Catedral de Colônia, gravura de Karl Georg Hasenpflug (séc. XIX). Museu da cidade de Colônia. |
- Plinio Corrêa de Oliveira
Sempre que vejo a fachada da Catedral de Colônia, percebo no mais fundo de minha alma o encontro de duas impressões aparentemente contraditórias. De um lado, é uma realidade tão bela que, se eu não a conhecesse, não seria capaz de sonhá-la. Mas, de outro lado, algo diz em meu interior: essa catedral deveria mesmo existir! E essa fachada inimaginável é para mim, ao mesmo tempo, paradoxalmente, uma velha conhecida… É como se eu toda a vida tivesse sonhado com ela.
O inimaginável e o sonhado se encontram nessa contradição. Contradição aparente, pois algo no mais profundo de nós mesmos deseja coisas que não somos capazes de imaginar; algo delineia, sem o percebermos, uma figura de maravilhas. E quando encontramos a maravilha anelada e esboçada, nascida das apetências de nossa alma, esse algo parece nos dizer: Ah! Aqui está a catedral esperada! Eu não poderia morrer sem ter visto essa fachada! A minha vida mão seria completa, e eu não seria inteiramente eu mesmo, se eu não a tivesse visto! Ó catedral bendita! Ó estilo bendito!
Ela faz com que eu venha à tona de mim mesmo, e, por assim dizer, me conheça a mim mesmo. E conheça algo para o qual fui feito, algo que se exprime nesse monumento gótico. Algo de misterioso, que pede toda a minha dedicação, pede todo o meu entusiasmo, pede à minha alma que ela seja inteiramente conforme às maravilhas da Igreja católica!
É uma escola de pensamento, de vontade e de sensibilidade. É um modo de ser que dali se evola, e para o qual eu sinto que nasci. É algo muito maior do que eu, muito anterior a mim. Algo que vem de séculos nos quais eu era nada. Vem da mentalidade católica de homens que me antecederam e que também tinham, no fundo da alma, esse mesmo desejo do inimaginável. E eles até conceberam o que eu não concebi e fizeram o que eu não fiz. Mas é um desejo tão alto, tão universal, tão correspondente aos anelos profundos de tantos e tantos homens, que o monumento ficou para todo o sempre: a Catedral de Colônia!
ABIM
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicados na revista Catolicismo, Nº 543, Março/1996. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.
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