Enquanto dormia
Depois de ter falado num "ano particularmente saboroso para Portugal", António Costa deu três saltos à rectaguarda com flic-flac. No discurso de Natal, o primeiro-ministro começou por referir longamente a tragédia dos incêndios, garantindo: "Não esqueceremos nunca a dor e o sofrimento das pessoas". Só depois disso comentou os bons resultados da economia e prometeu, de forma vaga, criar “mais e melhor emprego” em 2018.
Como se costuma dizer, os partidos tomaram boa nota das palavras de António Costa:
- O Bloco disse que Costa se focou no “mais importante no país” ao centrar-se no “trauma” dos incêndios;
- O CDS registou que o primeiro-ministro "corrigiu" o discurso sobre os fogos;
- Já o PCP concentrou-se na segunda parte do discurso, para avisar que “só sobrarão promessas” se o Governo continuar “amarrado” ao défice.
Antes do primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha falado sobre os incêndios. O Presidente passou o Natal em Pedrógão Grande e apelou a que os portugueses visitem em 2018 os territórios afetados pelo fogo, como forma de contribuir para a reconstrução.
Numa breve conversa com o Público, Marcelo disse esperar receber novidades até à Primavera sobre as mudanças no combate e na prevenção. Está marcada a data.
"Como é que eu fui estúpido ou tão ignorante?" A pergunta, retórica e interessante, foi feita por Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena, durante um interrogatório a que foi sujeito na Operação Marquês. Barroca disse que emprestou uma conta na Suíça ao seu amigo Carlos Santos Silva e que este terá abusado da sua confiança. E recusou ser próximo de Sócrates. A Sónia Simões passou vários dias a ler as muitas páginas do interrogatório e o mais relevante está aqui.
Em mais um episódio da mini-série "Sim, Sr. Procurador", Joaquim Barroca fala sobre "dinheirito" e sobre encontros inesperados com o ex-primeiro-ministro.
Os hospitais portugueses pouparam 30 milhõesde euros até Outubro só com três genéricos (um para tratamento do cancro, outro do VIH, outro da pneumonia e algumas infeções na pele). Os dados do Infarmed são avançados pelo DN.
Depois da poupança, vamos aos gastos: a câmara de Lisboa decidiu que a festa de passagem de ano precisava desesperadamente de cartolas vermelhas e pretas. Por isso, encomendou 30 mil, que serão agora oferecidas a quem for apanhado desprevenido no Terreiro do Paço. Preço, de acordo com o i (link não disponível): 57 mil euros.
Os bancos já se começaram a proteger contra a pressão da redução das comissões bancárias em 2018. Como? Criando contas que agregam vários produtos, explica o Público.
Dois presos da cadeia de Paços de Ferreira usaram telemóveis com internet para chantagear e extorquir dinheiro a mulheres. A história é do JN.
A Guatemala seguiu os Estados Unidos e também anunciou que vai transferir a sua embaixada para Jerusalém. Israel já agradeceu as "maravilhosas notícias" e a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros disse publicamente que há negociações com dez outros países para fazerem o mesmo. Já o Papa, aproveitou a sua mensagem de Natal para defender a solução dos dois Estados para o conflito.
Continuam os efeitos das eleições regionais na Catalunha:
- Os dirigentes locais do PP estão preocupados e a preparar um plano para travar um possível avanço do Ciudadanos nas eleições regionais de 2019, escrevem o El País e o El Confidencial;
- O discurso de Natal do Rei Felipe VI foi criticado por vários partidos e já há artigos de opinião nos jornais a perguntar "Para que serve a monarquia?".
A responsável da Unidade Central de Coordenação do Fisco espanhol em matérias de Delito Fiscal fez declarações duras no processo que envolve Ronaldo: “Temos pessoas na prisão por não terem pago 125 mil euros”.
Agora, se faz favor, sente-se na cadeira e não se levante antes de acabar de ler este artigo: "Why Saad Hariri Had That Strange Sojourn in Saudi Arabia". O The New York Times conta os bastidores da demissão-mistério do primeiro-ministro do Líbano durante uma estadia na Arábia Saudita.
Os nossos Especiais
"Alguns diretores de circo chamavam-me estrangeiro e eu dizia-lhes: ‘Eu sou um Sousa Tavares'". E é mesmo, como o próprio explica numa entrevista de vida à Marlene Carriço. Miguel Chen começou a trabalhar no circo aos 7 anos, aos 30 deu nas vistas com um número especial e em 1981 voltou a Portugal para fazer o Circo Chen. Mas, para conseguir montar a tenda, ainda teve que dar um tiro a alguém.
A nossa Opinião
Alexandre Homem Cristo escreve "O Natal dos partidos políticos (é à grande)": "Os partidos (PS, PSD, PCP, BE, PEV) legislaram em benefício próprio, amealhando milhões de euros à conta do Estado. E, para fugir ao escrutínio público, fizeram-no da forma mais opaca possível".
Laurinda Alves escreve "O dia seguinte": "Quando, nós cristãos, falamos do Natal e celebramos o nascimento de Jesus não estamos só a invocar o que aconteceu há dois mil anos. Estamos a falar de um tempo novo no coração de cada um, hoje".
Paulo de Almeida Sande escreve uma crónica de Natal: "Somos invejosos, chico-espertos, estrangeirófilos, somos de brandos costumes, timoratos, dados a excessos e ao remorso deles, somos simpáticos, acolhedores, imaginativos, desenrascados".
Helena Matos escreve sobre o alfinete da princesa de Kent: "A 'coisa' calha a todos. Não adianta acreditar que sobre nós ela não cairá. Vai cair. Agora. Ali à frente. E todos os dias esta coisa viscosa cai sobre alguém. Hoje foi o dia do alfinete racista".
Notícias surpreendentes
Vai do faisão aos filetes de polvo. O Diogo Lopes selecionou as melhores coisas que comemos em 2017 e mostra-as, sem qualquer vergonha ou preocupação com a boa forma, aqui.
Na véspera de Natal, morreu a atriz que fez de Louisa Von Trapp no filme “Música no Coração”. Heather Menzies-Urich tinha 68 anos.
Foi um dos artigos mais lidos do Natal no Observador: Ricardo Araújo Pereira foi o convidado surpresa da festa de Natal da Acreditar (Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro) e acabou por emocionar-se ao reencontrar a criança que um dia, doente, lhe disse que ele era "o mais parvo". O texto e o vídeo estão aqui.
E quais foram os 96 artigos que mais mexeram com os nossos leitores ao longo do ano? Ira, riso, tristeza, surpresa, adoro - está tudo aqui. É o balanço do ano que todos fizemos sem nos apercebermos, quando reagíamos às notícias do Observador no Facebook.
Hoje já é terça-feira e tenho a certeza que a contagem decrescente para o novo ano começou na sua cabeça. Até lá, sabe que pode vir sempre aqui ter connosco.
Até já!
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