Por Liliane Jochelavicius, em 10.02.2020
Economistas norte-americanos investigaram quanto eles teriam que pagar a usuários do Facebook para que desativassem o aplicativo por um ou dois meses. Acontece que a equipe também descobriu que as pessoas ficaram mais felizes após desativar o Facebook como parte do experimento.
Os resultados foram publicados em novembro do ano passado. Para o estudo, os participantes desativaram o aplicativo durante as quatro semanas que precederam as eleições de 2018 nos Estados Unidos.
As mídias sociais provocam impactos consideráveis e o Facebook tinha 2,45 bilhões de usuários ativos mensalmente no mundo, de acordo com dados do final de 2019 da própria companhia.
De acordo com o artigo, o crescente espaço ocupado por mídias sociais provocou tanto otimismo, devido a potenciais benefícios, quanto preocupação com relação a possíveis danos como vício, depressão e polarização política.
Após desativar o Facebook as pessoas reduziram as atividades on-line e aumentara as off-line, como assistir televisão ou passar tempo com família e amigos. Também houve redução no conhecimento de notícias factuais e polarização política e aumento na percepção de bem-estar. Ainda, ocorreu grande redução no uso do aplicativo após o experimento.
Além de ficarem mais felizes depois de desativar a mídia social, as pessoas relataram níveis mais altos de satisfação e níveis mais baixos de depressão e ansiedade. Embora modesta, a mudança foi significativa: entre 25% e 40% do efeito positivo tipicamente relatado para psicoterapia.
Porque persistir
Uma possível explicação para as pessoas continuarem usando algo que reduz a felicidade delas, é que as mídias sociais agem como uma droga viciante. Mas outra possibilidade é de que elas usem esses serviços por serem compelidas por outras motivações, que não a busca pela felicidade.
Cerca de 80% dos participantes concordou que desativar o Facebook foi bom para eles, mas também foram mais propensos, do que o grupo de controle, a pensar que as pessoas sentiriam falta da mídia social se elas a usassem menos.
Os pesquisadores consideram que os resultados devem ser interpretados com cuidado, por diversos motivos. Os efeitos podem ser diferentes dependendo da duração, período e escala de desativação. Muitos dos resultados são autorreferenciados, o que pode interferir também nos resultados.
Além disso, a amostra não é totalmente representativa, uma vez que os participantes não têm as características mais comuns entre usuários do Facebook, de acordo com os autores.
Mesmo depois de passar um tempo sem usar o Facebook, as pessoas continuam vendo benefícios em manter a mídia social. Os participantes ainda consideram que o Facebook pode melhorar a vida das pessoas seja como fonte de entretenimento, meio para organizar uma instituição de caridade, ou representa vida social para aqueles que estariam isolados de outra forma.
Os autores do artigo consideram que qualquer discussão sobre mídias sociais não deve desconsiderar o fato de que elas preenchem algumas necessidades, apesar dos lados negativos. [Stanford, Boing Boing, Bloomberg, Facebook]
Fonte: hypescience
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