Omar Mithá foi substituído na presidência da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) por Estevão Pale. O economista que reorganizou as contas do “braço” comercial” do Estado nos projectos de gás natural e petróleo, que teve um papel chave nas Decisões Finais de Investimento da Eni e Anadarko não conseguiu iniciar a nova vaga de endividamento público externo e tornar a ENH na nova “vaca leiteira” dos membros do partido Frelimo.
O Conselho de Ministros, reunido nesta terça-feira (28), na sua 2º sessão ordinária, determinou que Omar Mithá cessa as funções de Presidente do Conselho de Administração da ENH e nomeou para o seu lugar Estêvão Tomás Rafael Pale.
Economista, natural da Província de Cabo Delgado, Mithá assumiu a presidência da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos em 2015, após sete meses como vice-ministro da Indústria e Comércio do 1º Governo de Filipe Nyusi, com a missão colocar a empresa financeiramente pronta para participar da exploração, produção e exportação das enormes reservas de gás natural e petróleo existentes no Norte de Moçambique.
Nos dois primeiros anos da sua Administração a ENH não publicou as suas contas auditadas, contudo em Junho de 2017 participou do primeiro “project finance” alguma vez realizado para a construção de uma FLNG no mundo endividando em 800 milhões de dólares a empresa estatal junto dos seus sócios na exploração do campo de Coral Sul na Área 4 da Bacia do Rovuma.
O @Verdade apurou, nas contas auditadas de 2017, publicadas já em 2019, que a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos também ficou a dever aos seus sócios na exploração do campo de Coral Sul pouco mais de 306 milhões de dólares norte-americanos, pelas despesas incorridas desde o início das actividades de pesquisa, em 2006, até 30 de Junho de 2017.
No ano passado, por ocasião de outro momento histórico para a transformação do nosso país em produtor de gás natural, a ENH voltou a endividar-se com os seus sócios, desta vez do campo Golfinho/Atum da Àrea 1, em 809 milhões de dólares pelas despesas incorridas desde o início das actividades de pesquisa.
Paralelamente o “braço” comercial” do Estado nos projectos de gás natural e petróleo está a procura de financiamento bancário de aproximadamente 1,5 bilião de dólares para realizar a participação de 15 por cento que detém no campo Golfinho/Atum da Àrea 1 e não tem tido sucesso apesar da Garantia Soberana que o Governo tem disponível para emitir.
Quando faltam 3 anos para o início da produção de gás natural na Bacia do Rovuma e com a questão das dívidas ilegais quase sanadas a ENH vê as portas dos mercados financeiros a reabrirem-se para uma nova vaga de endividamento público externo que irá novamente beneficiar as elites predadoras do partido Frelimo.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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