A vergonha dos incêndios de Outubro # Um risco para o novo ano escolar

David Dinis, Director

Bom dia!

Aqui estão as últimas notícias:

Trump deu os parabéns a Putin. Ignorando os avisos dos seus conselheiros, o Presidente americano ligou ao líder russo para o felicitar pela reeleição, dias após lhe ter imposto renovas sanções. 

O líder da Cambridge Analytica foi suspenso. Alexander Nix, fundador dada empresa acusada de ter influenciado as eleições norte-americanas, foi suspenso nesta terça-feira, depois de ter sido apanhado em falso por uma televisão. Agora, a empresa que deixou o Facebook na linha de fogo jura que fará uma "investigação completa".

Demitiu-se o Presidente da Birmânia. Htin Kyaw, aliado de Aung San Suu Kyi, não revelou os motivos da sua saída.

Um vereador na região do Rio de Janeiro foi assassinado a tiro, apenas uma semana depois da morte de Marielle Franco. Uma vez mais, no Brasil fala-se de um possível crime político.

O que marca o dia

O relatório dos incêndios de Outubro pôs o Governo sob fogo. Os peritos dizem, preto no branco, que a Protecção Civil pediu meios que o Governo não deu (ou deu tarde demais). E conclui que  as diferentes instituições do Estado português não puseram em marcha medidas que pudessem "minimizar" o impacto de fogos. A Liliana Valente leu o relatório e acrescentou alguma informação que conseguiu confirmar ontem (entrar por aqui). Eu também e fiz o Editorial: "Enquanto o Governo dormia". Agora, resta-nos esperar que estes nove conselhos dos técnicossejam seguidos, para evitar outro Verão assim. Mas olhando para o que diz o relatório, até a operação de limpeza das matas é um mau começo, acrescenta a TSF.

Um azar da Porto Editora põe em risco o arranque do ano escolar. Um “fenómeno climatérico extremo” parou a produção de livros da editora que tem a larga maioria dos livros escolares. Daqui a dois meses deveria estar a imprimir em velocidade cruzeiro os manuais escolares. Editora está empenhada “em fazer o possível” para dar resposta às encomendas, mas está numa corrida contra o tempo para não deixar muitos alunos sem livros no início do ano escolar que se segue. A Luísa Pinto conta a história que está na nossa manchete de hoje.

Dois terços dos hospitais pagam dívidas com atraso. O problema pôs a Comissão Europeia em alerta e levou o ministro das Finanças a pôr o sector sob vigilância de um grupo de trabalho: os hospitais mais demorados chegam a levar ano e meio para saldar dívidas, um problema que os representantes dos médicos e dos enfermeiros dizem sentir-se em todo o país. As contas às dívidas são estas; a última tentativa de lhes dar solução é esta. E ainda sobra uma dúvida, do presidente da Associação dos Administradores Hospitalares: "Podemos confiar em Mário Centeno?"

O maior hospital privado do país está em risco de fechar. O Senhor do Bonfim, em Vila do Conde, reclama dívidas do Estado e já tem salários em atraso. Abril é o limite, avisa o Negócios de hoje.

A propostas do Governo dividiram o Ensino Superior. Terminou sem uma posição conjunta a reunião desta terça-feira entre os reitores das universidades portuguesas, que tinha sido marcada para avaliar as medidas para o sector propostas no último mês pelo Governo. Entre os politécnicos, essas soluções são consideradas “positivas”. O Samuel Silva diz-nos se é possível traçar uma bissectriz.

Os portugueses cortaram 400 milhões nas doações em IRS. O problema está no limite em que se prejudica as contas de cada família, explica o JN.

Centeno vai rever em baixa o défice de 2018. A palavra de ordem nas Finanças é "ambição", conta o ECO.

Há suspeitas de roubo de dados informáticos na IGF. Inspectores da PJ realizaram buscas domiciliárias e apreenderam sistemas informáticos usados por funcionários suspeitos da Inspecção-Geral de Finanças. As suspeitas são estas.

