terça-feira, 3 de outubro de 2017

PSD pronto para luta a dois (ou mais). Adeus a Tom Petty. E o caso de Las Vegas

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Viva,
Hoje tenho que começar com uma notícia triste:

Morreu Tom Petty, um dos últimos americanos. Passo a palavra ao João Bonifácio, no obituário que nos enviou pela madrugada: "Era uma das últimas vozes rebeldes da América real, do tempo em que ser uma voz rebelde da América não implicava ir para o Twitter dizer inanidades, do tempo em que ser real e 'blue collar' não significava apoiar o Klu Klux Klan: Tom Petty, autor de 'American Girl', criador de 'riffs' eternos, líder dos HeartBreakers, herdeiro de Bob Dylan – de quem era amigo – e rosto maior do rock'n'roll clássico, morreu na noite de segunda para terça-feira, na Califórnia, aos 67 anos de idade, na sequência de uma crise cardíaca".
A polícia descobriu um arsenal na casa do atirador de Las Vegas: as notícias desta noite falam de 23 armas no quarto do hotel, 19 na sua residência - e ainda uma boa quantidade de explosivos. O suspeito chamava-se Stephen Paddock e era um atirador "reservado" que passava o dia a jogar póquer. O ataque de Las Vegas, em plena Strip – avenida dos principais casinos – onde decorria um festival de música country, fez pelo menos 59 vítimas mortais e 527 feridos. A América ainda tenta perceber como é tudo isto foi possível.
Um governo de unidade assumiu o controlo de Gaza. Centenas de habitantes da Faixa de Gaza fizeram uma recepção eufórica ao primeiro-ministro palestiniano, Rami al-Hamdallah, que visitou o território num "momento histórico". Foi mais um passo para a reconciliação das duas facções palestinianas, uma década depois da cisão entre Hamas e Fatah após eleições e uma guerra civil. A Maria João Guimarães explica o que poucos estão a ver.
Na Catalunha, há já 12 estradas cortadas, lançando a greve geral que protesta contra a actuação de Madrid no domingo. O nosso minuto-a-minuto já está lançado - mas eu ainda voltarei ao tema aqui mais abaixo.

No Público de hoje

O destaque vai para o pós-autárquicas. Começando pelo PSD, onde se vive um impasse: esta noite, Passos deve dizer se fica ou sai, mas o passismo já espera por Montenegro. Rui Rio está também a postos - ontem preparou a próxima etapa ao jantar, com outros "barões". As últimas movimentações estão contadas aqui, pela Sofia Rodrigues. Mas há pelo menos três artigos de opinião para ler no PÚBLICO, se quiser perceber para onde ruma o partido: o de Paulo Rangel, que sugere uma luta de ideias e não de personalidades; o de Pedro Duarte, que pede um congresso antes das directas; e o de Pacheco Pereira, que dita um sentido proibido (o da continuidade). Temos ainda a opinião do João Miguel Tavares, irritado com os seus amigos de direita, e o Editorial, sobre "o pesadelo do PSD e os dois de Marcelo".
Das eleições sobra ainda muita análise, que nos ajuda a ler o que aconteceu (e o que virá). É onde explicamos que os votos perdidos pela CDU foram direitinhos para o PS, que houve nove autarquias a experimentar um partido novo, que este país autárquico ainda não é para mulheres, que há 32 anos um partido no poder não ganhava estas eleições, que as autárquicas não deram espaço a geringonças
Há ainda espaço para 13 gráficos que explicam os detalhes, para um pequeno problema de Moreira no Porto e para o silêncio em Lisboa, onde Medina tem muitas opções.

O que sobra também é um problema para o Orçamento. Ontem, depois de falar com Marcelo, o Bloco já deixou cair a palavra: "Difícil".
A nossa manchete de hoje é também sobre contas, mas olhando para 2016. Diz-nos ela que o Fisco deu mais de 2400 milhões em benefícios a empresas e entidades. Abdicando de mais 600 milhões em impostos como IRC, IMI, IMT e IVA, face ao ano anterior. 
Hoje esperam-se boas notícias do Novo Banco: O programa de recompra de dívida chegou ao fim e vamos ficar a saber se a venda avança. Para dar mais uma ajuda, o Governo aprovou ontem um decreto que garante crédito ao Fundo de Resolução, não vá o banco precisar de reforçar capitais, explica o ECO.
E, já agora, da Autoeuropa. Hoje os trabalhadores elegem a sua nova equipa de representantes nas negociações com a empresa, procurando horários para lançar o novo modelo. O DN diz hoje que a administração está a tentar resolver tudo casal a casal.
Sem saída ficou a campanhia low cost MonarchPor cá, o aeroporto de Faro é o mais afectado pela falência da empresa.
O bom tempo continua a trazer más notíciasO armazenamento de água voltou a descer em todas bacias hidrográficas em Setembro. Pior, conta o Carlos Dias:a seca alastra pelo país mas em pleno Alentejo desperdiça-se água. E depois nada nasce.
Mas também há boas notícias. Pela primeira vez, o Infarmed deu luz verde a uma app para controlar a fertilidade. A Catarina conta-nos a história.

