Neste quadro de Hans Holbein, o jovem, vemos um heresiarca: Henrique VIII, rei da Inglaterra [de 1509 a 1547]. O homem que mandou matar várias de suas mulheres e que se separou de Roma.
Ele foi casado em primeiras núpcias, ainda como soberano católico, com Catarina de Aragão, que era da Casa d’Áustria, irmã de Felipe II. Em seguida ele divorciou-se dela para se juntar a outra. Depois a cinco outras, algumas delas executadas por ordem dele. Quando a Igreja Católica negou o divórcio do rei com Catarina de Aragão, ele separou-se de Roma e fundou a igreja anglicana.
Nesta pintura, notam-se no personagem o orgulho e a sensualidade. A sensualidade no todo: no modo de ser carnudo, no rosto e no corpo. A face é repleta, e a boca pequena e chupadinha. Os olhos são pequenininhos, duros, inflexíveis, incapazes de qualquer impressão sobrenatural e de qualquer compaixão. Não era um homem corajoso, mas ruim. Foi ele quem mandou matar São Tomás Morus e também o cardeal São João Fisher, porque esses santos se recusaram a atender o rei em seu caminho de apostasia para o anglicanismo.
No conjunto da pintura o rei Henrique VIII aparenta a segurança do indivíduo numa posição política muito forte, que faz tudo aquilo que bem entende. Mas meio desbragado, que não se controla em nada.
O personagem é grotesco e obeso, mas o traje é muito bonito. Em tecido listrado com cores discretas, com vários bordados, linhas em arminho, alamares provavelmente bordados com fios de ouro e pedras preciosas. A condecoração do rei é também muito bonita: um colar todo feito de ouro, trabalhado com pedras preciosas.
Os braços também revestidos com tecidos ricos, bordados com o mesmo fio de arminho, belas pedras preciosas e alamares. O chapeuzinho é discutível: as abas muito pequenas para a carona do personagem destacam o que ele tem de grotesco. Não é uma má ideia bordar com pedras preciosas a aba do chapéu, mas há muita pedra para uma aba tão pequenininha; essa cabeçorra exige um chapeuzinho um pouco mais alto, pois assim, raso, dá impressão de que ele pôs um prato na cabeça.
Uma linda indumentária, mas num heresiarca pretensioso, orgulhoso, sensual, cruel, perseguidor, tirano.
Fonte: ABIM
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 8 de julho de 1972. Sem revisão do autor.
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