O lendário guitarrista norte-americano Chuck Berry morreu este sábado aos 90 anos, em casa, na cidade de St. Charles, no estado do Missouri, anunciou o departamento de polícia local.
A notícia foi confirmada ao jornal britânico The Guardian por um porta-voz do departamento da polícia de St. Charles, que tinha avançado a informação na sua página no Facebook.
"O Departamento de Polícia do Condado de St. Charles confirma com tristeza a morte de Charles Edward Anderson Berry, mais conhecido como o lendário músico Chuck Berry", disse o departamento na rede social.
A polícia respondeu a uma emergência médica numa casa na área, que fica a este do estado do Missouri, perto da cidade de St. Louis. Os agentes encontraram um homem inconsciente e não conseguiram reanimá-lo, indica o comunicado. O óbito de Chuck Berry foi declarado às 13:26 locais (18:26 em Lisboa).
Chuck Berry, uma lenda do rock and roll, tinha anunciado em outubro, por altura do seu 90.º aniversário, que iria editar um novo álbum.
Considerado o quinto maior artista de sempre pela revista norte-americana Rolling Stone, criou inúmeros sucessos como "Let it Rock", "Route 66", "Memphis, Tennessee", "Johnny B. Goode", "Roll Over Beethoven", "Sweet Little Sixteen" ou "Nadine".
Charles Edward Anderson Berry nasceu a 18 de outubro de 1926 na cidade de Saint Louis, no Misouri, e começou a tocar guitarra no liceu.
Na adolescência foi preso por tentativa de roubo e passou três anos num centro educativo, depois disso trabalhou durante algum tempo numa fábrica.
A carreira musical começou aos 15 anos, quando tocou uma versão de “Confessin’ the Blues”, de Jay McShann, numa festa da escola que frequentava.
Na década de 1950, Chuck Berry começou a dedicar-se à música a tempo inteiro. Nessa altura, formou um trio com o baterista Ebby Harding e o teclista Johnnie Johnson.
Em 1957, editou o seu primeiro álbum de originais, “After School Session”. O último, “Rock it”, data de 1979. Apesar disso, a música de Chuck Berry manteve-se viva noutras décadas, tendo feito parte da banda sonora de filmes como “Regresso ao Futuro” e “Pulp Fiction”.
Em palco, sempre tentou mostrar o seu dom para tocar guitarra elétrica, sendo considerado um dos melhores do mundo. Criou ainda uma maneira de andar que músicos como Angus Young, dos AC/DC, imitaram. Inspirou também os Beatles, Animals, Rolling Stones e Keith Richards e nem as novas plataformas de música o apagaram do mapa - no Spotify, por exemplo, o músico tem canções com mais de 40 mil reproduções (um número incomparável com os de Bieber ou Taylor Swift, mas não está nada mal).
Os anos passaram, mas as suas canções continuaram presentes na terra e no espaço - em 1977, a NASA escolheu o tema "Johnny B. Goode" para enviar para o espaço na sonda espacial Voyager.
Sobre ele, Stevie Wonder disse ser o “único verdadeiro rei do rock and roll”. Já John Lennon defendia que se “se tivesse de dar um outro nome ao ‘rock and roll’ poder-se-ia chamar-lhe Chuck Berry”.
Uma suposta bofetada a uma mulher com quem costumava sair, condenações por violação de menores, assalto e fugas ao fisco foram alguns dos episódios que quase mancharam a longa carreira da lenda do rock. Mas o músico continuou icónico e influente. "C'est la vie", como cantou inúmeras vezes em "You Never Can Tell".
Num livro editado no passado, “But What If We’re Wrong?”, sobre o que vai permanecer da cultura ‘pop’ para o futuro, o crítico Chuck Klosterman nomeou Chuck Berry como a derradeira figura do rock: "A figura de Chuck Berry é a mais pura destilação daquilo que entendemos como música rock. As canções que fez são essenciais, mas secundárias em relação a quem ele foi e por que as fez. Ele é a ideia em si".
Fonte: Sapo
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