Para ler e reter

1. Lágrimas e alguma raiva em vésperas de greve geral na Catalunha."Nuria viveu 'uma guerra civil'. Laura sabe que o referendo não é legítimo, mas se não houver alternativa estará com 'o povo'. Para os políticos, o dia foi de ressaca. Para muitos catalães, de mobilização"Esta é a reportagem da Sofia Lorena, nos dias terríveis que tem vivido Barcelona. Ela que já nos tinha deixado este o que aconteceu para a Catalunha aqui chegar e que, depois do dia que ninguém vai esquecer, nos descreveu "uma “noite mágica” numa escola. Daqui a uns anos, estas noites estarão nos livros de história. Veremos como.
2. A morte Listopad, homem do teatro e herói de guerra (sem dar por isso). Tinha 95 anos e encenou cerca de 60 peças de teatro. Deixa 50 obras de prosa, poesia e ensaio, em checo, português e francês. E é como um homem “eternamente curioso” que o crítico do PÚBLICO Augusto M. Seabra o vai recordar. O obituário ficaaqui, para a eternidade.
3. A amizade de Elsa salvou Berthe. A Patrícia Carvalho e o Nélson Garrido trouxeram-nos esta bela história, no P2 de domingo, uma história que nunca chega tarde e que aqui lhe deixo: "Uma jovem portuguesa tornou-se amiga de uma judia belga em 1935 e quando o regime nazi crescia na Europa insistiu com ela que obtivesse um visto português e fugisse. Quando as tropas de Hitler lá chegaram, Berthe estava preparada. Mais de 80 anos depois, as filhas de ambas mantêm vivas a amizade".
4. Na próxima vez que António Costa falar ao país já não terá Macau atrás. Da Residência Oficial de São Bento está a sair a pintura académica e a entrar a arte contemporânea. A directora do Museu de Serralves, encarregue da remodelação, pede-nos para imaginarmos um primeiro-ministro com uma gravata vermelha. É a cor complementar de todo o verde que vemos na grande pintura de João Queiroz, acabada de instalar na parede sobre um sofá de dois lugares, também ele verde, onde o primeiro-ministro costuma sentar os convidados. “Ficará perfeito”, comenta a sorrir Suzanne Cotter, na sala principal do piso 0 da residência. A Isabel Salema acompanhou a renovação e ficou surpreendida. Menos com o que lá entrou, mais com o que lá estava (e que ninguém sabia).

Hoje acontece

No pós-autárquicas, os partidos analisam resultados e consequências: hoje há reuniões no PSD, PCP e Bloco de Esquerda. Isto enquanto Marcelo recebe os partidos, discutindo o próximo Orçamento do Estado (hoje é a vez do CDS, PCP e PEV). Outro dos temas do dia é o Novo Banco, aguardando-se que seja hoje o desfecho da operação de troca de dívida.
Lá por fora, marcará o dia a greve geral na Catalunha, com o Barcelona a alinhar na paragem. E a visita de Donald Trump a Porto Rico, para avaliar os estragos provocados pelo furacão Irma. Hoje é também dia do Prémio Nobel da Física, o segundo da semana.

Falando nos prémios, conto-lhe ainda esta história: ontem, alguns cientistas norte-americanos foram acordados ao meio da noite para receber a notícia da conquista do Prémio Nobel da Medicina. Por causa do sono, perderam o sono, conta-nos a Andrea Cunha Freitas. O prémio, esse, foi para a resposta a um dos maiores mistérios da vida: afinal, como funciona o nosso relógio biológico?
Com o relógio acertado, nós ficaremos por aqui a garantir que se mantém actualizado.
Tenha um dia produtivo e feliz.
Até já! 

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