sexta-feira, 8 de junho de 2018

No dos país de arquitectos

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Ipsilon
 
 
  Vasco Câmara  
Com o Leão de Ouro atribuído a Souto de Moura, Portugal regressou vencedor da 16ª Bienal de Arquitectura de Veneza. Somos um país em que a arquitectura é uma actividade de excelência, apesar da troika, apesar da crise...
O Leão de Ouro foi atribuído a Vol de Jour, instalação composta por duas fotografias aéreas do projecto de reconversão em empreendimento turístico da antiga herdade de São Lourenço do Barrocal.
 
Mas houve mais portugueses na Bienal, houve Álvaro SizaInês LoboManuel Francisco Aires Mateus, João Gomes da Silva João Nunes. Foi o que viram os nossos críticos e jornalistas, Ana Vaz MilheiroJorge FigueiraIsabel Salema Pedro Baía - a cada um a sua Bienal antes de, eventualmente, ela poder ser nossa (pode-o, até final de Novembro). Mas viram também que falta ainda um apoio mais claro do Estado português na divulgação da arquitectura nos fóruns internacionais, e que sem isso é difícil que os arquitectos portugueses entrem em territórios mais arriscados. "Recados" dados no nosso dossier.
A música esta semana é dominada por Kanye West. Francisco Noronha desafia-nos: o novo álbum, Ye, não é para amar nem para odiar: é para escutar (se isso ainda for possível), a música está mais negra (mais bela?) do que nunca. Para que não haja equívocos, eis o que ele escreve: "É importante, porém, lembrar àqueles que só agora apanharam o comboio – e para quem, muito provavelmente, o seu nome é apenas sinónimo de idiotia – que, para lá do alarido patético que tem marcado a sua vida recente, West é um dos mais virtuosos e fecundos músicos que o século XXI viu despontar, errático e melancólico, sensível e megalomaníaco, um melómano que revolucionou os cânones do hip-hop, do R&B e de toda a música pop..."
Mas há também Isaura. E Gonçalo Frota defende que depois da vitória no Festival da Canção com O jardim, se calhar só com o álbum de estreia que agora chegaHumane que nos apresenta uma autora pop com um fraquinho pelos anos 80, é que começamos a conhecer Isaura - importa não a perder.
Deixo-vos a ler: O Quarto de Marte, de Rachel Kushner, a autora de Telex de Cuba Os Lança-Chamas, que lhe valeram a admiração da crítica e que a cotaram como uma das representantes mais criativas da literatura norte-americana. Aos 50 anos, entrou em prisões como voluntária, falou com reclusas, guardas, advogados. Queria que a sua vida os incluísse, quis tornar íntima uma vida tão distante da sua como é a de uma condenada a prisão perpétua. Como se vive com o “para sempre” numa prisão de mulheres da Califórnia?
“Sempre me perturbou o facto de as pessoas ficarem numa prisão para toda a vida. É uma coisa muito americana, e uma ideia bizarra de punição; resulta de uma decisão estruturalmente arbitrária. Nunca se sabe quanto tempo uma pessoa irá viver. Podem ser quatro ou 40 anos, mas é como se com a vida pudessem reparar os danos que causaram. É muito estranho” - eis um pedaço da conversa entre Rachel e Isabel Lucas.


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