quinta-feira, 18 de maio de 2017

O caso Rui Moreira, o caso Temer e o caso Trump

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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Mais um escândalo no Brasilhá uma gravação do Presidente Temer a autorizar um suborno, comprando o silêncio do ex-líder da Câmara dos Deputados, preso na operação Lava-Jato. Mais do que o suficiente para regressarem os pedidos para um impeachment (que parece ser a palavra da semana). Tudo (re)começou com uma notícia do Globo.
Um ex-director do FBI vai investigar a ligação russa a Trump. O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, ter recusado a responsabilidade da investigação (por ter sido conselheiro da campanha do actual Presidente) e o seu adjunto não consultou a Casa Branca antes da nomeação. O nome a memorizar é Mueller, Robert Mueller. Certo é que a polémica já levou as bolsas americanas para um trambolhão. Como há mais a contar sobre este caso, voltarei a ele mais abaixo.
A Irlanda vai mudar de primeiro-ministro. Enda Kenny vai deixar o cargo até ao início de Junho, depois de perder um quarto dos lugares parlamentares nas últimas legislativas. 
Mais um português vencedoro Mónaco de Leonardo Jardim é campeão de França, um título que escapava ao clube há 17 anos. Aqui ao lado, Ronaldo também está no bom caminho - marcou dois golos e deixou o Real a um empate da vitória na Liga espanhola.
Agora mesmo, soubemos que morreu o vocalista dos Soundgarden, um dos grandes nomes do grunge.

As notícias do dia

Vamos ao caso Rui Moreira, que está na nossa manchete: o Manuel Carvalho e a Margarida Gomes descobriram um documento dos serviços da Câmara do Porto que avisa que o projecto da Selminho não pode avançar. Explicando melhor: que a família de Rui Moreira quer construir em terrenos que são da Câmara. A informação foi mantida em segredo desde Dezembro. E reabre um caso político sensível na cidade. Se não conhece a polémica, nós ajudamos a descobrir: eis a "transacção judicial" que se instalou na política portuense. E aqui fica o que Rui Moreira nos disse na entrevista de há um mês (porque agora preferiu não comentar). E, por fim, aqui está o Editorial do Amílcar Correia: afinal, "qual é o partido de Rui Moreira?".
Falando em entrevista, aqui está uma a Marco António Costa. Na "hora da verdade", parceria PÚBLICO/Renascença, o vice-presidente do PSD diz isto: "Nós não estamos irritados". E, se havia dúvidas, deixa uma garantia de lealdade: "Passos tem um crédito para o futuro que é infindável". Registado.
Uma notícia importante do dia: Portugal precisa de mais imigrantes para não encolher. Se fechasse as portas à imigração, o país perderia 2,6 milhões de pessoas até 2060, conclui um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que vai ser apresentado daqui a pouco (mas que nós antecipamos).
Na economia, há dois sinais de alerta de Bruxelasum para a Altice, por ter aparentemente comprado a PT Portugal sem a devida luz verde (o que pode dar uma multa enorme); outro sobre o preço das casas em Portugal, que parece estar a subir para lá do limite (conta o Negócios desta manhã).
E uma suspeita em investigaçãoterá havido crime na transferência de obrigações do Novo Banco para o BES? (a notícia foi dada pelo Eco).
Anote, já agora, mais esta promessa do Governo: as novas regras para reformas antecipadas também vão ser aplicadas a funcionários públicos. A Raquel Martins detalha a informação.
E também vale a pena anotar esta declaração de Paulo Núncio sobre as offshores: "Nunca estive envolvido nesse tipo de esquemas ou de estruturas. Objectivamente não tenho conhecimento dessas situações". A Liliana Valente registou-as aqui.