Os juízes libertaram o ex-procurador Orlando Figueira, o principal arguido da Operação Fizz, suspeito de ter sido corrompido pelo antigo vice-presidente de Angola Manuel Vicente. O caso está neste ponto.

Portugal tem a média de tempo de prisão mais alta da Europa. Os dados são do Conselho da Europa e avaliam mais de 40 países.

Os custos da habitação estão a sobrecarregar muitas famílias. Relatório da Federação Europeia de Organizações Nacionais que Trabalham com População Sem-abrigo lembra que custos mensais das rendas ou empréstimos das famílias mais pobres aumentou 40%. O problema quase duplicou em seis anos.

Na casa social-democrata, anote a crítica de Santana a Rui Rio: diz não ter gostado de ver a forma como Feliciano Barreiras Duarte “foi convidado a demitir-se, em dois dias consecutivos”, do cargo de secretário-geral do PSD. E desafiou Rio a "inaugurar" a sua sua liderança. Quanto ao novo secretário-geral, diz que vem para “unir”.

E fica um desejo para Ferro Rodrigues: o presidente do Parlamento vai ser operado a um pulmão e voltará apenas no dia 29. Que corra tudo bem, sr Presidente.

Acrescentar um ponto

1. Cambridge Analytica, a empresa que manipula a democracia à escala global. Um canal de televisão britânico, o Channel 4, passou os últimos quatro meses a investigar a empresa que dá a cara pelo maior escândalo da manipulação eleitoral da história: a Cambridge Analytica. É um trabalho dividido em cinco partes, que pode ser visto na homepage do canal e também no YouTube. Até ontem foram divulgadas as três primeiras partes, que lançam uma enorme suspeita sobre a empresa que trabalhou em muitas eleições em vários pontos do globo. O Diogo Queiroz de Andrade conta-nos a história e deixa-nos os links.

2. A guerra invisível de Manuel. Nasceu em Moçambique em 1949, foi a Tancos tirar o curso de pára-quedismo e voltou para combater do lado português. Com o fim do conflito foi preso, libertado e regressou a Portugal antes da independência. Agora pediu a reforma e o Exército português não reconhece parte do tempo de combate. O Camilo Soldado voltou à guerra para nos contar este caso, que já só vai parar em tribunal. Foi o tema de capa do P2.

3. “Não é só querido e fofinho, é um trabalhador”. Um projecto internacional procura criar uma rede de hotéis e restaurantes que recebam estágios de pessoas com trissomia 21 e dificuldades intelectuais. Em Portugal ainda são poucos os que participam, mas os responsáveis não desistem de querer fazer este projecto crescer. A reportagem é da Patrícia Carvalho - e é a nossa maneira de assinalar o Dia Mundial da Síndrome de Down.

4. O Museu de Arte Antiga quer crescer assim, sem sair do lugar. A equipa do MNAA acaba de receber mais uma obra de relevo para a colecção, numa altura em que a sua ampliação para a 24 de Julho volta a estar em cima da mesa. O director diz que é preciso vontade política e que gostaria de ter a casa pronta dentro de cinco anos. Mas o ministro defende que é ainda cedo para decidir o que se quer do novo museu. A Lucinda desfia o novelo de uma longa história e o João Pedro Pincha mostra o projecto e regista o silêncio.

A agenda de hoje

Rio Rio vai apresentar-se a Bruxelas, numa cimeira do PPE. António Costa também estará por lá, num debate sobre as Políticas de Coesão. Em Lisboa, o ministro Pedro Marques vai ao Parlamento falar sobre os próximos fundos comunitários, tal como o presidente da CGD, convidado a explicar  assuntos do banco. Marcelo é que não vai parar, entre o Conselho Superior de Defesa e um debate sobre a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza e Exclusão Social.

Lá por fora, com o escândalo do Facebook a marcar a semana, os olhos dos investidores estão postos na Fed: afinal, há ou não subida dos juros?

Hoje é também o dia mundial da árvore. E dia mundial da poesia. Pelo que lhe deixo aberto até Herberto Hélder: "Aos amigos".

Dia feliz para si! Até já!