Marcos da Val, senador brasileiro, comunicou que vai renunciar ao cargo. Além disso, revelou que o ex-Presidente brasileiro o pressionou para que participasse num golpe, de forma a continuar no poder.
O senador brasileiro Marcos do Val anunciou esta quinta-feira a sua renúncia ao mandato parlamentar na câmara alta do Congresso brasileiro e disse que o ex-Presidente Jair Bolsonaro tentou coagi-lo a participar num golpe para permanecer no poder.
Eu ficava puto [irritado] quando me chamavam de 'bolsonarista'. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei", disse o senador numa transmissão ao vivo em que discutia com membros do Movimento Brasil Livre (MBL).
O MBL é um grupo que defende temas da extrema-direita e que atuou fortemente da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff. O grupo é composto por parlamentares e influenciadores que tentam posicionar-se como expoentes da direita contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Marcos do Val, eleito em 2018 com 863 mil votos para um mandato de oito anos até 2027, disse que irá renunciar ao seu mandato de senador numa publicação no Instagram e não deu mais detalhes nas redes sociais sobre o que teria sido essa pressão do ex-presidente para dar um golpe, mas a revista Veja adiantou a publicação das informações que sairiam na sexta-feira.
Segundo a revista brasileira, um conjunto de mensagens a que teve acesso mostrou que 21 dias antes de terminar o seu Governo o ex-presidente Jair Bolsonaro terá elaborado um plano com o apoio de um grupo restrito de aliados para tentar reverter a sua derrota eleitoral.
A revista informou que o plano se baseava no aliciamento de alguém de confiança para se aproximar do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes e gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que pudesse ser usado como argumento para prendê-lo e invalidar a eleição.
A publicação acrescentou que a gravação, caso fosse obtida, seria usada para desencadear uma série de medidas que atirariam o país numa confusão institucional sem precedentes e possibilitaria uma intervenção de Bolsonaro para se manter no poder.
Além do senador Marcos do Val, o ex-deputado 'bolsonarista' Daniel Silveira, preso na manhã de hoje por desobedecer a ordens judiciais, também terá tido conhecimento do plano.
A revista informou que Silveira foi quem procurou o senador e lhe contou o plano para tentar anular as eleições e também marcou um encontro secreto dos dois com Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
Segundo a reportagem, Marcos do Val quis saber como o plano seria colocado em prática e Bolsonaro ter-lhe-ia dito que já tinha acertado com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão responsável pela segurança do Presidente, que daria o suporte técnico à operação de gravação fornecendo os equipamentos de espionagem necessários.
O senador foi escolhido porque era forte aliado de Bolsonaro e conhecia o juiz do STF há mais de uma década, mas afirmou que se assustou com o plano e contou tudo o que lhe fora proposto a Moraes depois do alegado encontro com Bolsonaro.
Segundo informações dos 'media' locais, a Polícia Federal deverá intimar o senador Marcos do Val na condição de testemunha a depor na investigação aberta para apurar os ataques ocorridos após a segunda volta das eleições presidenciais, que culminaram nas invasões e vandalismo provocados por milhares de 'bolsonaristas' nos edifícios dos três poderes em 08 de janeiro, em Brasília, a capital do país.
SIC Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário