Eneas Comiche, o paciente zero da pandemia em Moçambique, acusou nesta segunda-feira (20) o Ministério da Saúde (MISAU) de tratamento não “humanizado”. Porém o Edil do Município de Maputo, que revelou só ter tido conhecimento da sua infecção pelo novo coronavírus no dia 26 de Março, não conseguiu explicar porque razão a sua esposa no dia 24 de Março assumiu ser a segunda infectada pela covid-19 no nosso país.
Mais de quatro semanas após o ministro da Saúde ter anunciado o diagnóstico do paciente zero da covid-19 em Moçambique o Edil da Cidade de Maputo chamou a imprensa para declarar: “Recebi três resultados positivos, sendo dois em meu nome e um em nome da minha mulher, Lúcia Maria Comiche - o primeiro enviado por e-mail do Instituto Nacional de Saúde de 26 de Março de 2020, às 17h20 e em formato físico no dia 06 de Abril de 2020, cuja colheita foi feita no dia 20 de Março de 2020; o segundo positivo para a covid-19, recebi por e-mail no dia 04 de Abril de 2020, às 14h58, cuja colheita foi feita no dia 23 de Março de 2020; no dia 06 de Abril de 2020, recebi, em formato físico do Instituto Nacional de Saúde o resultado positivo relativo à minha mulher, cuja colheita foi feita no dia 23 de Março de 20 enviado novamente por e-mail do Instituto Nacional de Saúde, recebido no dia 11 de Abril de 2020, às 14h58”.
O presidente do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo e membro do Comissão Política do partido Frelimo, portanto com acesso directo à cúpula governativa, revelou que em vez de procurar tratamento numa unidade do Sistema Nacional de Saúde preferiu dirigir-se a uma unidade hospitalar privada. “Face a esta situação, submeti-me, de imediato, ao tratamento médico recomendado, tendo eu ficado internado no Instituto do Coração e a minha mulher em isolamento domiciliário”, afirmou.
Comiche acusou o Ministério da Saúde de prestar tratamento sem qualidade e não “humanizado aos infectados ou afectados pela covid-19. Não é correcto sermos tratados como números. Mais X infectados, dos quais Y recuperados, sem informação directa ao interessado e sem uma palavra de aconselhamento. O cidadão testado ao covid-19 tem o direito de ser informado, em primeira mão, dos resultados dos testes realizados”.
Sem dignidade de assumir o seu estado de saúde atempadamente o paciente zero, que é o Edil da Cidade de Maputo e foi diagnosticado publicamente no dia 22 de Março, também não teve a integridade de esclarecer aos jornalistas sobre várias questões poucos claras em torno da sua saúde e da sua esposa.
O facto é que embora Eneas Comiche tenha declarado que só soube que estava infectado pelo novo coronavírus no dia 26 de Março a sua esposa declarou no dia 24 de Março, ao canal privado de televisão STV: “Ouvi uma notícia no vosso Telejornal em que fala numa mulher infectada, sei que sou eu, moçambicana, tenho 77 anos de idade, e o meu nome é Lúcia Maria de Almeida Monteiro Comiche”.
Imediatamente após a declaração desta segunda-feira (20) o @Verdade questionou formalmente e por escrito ao presidente do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo como explica a posição pública da sua esposa antes da data que alega ter recebido o primeiro resultado positivo. Até ao fecho desta edição Eneas Comiche não se dignou a explicar.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
Nenhum comentário:
Postar um comentário