Itália é o segundo país mais afetado pela pandemia, depois da China, com mais de 1000 mortes relacionadas com o Covid-19. Há registados no país mais que 15 mil pessoas infetadas. E é precisamente de Itália que chega o relato de um médico, diretor do departamento de doenças infecciosas do Hospital Universitário de Pisa, de um cenário devastador no país. E com avisos para Portugal.
Milhões em casa, hospitais sobrelotados, médicos insuficientes e exaustos. E confrontados com um enorme dilema ético, no meio de toda esta situação.
Este médico italiano, à conversa com a Antena 1, quando questionado sobre se está a ser possível tratar todas as pessoas que chegam ao hospital, começa por dizer que os profissionais devem "dar a melhor resposta possível a todas as pessoas nessas condições".
Mas logo acrescenta que "se o número de pessoas que precisam de cuidados intensivos for demasiado alto, obviamente que não haverá capacidade de resposta para todas as pessoas".
Nesses momentos, "poderemos ter que escolher entre as que têm mais necessidade e viabilidade em termos de saúde", afirmou. "Um dilema ético, obviamente".
Avisos para Portugal
O diretor do departamento de doenças infecciosas do Hospital Universitário de Pisa diz que as medidas pesadas agora aplicadas pelo Governo italiano chegaram tarde, mas foram "corretas". "Agora devemos tentar conter a epidemia. A única forma é ficar em casa, reduzir ao máximo o contacto com as outras pessoas. E também ficar afastados dos hospitais. Com a exceção de algum caso de emergência, os hospitais estão muito envolvidos na resposta ao Covid-19 e há um grande risco para as pessoas que trabalham nos hospitais de serem infetadas".
As autoriades italianas, explica este médico, continuam a "pedir ajuda de vários tipos de trabalhadores de saúde de vários pontos do país. Sobretudo especialistas de cuidados intensivos".
O que aconteceu no início em Itália deve servir de exemplo para Portugal, avisa. As medidas iniciais foram "demasiado pequenas e demasiado tarde".
"Esta é a minha mensagem pessoal para Portugal", diz. "Não se coloquem na mesma situação que a Itália. Evitem o contacto, fechem as escolas, fechem as universidades, deixem as pessoas ficar em casa. Não se coloquem na mesma posição que nós e não façam esforços insuficientes nem demasiado tarde".
Diz o médico que a China deu uma lição a todo o mundo. "Manteve em quarentena 60 milhões de pessoas. Agora na China o Covid-19 está em declínio".
Este especialista alerta ainda que o "verdadeiro risco de contágio são os hospitais, a urgência do hospital. Essa foi a causa principal da multiplicação do virus".
RTP
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