Mais de setenta pessoas assistiram à sessão das Tardes Comunitárias sob o tema António Fragoso – Música, Literatura, Pintura que se realizou, ontem, dia 8 de fevereiro, no auditório da Biblioteca Municipal de Cantanhede.
Na mesa de honra esteve Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara Municipal, que se fez acompanhar por Eduardo Fragoso, sobrinho do músico e presidente da Associação António Fragoso e António Canteiro, autor do livro “Nocturno”, romance que tem como protagonista o músico António de Lima Fragoso e que venceu o Prémio Ferreira de Castro de Ficção Narrativa, em 2020, numa sessão que contou ainda com a presença de Dina Lopes, autora da pintura utilizada na capa da obra.
Na ocasião, Pedro Cardoso, responsável pelo pelouro da Cultura da autarquia cantanhedense salientou “a excelência do painel de oradores, com natural destaque para Eduardo Fragoso, pelo excelente trabalho que tem vindo a realizar na divulgação cultural das obras de seu tio, um mestre da música, um génio que partiu muito cedo”, aproveitando para realçar, também, “a forma tão elevada como os distintos artistas António Canteiro, enquanto escritor, e Dina Lopes, artista plástica, contribuíram para dignificar António Fragoso”, felicitando-os “pela qualidade dos trabalhos preconizados no livro “Nocturno”, através da literatura e da pintura ”.
O autarca congratulou-se, ainda, “por este género de inicativas permitir dar a conhecer a obra do genial pianista e compositor, António Fragoso, um dos mais prodigiosos músicos da sua geração, precocemente desaparecido aos 21 anos”, concluiu.
Ao longo da sessão os oradores prestaram testemunhos a partir da figura de António Fragoso (1897-1918) e do seu envolvimento com o artista e sua obra musical. Eduardo Fragoso, presidente da Associação António Fragoso (AFF), que referiu “projetos da Associação, e designadamente, os objetivos que estiveram na base da sua criação, em 2009”. A criação desta instituição de divulgação cultural “foi a forma que encontrei para deixar a totalidade do seu legado, devidamente estudado, revisto, publicado e gravado, permitindo, que a sua memória e a sua obra perdurem no tempo e constituam um valioso testemunho para as gerações vindouras”.
O escritor António Canteiro, pseudónimo de João Carlos Costa da Cruz, natural de S. Caetano, Cantanhede, autor de 11 obras publicadas, muitas delas premiadas com galardões literários, deu a conhecer aos participantes aspetos relacionados com a construção do romance “Nocturno”, Prémio Ferreira de Castro de Ficção Narrativa. A obra, cujo contexto retrata a região da Gândara, no tempo da gripe pneumónica, descreve de forma simultaneamente biográfica e ficcionada, a vida do jovem pianista e compositor, António Fragoso, que, também ele sucumbiria à epidemia.
A sessão ficou ainda enriquecida pelo testemunho emotivo da pintora Dina Lopes, autora da pintura da capa de “Nocturno”, obra que esteve em exposição durante a sessão, aproveitando para partilhar alguns pormenores curiosos e intimistas que acompanharam o processo criativo do seu trabalho na pintura do retrato de Fragoso. A artista plástica, natural de Anadia, é licenciada em Pintura na ARCA – Escola Universitária das Artes de Coimbra. Com um sólido percurso profissional com exposições, coletivas e individuais, realizadas em Portugal e no estrangeiro, Dina Lopes desenvolveu uma técnica de pintura muito própria, recorrendo à sobreposição de imagens e transparências, permite que o espetador amplie a sua perspetiva visual e viaje no Tempo e no Espaço.
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