quarta-feira, 14 de junho de 2017

Opinião Tolerância zero com o desperdício de sangue


João Paulo Almeida e Sousa*
A Organização Mundial da Saúde (OMS) assinala hoje o Dia Mundial do Dador de Sangue, relevando neste ano a importância do sangue nas situações de emergência com múltiplas vítimas ou catástrofes, sejam elas naturais ou não. Para a autossuficiência em sangue dos países, a solidariedade na dádiva tem de existir para acorrer às necessidades diárias e, em simultâneo, acautelar reservas que estejam disponíveis para situações de exceção. A realidade demonstra-nos que temos de estar preparados para estes acidentes, mantendo operacional o planeamento das respostas de emergência.

O Instituto do Sangue e da Transplantação (IPST) mantém ativos aqueles pressupostos: garantir a autossuficiência do país em sangue, com elevados padrões de vigilância e qualidade, e manter operacional o Plano Nacional de Contingência para situações excecionais, conquanto cerca de 60% das colheitas são efetuadas pelo IPST. Em Portugal regista-se tendencialmente uma diminuição do número de dadores e de colheitas, que decorre paralelamente ao menor consumo de sangue e componentes em resultado de novas práticas médico-cirúrgicas, menos exigentes em transfusões. Aquelas tendências não põem em causa a suficiência em sangue, mas, olhando o futuro, temos de incentivar a dádiva de sangue de primeira vez e nos jovens.

No contexto do Plano de Contingência do Ministério da Saúde elaborado quando da recente visita papal a Fátima, face à inusitada concentração de pessoas naquela data, o IPST foi parceiro ativo e empenhado neste plano, e a sua participação enquadra--se rigorosamente nas preocupações da OMS para este dia 14 de junho!

Em colaboração com os serviços hospitalares, foi cumprida a dotação de reservas de eritrócitos para sete dias nos hospitais implicados no planeamento, existências entendidas como adequadas para um acidente de grandes dimensões. Este exercício real na área do sangue, inédito em Portugal, atesta a nossa capacidade e a vontade do IPST em estreitar o relacionamento com os serviços hospitalares, promovendo a otimização da gestão da reserva nacional de sangue.

Neste dia 14 de junho, homenageamos a vocação solidária e altruísta dos cidadãos dadores. As suas associações, pela dinamização da dádiva de sangue, permitem que mantenhamos, até em situação de grande emergência, as reservas necessárias ao país, apelando à participação na dádiva se for caso disso. Reiteramos que o IPST tem na sua matriz relacional com os dadores o respeito pela dádiva de sangue benévola dos portugueses. Neste tempo novo vamos ter "tolerância zero" para com o desperdício do sangue e seus componentes. Dúvidas que existiam são coisa do passado!

*Presidente do Instituto Português do Sangue

Fonte: DN

Comentário: enfim, é o que temos... é vida no mundo da dádiva de sangue. Quem disse a quem que somos patetas? 

J. Carlos

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