da Sociedade Portuguesa de
Autores.
José Luiz Peixoto feliz porque prémio Oceanos foi para romance em que fala da terra natal
Enviado por José Rui Rabaça
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