O Governo de Filipe Nyusi tornou público nesta segunda-feira (20) que a pandemia da covid-19 pode estender-se por mais 4 meses infectando um cumulativo de 20 milhões de pessoas. O director-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS) explicou que esse é o pior cenário se não tivessem sido suspensas as aulas nem implementadas as medidas de nível 3 para conter o novo coronavírus, “o Sistema de Saúde tem que estar preparado para o pior cenário”. No entanto o Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior alertou: “O melhor cenário está nas mãos dos moçambicanos (...) Quando monitoramos a mobilidade das pessoas em Moçambique reparamos que a redução é mínima, cerca de 15 por cento, significa que as pessoas não estão a ficar em casa, nós precisamos de uma redução muito maior”.
Durante o Conselho Coordenador do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades foram apresentados os Planos Multissectoriais de Resposta e Mitigação dos Impactos da covid-19 que prevêem que a pandemia irá durar pelo menos até Setembro, infectando 20 milhões de pessoas entre as quais 350 mil poderiam estar em estado grave e serem internadas, 40 mil delas em cuidados intensivos.
Além do impacto nos cidadãos os Planos Operacionais detalham as necessidades de recursos humanos e meios materiais que são quantificados em 260.732.258 dólares norte-americanos, sem no entanto incluir os 553 milhões de dólares que o Governo precisa para edificar 79 hospitais distritais.
No encontro, dirigido pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, foi ainda revelado que o Executivo tem disponível apenas pouco mais de 28 milhões de dólares e conseguiu um compromisso de 73,8 milhões dos Parceiros de Cooperação, havendo portanto um défice de 186 milhões de dólares norte-americanos.
Confrontado com as projecções do impacto da covid-19 o director-geral adjunto do INS clarificou: “Em planificação tem que se trabalhar com o pior cenário, o Sistema de Saúde tem que estar preparado para o pior cenário, os 20 milhões são o pior cenário que utiliza-se para planificação. No entanto medidas estão em curso para evitar que esse pior cenário verifique-se, Moçambique é um exemplo em termos de antecipação de medidas e é importante que todos os moçambicanos respondam a este apelo de implementar estas medidas com rigor”.
“Epidemia explosiva como vimos em muitos países do Ocidente, esse é o pior cenário que a todo o custo queremos evitar”
“Moçambique teve a cautela de não cometer o erro de alguns países, antecipou-se às medidas. Esta antecipação das medidas teve como objectivo evitar que Moçambique entre no pior cenário. É preciso ter em conta que com as medidas implementadas pelo Governo o objectivo é quebrar a cadeia de transmissão, quebrando a cadeia suprimimos a transmissão e o número de casos por dia é pequeno, comportável pelo Sistema de Saúde. O que acontece quando medidas como estas não são implementadas com rigor, é que temos uma epidemia explosiva como vimos em muitos países do Ocidente, esse é o pior cenário que a todo o custo queremos evitar”, explicou ainda o Dr. Samo Gudo.
Falando em conferência de imprensa o epidemiologista moçambicano aclarou que: “Ao suprimirmos a transmissão, com adopção destas medidas, nós evitamos que tenhamos muitos casos no mesmo dia, isso é importante para que o Sistema de Saúde não colapse e o tratamento que é prestado aos indivíduos doentes é de melhor qualidade e minimizamos o risco de óbito”.
“As pessoas não estão a ficar em casa, nós precisamos de uma redução muito maior”.
“Outro aspecto importante destas medidas que tem o objectivo de quebrar as cadeias de transmissão é atrasar a progressão da epidemia, para que o sistema de saúde se prepare melhor, segundo é que nós ganhamos tempo para que apareça um tratamento, a expectativa é que até Dezembro deste ano o mundo tenha um tratamento disponível, se atrasarmos o progresso da epidemia estamos a assegurar que um tratamento irá aparecer muito antes que Moçambique entre no pico da sua epidemia”, declarou o director-geral adjunto do INS.
No entanto o Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior tranquilizou que “este pior cenário já não é considerável, mas chamar atenção que o melhor cenário só será alcançado com a contribuição de todos os moçambicanos. Se todos nós do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico cumprirmos com as medidas estaremos a assegurar o melhor cenário. O Governo de Moçambique está a preparar-se em termos de capacidade do Sistema (Nacional de Saúde) para o pior cenário, no entanto medidas de prevenção estão a ser intensificadas com vista assegurar que Moçambique registe o melhor cenário”.
Porém o epidemiologista moçambicano alertou: “O melhor cenário está nas mãos dos moçambicanos, se nós continuarmos a assistir o que temos visto, que é uma redução pequena da mobilidade pública não estaremos a contribuir para o melhor cenário. Quando monitoramos a mobilidade das pessoas em Moçambique reparamos que a redução é mínima, cerca de 15 por cento, significa que as pessoas não estão a ficar em casa, nós precisamos de uma redução muito maior”.
“Com a decisão de encerrar as escolas o objectivo era tirar da rua cerca de 7 a 8 milhões de pessoas. Introduzir a rotatividade e encerrar algumas actividades a expectativa é que a redução da mobilidade das pessoas fosse de 50 por cento ou mais. Significa que os estudantes, os funcionários e outros indivíduos que deveriam cumprir as medidas do Estado de Emergência não estão a ficar em casa e esse é o nosso apelo: fiquem em casa, reduzam a mobilidade ao mínimo possível”, apelou o Dr. Samo Gudo.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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