Em homenagem à Santíssima Virgem, neste dia 31 de maio em que se comemora a festividade de Nossa Senhora Rainha, segue uma bela poesia de um frade e poeta português do século XVI.
DEUS PARA NÓS TE FEZ MÃE SUA
Frei Agostinho da Cruz
Virgem benigna, sábia, gloriosa,
Por quem o mundo ingrato é sustentado,
Por quem livre se viu do reino escuro,
Depois de tanto tempo mal gastado,
Em vida tão incerta e perigosa,
Em Ti só me confio e asseguro;
Tu és porto seguro,
De casos de fortuna;
Tu és firme coluna
De nossas esperanças, Virgem pia,
Tu és raio do Sol do eterno dia,
Que as trevas rompe e os montes nos descobre,
Que o Rei Profeta via,
Donde ao cego vem a luz, socorro ao pobre!
Virgem, do eterno Rei santa cidade,
Rica, nobre, formosa, e triunfante,
Fim de toda a celeste arquitetura;
Teu muro é de fortíssimo diamante,
Espelho da católica verdade,
Por quem luz do Criador teve a criatura.
As torres, cuja altura
Só medem mãos divinas,
São d’esmeraldas finas,
Donde tua esperança a Deus namora;
Teus paços de rubis, em que Ele mora,
A tua caridade mostram nele,
Por quem o Céu Te adora,
E a Terra veio a ser mais alta que ele.
Virgem, guarda fiel do mor tesouro,
Nova revelação do Espírito Santo,
Em quem, de quem, por quem, Deus nos foi dado,
O Rei que a Ti desceu Te subiu tanto,
Que à mão direita, em pé, vestida de ouro,
Te pôs, da qual David tinha cantado.
Já tens a honra alcançado,
Por Ti profetizada,
Que bem-aventurada
Todas as gerações Te chamariam,
Ca de servir-Te os homens se gloriam,
E os Santos, que nos Céus com brancas vestes
O Cordeiro seguiam,
Te cantam, sem cessar, hinos celestes.
Virgem de glória, e honra coroada,
Novo Sol dos celestes horizontes,
A quem os Serafins servem de estrado
Nas cinco perenais divinas fontes,
Abertas na tua alma transformada,
Em teu Filho e Senhor crucificada;
Estava represado
O mar de teus prazeres,
Em que de seus poderes
Soltou a presa a eterna omnipotência,
Porque houvesse nos prêmios respondência
Das bem-aventuranças que louvou,
Com tão alta eloquência,
A mulher que o Evangelho celebrou.
Virgem, por quem há tanto que porfia,
Teu Filho com esta alma ingrata e morta,
Que no Céu, bata, o busque, o peça, o queira,
Se Ele me houver de abrir, Tu és a porta;
Se quer que O possa achar, Tu és a guia;
Se dar-me bens, Tu és a despenseira;
Tu foste medianeira
Do despacho formoso
Do ladrão venturoso.
Madalena, por Ti, a graça achou,
Paulo se converteu, Pedro chorou.
Enfim, Deus para nós Te fez Mãe sua!
Confiado, a Ti vou,
Pois o que é meu remédio é gloria tua.
ABIM
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