Para saber mais 

1. O fantasma do impeachment sentou-se à porta da Sala Oval. Ora veja como arranca o texto do Alexandre: "Há mais de um ano que a conversa é sempre a mesma: o Partido Republicano também tem os seus limites e, mais cedo ou mais tarde, vai a) impedir Donald Trump de ser o seu candidato oficial à Casa Branca, b) acertar o passo ao magnata Donald quando ele tomar posse como Presidente Trump ou c) concordar com o Partido Democrata e finalmente admitir que o país precisa de outro líder. As alíneas a e b já passaram de prazo, mas agora os olhos de jornalistas e políticos em Washington estão fixados na alínea c – depois de o ex-director do FBI ter acusado o Presidente de tentar travar uma investigação criminal, estará mesmo a formar-se uma tempestade que pode arrancar Donald Trump da Casa Branca antes do prazo previsto?". Vamos, entre por aqui. Continue depois por estas perguntas e respostas: Trump pode mesmo ser destituído? Recorde os três casos de impeachment americanos. E termine no artigo da Teresa de Sousa: o que Trump não percebeu foi que...
2. O Governo Macron é um arco-íris - e uma tentativa de reabilitar o centro. Há nomes mediáticos, nomes simpáticos, mas sobretudo nomes moderados que o novo Presidente quis recuperar dos escombros dos partidos - o socialista e o republicano, que entraram em colapso. A Clara Barata mostra os currículos e a bissectriz. Enquanto o Jorge Almeida Fernandes trata da análise (e chamou-se "o método da transgressão"). Juntando-se ainda Maria de Fátima Bonifácio, com esta convicção: "Macron cedo perceberá que só pode ser social, não liberal". E Francisco Assis, com uma outra: há aqui ousadia e coragem.
3. Cannes teve uma partida em falso. Conta o Vasco Câmara, que está lá no festival, que não se vive duas vezes a não ser dentro dos filmes. "Arnaud Desplechin foi um caso de euforia há dois anos em Cannes, este ano a reacção foi gelada." Foi assim. Mas sempre podemos dizer que houve isto, lá na passadeira vermelha. Vá lá, hoje há mais cinema para ver - e o Vasco promete ir dando as novas por aqui.
4. Hoje temos um especial no PÚBLICO, que é um guia para escolher um curso executivo. São 24 páginas, se escolher comprar a edição em papel, mas com algumas pistas deixadas por aqui: como as instituições se adaptaram e oferecem cursos cada vez específicos; como há gente boa a sair das grandes cidades, à procura de novos caminhos; como alguns nunca mais pararam de estudar; e outros se dedicaram a dar bons conselhos a quem chega. Se lhe for útil, é suficiente para nos fazer felizes.

A agenda do dia
  • A Caixa Geral de Depósitos apresenta os resultados relativos ao primeiro trimestre do ano, assim como a Sonae;
  • É o dia de comemoração dos Museus, com boas iniciativas por todo o país; 
  • O Presidente colombiano vai estar na Casa Branca, no meio de um turbilhão; 

Só mais um minuto...

Para lhe chamar a atenção para esta reportagem multimédia maravilhosa, feita pela Sibila Lind e pelo Miguel Cabral. Chama-se "O mundo de Jó" e conta uma história poderosa - e sensível. Veja, a sério. Ou guarde para ver depois, que vale bem o tempo.
Se tiver mais uns segundos, deixo-lhe ainda este texto do Diogo: chama-se "aquilo não é jornalismo". E é sobre as maneiras e maneiras que existem de contar o que acontece, sobretudo quando se trata de mostrar o vídeo de uma violação (que já motivou 500 queixas na ERCuma condenação do Conselho Deontológico, e o anúncio de uma investigação). Porque há maneiras e maneiras - e cabe-nos sempre escolher as que queremos.
Para si, que nos escolhe, só me resta deixar um obrigado. E deixar-lhe a certeza de que continuaremos o nosso caminho, sempre a servi-lo da melhor forma que sabemos. Aqui, sempre e a qualquer hora.
Dia feliz, dia produtivo.
Até já!
 

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