sábado, 10 de dezembro de 2016

José Luiz Peixoto feliz porque prémio Oceanos foi para romance em que fala da terra natal

O escritor José Luís Peixoto, vencedor do Oceanos - Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, anunciado em São Paulo, Brasil, disse estar especialmente feliz por ter recebido o prémio pelo romance "Galveias".

Resultado de imagem para "Galveias", do português José Luís Peixoto, vence o Prêmio Oceanos
"Foi uma enorme realização ter um reconhecimento no Brasil por um livro com o qual tenho uma relação sentimental grande, um romance no qual falo do lugar onde nasci e tento explicar este mundo", disse hoje o escritor à agência Lusa, depois do anúncio do prémio Oceanos.
Lançado no Brasil em 2015, "Galveias" decorre num Portugal rural, no qual as personagens representam tipos do Alto Alentejo e se veem envolvidos em conflitos típicos de uma sociedade do interior do país.
Apesar de também narrar factos extraordinários, como a queda de um meteorito, o autor disse que a história não procura fazer uma desconstrução fantástica da realidade, mas sim problematizar experiências que existem neste momento, que quase sempre escapam à perceção das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos de Portugal e até mesmo do Brasil.
"Portugal e o Brasil são muito diferentes do ponto de vista das dimensões, mas têm o `centrismo` como um aspecto comum. Em Portugal tudo se passa em Lisboa, no Porto ou no Sul. No Brasil, nas grandes capitais. Este romance [cuja história acontece num pequeno povoado] revela que, além do mundo conhecido, existe Galveias, um lugar que é Portugal e também faz parte da sua identidade", explicou.
Sobre a natureza do prémio Oceanos, que reconhece anualmente escritores de língua portuguesa, provenientes de Portugal, Brasil e África, o escritor comenta que tem um profundo respeito pelos autores deste lugares, já que, para si, não é possível escrever sem "levar em consideração o grande património da literatura de língua portuguesa".
Sobre o Brasil, país que costuma visitar para promover o seu trabalho e encontrar amigos, Peixoto revelou grande admiração pela obra de autores clássicos como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, e contemporâneos como Luiz Ruffato, Milton Hatoum e Bernardo de Carvalho.
O prémio Oceanos, que sucedeu ao antigo Portugal Telecom de literatura, é o mais recente que José Luís Peixoto junta ao seu rol. O escritor venceu o prémio José Saramago, em 2001, com o romance "Nenhum Olhar", o segundo da sua carreira, que também foi incluído na lista do Financial Times dos melhores livros publicados no Reino Unido, em 2007, e recebeu o galardão Salerno Libro d`Europa, em 2013, por "Livro", entre outras distinções.
O escritor estreou-se na ficção com "Morreste-me", em 2000, a que se seguiram, entre outros, títulos como "Uma Casa na Escuridão", "Cemitério de Pianos", que foi eleito o melhor romance estrangeiro publicado em Espanha, em 2007, e "Em Teu Ventre".
As obras de José Luís Peixoto foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina, em França, Impac Dublin, Irlanda, e o antigo Portugal Telecom, Portugal/Brasil.

Na poesia destacam-se os livros "A Casa, a Escuridão", "Gaveta de Papéis", que recebeu o Prémio Daniel Faria, e "A Criança em Ruínas", Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores.

José Luiz Peixoto feliz porque prémio Oceanos foi para romance em que fala da terra natal



Enviado por José Rui Rabaça

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