A informação foi divulgada pela associação ambientalista Zero, que registou que foi ultrapassada quantidade máxima admissível por dia de partículas suspensas no ar logo no dia seguinte à deflagração dos incêndios em Pedrógão Grande - o que pode ter efeitos nocivos para a saúde.
O valor-limite diário de partículas suspensas na atmosfera, com efeitos na saúde, foi ultrapassado na região Centro entre domingo e terça-feira, coincidindo com os incêndios florestais que deflagraram em Pedrógão Grande e Góis, segundo informações divulgadas esta sexta-feira.
A informação consta num comunicado da associação ambientalista Zero, que explica que, no domingo, um dia depois do começo dos fogos florestais em Pedrógão Grande (Leiria) e Góis (Coimbra), a quantidade máxima admissível por dia de partículas suspensas no ar foi superada em cinco estações de monitorização do Centro Interior e Centro Litoral.
Na segunda-feira, o valor-limite foi excedido em dez locais do Centro Interior, Centro Litoral e Coimbra, enquanto na terça-feira foi ultrapassado em sete estações, mas apenas no Centro Litoral. A Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável refere que, no sábado, o número-limite de partículas suspensas foi superado em cinco estações do Centro Litoral e do Sul da Área Metropolitana de Lisboa. Na sexta-feira passada foi excedido num local na região do Norte Interior e na quarta-feira em seis sítios do Sul do Algarve.
O comunicado assinala que a elevada concentração de partículas suspensas no ar, potenciada pelos incêndios, tem "efeitos na saúde humana no curto e longo prazo", podendo causar ou aumentar "problemas cardio-respiratórios" ou "contribuir para o agravamento da mortalidade" devido à inalação dos seus compostos tóxicos.
A organização não-governamental adverte que, em caso de níveis elevados de partículas suspensas, "é fundamental o uso de máscara como protecção respiratória".
Na mesma nota, a Zero sustenta que "falhou a informação obrigatória às populações" sobre as concentrações excedidas de ozono, um poluente, esclarece, formado a partir de outros poluentes, como os óxidos de azoto, que são emitidos pela circulação automóvel e pela combustão, incluindo fogos.
Entre sexta-feira passada e esta terça-feira, o limiar horário de informação ao público sobre a concentração de ozono na atmosfera foi ultrapassado no Norte Interior, em Lisboa, no Centro Litoral e entre as regiões do Douro e Minho. O número de horas acima do limiar de informação sobre os níveis de ozono foi maior em Lisboa - 11 horas no total - no sábado, dia em que a temperatura máxima alcançou no distrito os 40ºC.
A Zero avisa que a exposição a níveis elevados de ozono pode agravar doenças respiratórias e reduzir a resistência a infecções respiratórias. Segundo a associação, "as populações não estão a ser avisadas nem da previsão, nem sobre o atingir dos elevados níveis de ozono, como seria de esperar".
Uma situação que "acontece frequentemente", alegou à Lusa a vice-presidente da Zero, Carla Graça, acrescentado que este tipo de informação seria expectável a partir do momento em que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera emite avisos de tempo muito quente e de risco de exposição a radiação ultravioleta. Compete às Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional alertarem a população, através da comunicação social, para os limiares excedidos de concentração de ozono no ar.
Fonte: Lusa
Foto: Adriano Miranda
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