Enquanto dormia
Bastou uma frase: "Hoje reconhecemos o óbvio. Que Jerusalém é a capital de Israel". Trump mudou ontem de forma radical a forma como é encarado o conflito no Médio Oriente, argumentando que esta primeira decisão - que desafia ostatus quo de décadas - é a melhor forma de chegar à paz: "Não podemos resolver os nossos problemas mantendo as mesmas ideias falhadas e repetindo as mesmas estratégias do passado".
Alguns olham para a decisão como “uma bonita prenda”, outros como “um momento de ansiedade” e outros ainda como “uma decisão lamentável”. O Papa defendeu a manutenção do estatuto de Jerusalém e a Liga Árabe convocou uma reunião de emergência.
Em Portugal, Marcelo disse estar "preocupado" com “gestos que possam ser considerados contraproducentes para o clima de diálogo” e o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esperar que não haja uma “escalada de violência”.
Temos um Explicador para perceber exactamente o que está em causa. Porque é que Trump tomou esta decisão? O que tem a ganhar com ela? O que se vai passar a seguir? Este gesto é apenas simbólico ou um barril de pólvora?
O debate de ontem no Parlamento andou entre o muito quente e o implacavelmente gelado.
- Catarina Martins falou da eleição de Centeno para lembrar que o Eurogrupo é um organismo “sem regras”, que “insultou Portugal” e onde a “Alemanha manda”;
- Heloísa Apolónia, dos Verdes, falou em mais “submissão”;
- Costa defendeu-se dizendo que, no Eurogrupo, "outros ajoelhavam", mas não o PS;
- Ainda sobre o caso do recuo do PS na taxa para as renováveis, o BE falou em "República das Bananas".
- Sobre o Infarmed, António Costa não teve qualquer hesitação em deixar cair o ministro da Saúde, dizendo que ele "foi muito inábil" na forma como comunicou a decisão;
- Virando-se para Assunção Cristas, o primeiro-ministro disse que não pretendia fazer qualquer negociação com o CDS porque a sua líder, "na frieza do seu gabinete, escreve artigozinhos que publica na comunicação social, onde recorre ao insulto".
Do debate, sobrou ainda a polémica sobre a adesão de Portugal ao novo mecanismo europeu de Defesa. A grande discussão - tão grande que levou Passos a irritar-se com Costa - foi sobre o plano português de implementação destas medidas. O governo insistiu que sempre disse que o documento, distribuído aos deputados, era secreto; o PSD, o CDS e o BE insistiram que não. Quem está certo? O Observador fez um Fact Check que não deixa dúvidas: o governo não tem razão nenhuma.
Aliás, o próprio Ministério da Defesa admitiu o problema ao Observador: quando prometeu aos deputados que iria divulgar publicamente o documento, Azeredo Lopes não sabia que ele ia ser secreto.
No parlamento, Costa levou uma estrelinha na lapela e um caso de bigamia. Na crónica do debate, o Vítor Matos escreve que o primeiro-ministro mostrou "Centeno como troféu para calar a direita, o que acentuou as diferenças entre o noivado em Lisboa e o casamento com Bruxelas".
O Banco de Portugal está preocupado e admite apertar a malha ao crédito à habitação: os spreads estão demasiado baixos e os prazos de pagamento demasiado alargados. Se as taxas de juro subirem...
Do caso Panteão ao caso túmulo-bengaleiro. Um grupo de acólitos usou o túmulo de Alexandre Herculano no Mosteiro dos Jerónimos para pendurar mochilas e casacos durante uma ordenação. As fotos foram divulgadas nas redes sociais e agora estamos na fase passa-culpas.
Ontem, regressou a casa o soldado português “perdido” em Angola. Morreu na guerra colonial e esteve 54 anos sepultado em Luanda até que a filha viu uma fotografia do pai no Facebook. Agora, o corpo está em Portugal.
Carlos Magno, presidente cessante da ERC, fez duas declarações surpreendentes sobre o caso Altice. No Parlamento, afirmou que não votou contra a compra da Media Capital porque queria que o negócio continuasse a ser discutido; eadmitiu que o assunto poderia ser apreciado outra vez pela nova ERC.
A Figura do Ano da Time é o movimento #MeToo, que levou à denúncia de dezenas de casos de assédio na política, nas empresas e na indústria do entretenimento, fazendo cair de forma instantânea muitos homens poderosos. (Aqui, pode conhecer todas as 91 Figuras do Ano eleitas até hoje pela revista, de Hitler ao computador).
Ainda ontem, uma investigação impressionante do The New York Times revelou como Harvey Weinstein (o primeiro acusado publicamente) conseguiu criar uma teia de cumplicidade e silêncio durante anos.
Na Liga dos Campeões, o FC Porto venceu o Mónaco por 5-2 e passou aos oitavos. Na crónica do jogo, o Bruno Roseiro escreve que, "três meses depois, a equipa de Sérgio Conceição não aprende, ensina - e deu uma lição".
E é preciso falar ainda de Aboubakar: marcou o 100.º golo como sénior (que elevou para 101) e juntou-se a Mário Jardel e Jackson Martínez nos recordes dos dragões.
Agora, quem é que os portistas podem apanhar nos oitavos? Há sete hipóteses e quatro são inglesas.
Além do FC Porto, a noite foi de outros portugueses: Ronaldo bateu mais um recorde e o treinador Paulo Fonseca cumpriu uma promessa e apareceu vestido de Zorro na conferência de imprensa.
Os nossos Especiais
O banco Saxo acaba de divulgar as suas "previsões insólitas" para a economia em 2018. No top 10 encontramos a ruína da bitcoin, uma ameaça para o euro e um "crash" de 25% na bolsa. Veja aqui como se pode pensar fora da caixa.
A nossa Opinião
José Manuel Fernandes escreve que "o PSD está uma coisa muito deprimente": "A disputa pela liderança do PSD lembra um penoso regresso ao passado, uma disputa fulanizada sem propostas diferenciadoras e sem a capacidade de dizer ao país o que ele precisa de ouvir. E quer ouvir". E, numa opinião em vídeo, fala sobre "o preço do pão e do triunfo de Mário Centeno".
Paulo Tunhas escreve sobre o anúncio do Presidente americano: "A decisão de Trump sobre Jerusalém rompe com a hipocrisia vigente quando se fala do Médio Oriente, que tudo na aparência igualiza para na verdade sistematicamente condenar Israel desde o princípio".
Helena Garrido escreve "Há contratos e contratos, há Mário e há Centeno": "Vivemos tempos extraordinários. Agora os contratos são para cumprir. Em menos de dois anos, o ministro das Finanças passa de virar a página da austeridade para líder do grupo símbolo da austeridade".
Notícias surpreendentes
Estreia hoje “Derradeira Viagem”, o novo filme de Richard Linklater. Eurico de Barros dá-lhe quatro estrelas: "É uma peça cinematográfica para três vozes, onde brilham Steve Carell, Bryan Cranston e Laurence Fishburne".
Há mais dois filmes para ver esta semana: “A Casa Torta” é a adaptação de um policial de Agatha Christie; e “120 Batimentos por Minuto” é uma fita sobre o activismo anti-sida na França dos anos 90.
O novo Star Wars, “Os Últimos Jedi”, vai ser o mais longo da saga? Fomos fazer as contas.
Há oito restaurantes portugueses na lista dos melhores do mundo elaborada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, que reúne opiniões de 330 guias e milhões de críticas. Veja a lista completa aqui.
Como vê, tem muito para ler - e neste próximo fim de semana prolongado também. Estamos sempre aqui, claro.
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